segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

e a gente chegou ao final do ano...





Não é que a gente chegou ao final do ano?!?!
Parece incrível!
Um ano bem complicado.
Engraçado, no final de 2006, 2007,2008 a gente se sentiu assim também!
Será que todos os anos tem sido mesmo complicados ou nós é que estamos exaustos nessa época?
Se pensarmos bem não poderia haver um divisor tão específico, no caso uma data no calendário, que mudasse, como passe de mágica, todo um desenrolar de fatos nem sempre positivos e felizes. Muita ingenuidade nossa colocar tanta expectativa numa mera sequência de datas.
Mas, estranho, mesmo tendo essa percepção eu caio nessa conversa.

Num primeiro momento aquela coisa horrivel de " fazer balanço": o que fiz, o que não fiz, o que não deveria ter feito e vice-versa, o que perdi, ganhei, quem saiu de minha vida, quem entrou...ufa!
Depois vem a parte dois que é, para mim, a mais dolorosa: as saudades de minha mãe que viveu seus últimos dias de vida entre o Natal e o começo do Ano Novo, o cansaço de produzir festas, jantares, decoração, presentes, quando o coração parece tão distante disso tudo...um verdadeiro mar de lágrimas...
E aí o terceiro movimento: criar mais e mais esperanças, sonhos, novos projetos, listas de intenções de todos os tipos, desde parar de fumar até fazer a tão planejada viagem ao exterior....haja folego para tanto!

O que sei é que, afinal, estamos em dezembro de um ano bastante movimentado: vendi minha casa, moro numa outra depois de uma mudança de fazer inveja aos hebreus em fuga do Egito, reencontrei amigos, deixei de ver outros tantos, ganhei uma outra neta, redescobri sentimentos que supunha perdidos, perdi alguns, ok faz parte, enfim sobrevivi! Melhor, vivi, bons momentos de um verão inesquecível em Juquehy, ri muito, fizemos festas, choramos as pitangas uns com os outros, escrevi, não tanto quanto queria e até voltei a costurar!

Acho que por conta disso é que gosto tanto da canção do Roberto. Suas palavras me soam muito familiares:

Em paz com a vida
E o que ela me traz
Na fé que me faz
Otimista demais
Se chorei ou se sorri
O importante
É que emoções eu vivi...
( Emoções- Roberto/Erasmo)

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Twitterway

Lula em seu momento Hamlet (ser ou não ser) no affair Battisti: no caso, "despacho ou seguro" o homem por aqui?

Battisti em seu momento " The Clash": "Should I stay or should I go"...

Tarso Genro em seu momento " meu passado me condena" justificando a permanência de Battisti: "fundado temor de perseguição política", uau!

Ministros do STF ( Grau, Carmen, Ayres Brito, Barbosa, Mello) em seu momento " Mutley", lembram dele? O cão do Dick Vigarista?: "Lula, como chefe de estado teria o direito de escolher se envia ou não Battisti para a Itália". Fofos demais!!!

Palmeiras em seu momento "ditados populares": em casa que falta pão, todo mundo briga e ninguém tem razão...No caso falta time.

São Paulo FC, para conseguir o título do Brasileirão tem que, horror dos horrores, torcer para a vitória do Corinthians sobre o Flamengo. Todo sãopaulino estranhamente virou " simpatizante". Esses amores de ocasião são a cara da turma do Morumbi.

Os dois jogadores do Palmeiras expulsos ontem durante o jogo, Maurício e Obina, em seu momento Moe e Larry, os melhores dos 3 Patetas!


Momento de imaginação: FHC lança o filme " FHC, o Príncipe dos Sociólogos, filho da Sorbonne", ainda na presidência ( claro que com parte de verbas oficiais). Dá para imaginar a reação da turma?


Momento bacaninha: na exibição do longa " Lula, filho do Brasil", na abertura do festival de cinema de Brasilia, um profissional traduzia para 110 convidados surdo-mudos os diálogos do filme. Barreto, o diretor da película, reclamou da luz necessária para que o tradutor fosse visto.

Dilma Roussef, a delicada e sempre bem penteada pré-candidata à presidência, já ganhou novo apelido: " A Mãe do Apagão".

Momento da madrugada: perdi o sono, entrei no Youtube e encontrei um video incrivel: Burt Bacharach e Jamie Cullum cantando Make Easy on Yourself. Imperdível.

Momento de comemorar: Andréa, amiga querida, 40 anos é muuuuiittoooo bom!Felicidade tem sua cara!

beijos

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Luz e escuridão ( para Luiza)





Recebi de Luiza, minha filha, um texto maravilhoso do não menos maravilhoso Jabor, sobre o "Apagão"...( quem quiser ler me avise que mando por e-mail).
Mas quero falar aqui prá Luiza que, com sua sensibilidade e delicadeza, compartilhou comigo as palavras de um mestre.


Apagão, Lu, não é só o da luz, da energia, das turbinas de Itaipú ou de linhas de transmissão vencidas pelos ventos...É também o fim da luz de pessoas, de sentimentos, de promessas e sonhos..e p´ra esses, filha, não tem engenheiros nem outros técnicos que dêem jeito.
Para o primeiro, acendemos nossas velas, até as perfumadas que guardo aqui nas gavetas das comodas que eram de sua iluminada avó e conseguimos, mesmo sem TV, Internet, música ou microondas, criar um clima interessante, diferente, quase cálido..Sentamos todos num mesmo comodo para não desperdiçar nossas "luzinhas" e ficamos no papo, sobre um tudo, desde falta que a luz nos faz até assuntos que, numa claridade maior, passariam sem que notássemos...Para o segundo tipo, fica a decepção, a sensação aterradora da escuridão de alma, de treva mesmo, a dor do engano de quem supunhámos melhor, ou pelo menos mais parecido com a gente, com as coisas nossas do coração e afeto...
Descobrimos, nesses últimos dias, as duas formas de "apagão" e em ambas descobrimos a beleza e importância da luz.
Luz concreta e metafórica, luz que alumia o escuro da noite, dos caminhos, que traz calor, vida e energia, e luz que aquece a alma, que enfeita a vida do espírito, que cria sonhos e projetos, que nos torna, a partir dela, filhos do Altíssimo.
Somos seres de luz, feito de e para a luz. Nem todos. Há os que se desviam da essência, que tentam novos caminhos feitos de atalhos e rotas oblíquas, que fogem da grandiosidade de seus destinos. Optam pela escuridão, talvez mantendo equilíbrio que sempre sustenta o universo.
Tivemos um semana de " apagões". Não há de ser nada. Com isso descobrimos ou reafirmamos, mais uma vez, quem somos. Iluminados, vivos, inteiros, capazes de muitas coisas além de nós mesmos. Não nos atrai a tristeza nem a escuridão. Só luz. Muita. Sempre. Sem fim.

beijo

Mãe

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

saudades





Sinto falta de minha mãe...
Nas flores que arrumo num vaso, no café fresco e perfumado do final do dia, no Chanel n.5 que coloco, na tulipa de cervejinha gelada, nos livros e filmes do Cult...
Já escrevi inúmeras vezes que a marca dela em minha vida é tão grande que nunca sei o que é meu e o que veio dela.
Aprendi a amar a literatura,o cinema e a música com ela.
Nesses dias de grande inquietação com um dos meus filhos que paga pela inexperiência de ser pai pela primeira vez, sinto muita falta dos seus conselhos.
Minha mãe sempre acreditou no instinto, na independência, no direito de cada um cometer seus próprios erros e nunca, que me lembre, interferiu nas burradas e acertos que andei cometendo pela vida.
Tive, eu mesma, um espírito independente, aí que digo vir a minha dúvida, não sei de isso vem de mim mesma ou do modo como ela me formou e orientou.
O fato é que sinto a falta dela e fico imaginando, com os dados da memória, o que ela faria se estivesse aqui ou em meu lugar. Estaria 24hs por dia disponível, ajudando nas decisões, colocando sua opinião ou mantendo uma certa distância, dando ao neto a oportunidade de crescer, de fazer suas escolhas, mesmo com dor e angústia?
Muitas e muitas vezes vi minha mãe ser acusada de omissão e egoísmo, mas de verdade não era nada disso. Sei que havia um enorme sacrifício dela em se manter assim, em permitir que eu, tão avoada e cheia de ilusões, entrasse em caminhos dolorosos e pouco felizes...Em seu olhar leonino, cheio de força e severidade, estava a certeza de que eu não estava certa, mas havia com a mesma força a certeza de que ela estaria ali, no retorno da maré...E quantos retornos aconteceram...
Uma descoberta, não existem somente pais de primeira viagem, mas avós de primeira viagem. Com Sofia fui pouco exigida, era o básico, o normal de uma criança saudável e harmoniosa. Com Laura a coisa mudou.Ela tem algumas dificuldades que, acredito, sejam bobas, corriqueiras nos manuais de pediatria, mas vem junto um pai, meu filho, agoniado, em pânico, sem paz e serenidade para lidar com a situação.
Confesso, estou meio sem saber como agir.
Páro, respiro, busco o silêncio e a concentração atrás de respostas. Nessa hora sinto falta de minha mãe. Sua fé, suas certezas, seu amor pela vida independente, seu respeito a si mesma.
Compartilho, como homenagem, um video de uma canção que aprendi a amar com Nildona.

http://www.youtube.com/watch?v=h649I7ETaHI

terça-feira, 10 de novembro de 2009

calar ou falar? eis a questão...





Sempre fico na dúvida sobre o que falar e o que calar. Tem o " quando" também, pois em certas horas o mais bobo dos comentários pode ter a repercussão de uma bomba de Napalm..
Mas estou sempre em dúvida. Até que ponto o silêncio não vai soar como omissão, ou o que falo, como intromissão.
Durante muito tempo me orgulhei de " falar na bucha", nunca me omitir, dar sempre uma opinião quando pedida, hoje tenho muito receio. Já percebi que posso soar meio cruel, como assinalou outro dia minha amiga Nancy. Sei não, mas que esse negócio é complicado, isso é.
A droga é que sempre que " engulo", me finjo de morta ou faço " cara de paisagem", pinta uma dor de estomago fininha, que torce as minhas entranhas e me faz suar frio. É aí que entendo perfeitamente a expressão " engolir sapos"!!! E como é ruim!
Tenho procurado me manter calada, mais ouvindo que falando. Acontece que tem hora que isso é quase como tortura insuportável e acabo tomando colheres e colheres de Mylanta.
Não sei qual o "timing" perfeito, juro que tento, mas nem sempre com muito sucesso.
O interessante é que aqueles que comigo convivem estranham quando permaneço calada, quando fujo de conversas ou perguntas mais afiadas e me perguntam se " estou deprimida ou com algum problema", vai entender...
Em 2007 ganhei de minha filha, como presente de Dia das Mães, ingresso para o show " CÊ" de Caetano Veloso, meu ídolo e paixão eterna. Lá pelas tantas Caetano interrompeu o show e depois de se dirigir à platéia paulista com palavras de carinho e elogios, acabou confessando que sempre está metido em alguma polêmica, justamente por dar sua opinião sobre o que lhe perguntavam e nem sempre ser essa a opinião da maioria. Ou seja, ele pagava muito caro pelo que chamou de " mania de opinar" sobre tudo. Não sou, nem de longe, brilhante como Caetano, mas garanto que devo sofrer da mesma doença!
Agora mesmo, com tantas coisas novas acontecendo, principalmente Laura, minha segunda neta que anda dando baile nos pais de primeira viagem, me pego com coceira na língua e sem querer acabo opinando em assuntos que não me dizem respeito.
O povo estressa, meu filho fica malcriado, agressivo, minha nora me olha meio de lado e eu...eu? tenho certeza de que falei demais!
Estou me propondo uma tarefa, mais exercício, tentar, a qualquer custo não entrar em bola dividida, em adotar uma postura zen em relação a tudo e todos, me manter serena e sutilmente distante e tratar de " fermer la bouche". Por vias das dúvidas renovei meu estoque de Mylanta plus, líquido e comprimidos e de muito sal de fruta para dar garantia!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Crime e Castigo



Não são fáceis as relações humanas.
Tudo bem que envolvem identidades diferentes, formação, pensamento, filosofias, traumas, expectativas, tudo bastante personalizado e único.
Fazer, em bom português, "um link" disso tudo é meio trabalho de Penélope, meio coisa sem fim.
Tem também uma questão anterior a essa de tentar se comunicar e estabelecer laços com pessoas: o que realmente quero? quem sou? quais seriam os meus métodos, meios, medos, sonhos e necessidades? Algumas vezes não tenho resposta alguma a essas perguntas...
Não sei o está acontecendo, talvez os anos vividos estejam consolidando alguns traços do que sou ou penso ser e sinto, inúmeras vezes, quase como se falasse idioma desconhecido.
O tempo agora está me parecendo ser o de priorizar necessidades outras que não as minhas. As dores do instante de cada um, seus experimentos no terreno afetivo-emocional, a urgência em expressar cada novidade, cada sensação, cada desafio acabam atropelando tudo o mais que está em volta, coisas e pessoas. Eu, inclusive.
Daí vem antigo conflito, "e eu? como é que fico?"
Minha história de vida, dores, cansaço, limitações físicas, sim caros leitores, tenho algumas e são bastante dolorosas, meu tempo, tudo passa a não ter qualidade ou importância, como se apenas o outro ou outros estivessem devidamente credenciados a exercerem suas vidas e escolhas. Eu não. Sou apenas acessório, ferramenta, meio, ponte. No instante em que, crime, ouso me posicionar,incrível não? eu ter uma opinião, uma urgência, uma vontade, surgem as acusações, as cobranças, até mesmo um absurdo questionamento do que andei fazendo com a minha vida, como se, castigo, agora fosse eu, por conta do como vivi nesses 54 anos, obrigada a ser ou fazer o que de mim esperam!
Ok,já sei, já entendi, anos na terapia com o querido Dr. Alberto " junguiano" Silva, me fizeram enxergar que limites quem pode e deve dar sou eu. Estou começando a fazer isso, mas asseguro, não é nada fácil, cansa, desgasta, entedia e pior, cria um distanciamento horrível de pessoas a quem sempre tive enorme amor e carinho.
Não são fáceis as relações humanas e mesmo sabendo disso, fico meio "passada", perplexa, com cara de paisagem.
Atravesso esse momento como alguém que está cruzando enorme deserto. De idéias, de valores, de entendimentos, feito de silêncios e inquietação.
Se passei a vida toda me perguntando " quem sou", agora pergunto " quem é o outro"...

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Assunto é que não falta!

Assunto é que não falta, faltou mesmo foi tempo para sentar aqui e escrevinhar!
Alguns desses, entretanto, careciam de um blog só para eles, mas vou tentar organizar.

1- Laura, minha neta. Uma coisa fofa e opiniática, tem refluxo, tadinha. Como disse o Ruy sobre seu também recém nascido neto Miguel, essa é uma doença da moda!
Pois é, vendo a correria e o piti dos pais e médicos da Laura fico meio passada, acho que meus filhos devem ter tido isso quando bebês, só que eu não sabia, não se sabia ou não se levava isso muito a sério. O que não foi de todo mal, todos sobreviveram e eu me acostumei aos jatos de leite nos cabelos..rs. Tem certas horas que uma certa ignorância é bem positiva! Não estressei, não deixei de dormir, não se usou medicamentos nos meus bebês e a vida seguiu...

2-Paella e caipirinha- Sábado último tive a " penosa" obrigação de comer uma "Paella marinera" preparada pelo Alberto Palou, amigo querido, marido da Teddy Chu, catalão de origem, mestre na arte de fazer esse prato. Foi chato, gente, ainda mais acompanhada com a também de mestre, caipirinha, feita pelo Novaes, outro amigo, professor de geografia que foi aluno na USP do meu não menos querido Tio Dirceu Lino de Mattos! Dia de sol, paella borbulhante, caipirinha gelada, música de qualidade, companhias idem, nada, portanto, a reclamar!

3- A moça da minissaia- O que é isso, gente? Como podem alunos de uma dita universidade terem uma reação de fazer inveja à Inquisição, ao Tribunal do Santo Ofício???
Isso me lembrou duas historinhas, com h mesmo, dos tempos passados.
Numa, éramos adolescentes, década de 70, Médici e seus asseclas soltos desmandando no país. Essa gente arrumou uma prática simpaticíssima: os milicos cercavam os meninos de longos cabelos e roupas coloridas, hippies e rockeiros, tipos dos mais ameaçadores à então ordem do país(!) e ali mesmo, nas ruas, metiam as tesouras, assassinando as lindas cabeleiras, aos gritos e violência...
Noutra, mesma década, meu primo Fernando Bonnanno fez uma viagem aos Estados Unidos, alugou um carro e saiu "on the road"...Ao tentar entrar no estado do Texas foi barrado graças aos seus lindos e longos cabelos loiros! Resultado, ou cortava ou não entrava...
Corta a cena, quase quarenta anos depois a moça entra na universidade, de saia curta ( que voltou à moda) e quase um conflito se estabelece...Xingamentos, tentativas de agressão, intimidação e ódio, irracional, inexplicável, ainda mais num ambiente que se supõe diferenciado culturalmente. Uma tristeza. Fico pensando, que mecanismos são esses que não só não suportam coisas diferentes como buscam a destruição deles...
Nós que vivemos tantos momentos de falta de liberdade, em todos os níveis, certamente não podemos entender isso.
Roupas, cabelos, acessórios, maquilagens são expressões de cada indivíduo, gostemos ou não, concordemos ou não, de bom gosto ou não. Temos, ou melhor tem, esses ditos universitários, que se preocupar mais com a qualidade do conhecimento que recebem, com a postura e atitudes diante da vida, com os projetos que sonham para o país nas profissões que escolheram. De resto é inquisição, nazismo, truculência, arbitrariedade, preconceito. Aí eu pergunto: que tipo de profissional sairá de um bando desses? Nem quero pensar!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Pesquisas e mais pesquisas





Comecei, pela enésima vez, a dar forma a um livro.
Por favor, sem aquele sorriso irônico (ok, eu mereço, pela enormidade de vezes que "começo um livro")
Esse tem sabor especial, pois estou deixando um pouco de lado das fantasias freudianas( risos) da infância, deixando os Mattos em paz(risos).
Acontece que, como sempre, a coisa toda é gigantesca, não sei bem porquê todos os meus projetos são meio mirabolantes e envolvem textos, ilustrações, cronicas, cartas, fotos e...e....pesquisas!
Estou nadando num mar de outros textos, usando o nosso Oráculo, nossa Pitia moderna: o Dr. Google!Que coisa impressionante! É dar a palavra ou tema, pronto! links e mais links surgem, tarefa sem fim ler tudo!
Nos últimos dias, por conta de uma semi contusão no joelho que me deixou de fora de alguns clássicos importantes, tenho tido tempo de buscar as informações sobre os 200 temas que quero colocar no livro...Tá bom, aqui vai um certo exagero, mas que o projeto é abrangente, isso é...
Sei que estou me tornando especialista em romãs, maçãs, celtas, druidismo, massa folhadas, Tudors, lendas indígenas das Américas! Uma coisa!
E agora, em meio a isso, toca a juntar as coisas da minha cabeça, escrever, sob o filtro de tantas e interessantes informações.
Gente, lindo isso, a possibilidade de tamanho conhecimento a um simples toque no teclado!
Não se informa quem não quer, posso garantir isso!
O livro? Bom, vai indo, para cada 50 páginas que leio, escrevo uns 3 parágrafos, não é fantástico??!
Sei que, como boa virginiana, me encantam as pesquisas e esse mágico encontro com o conhecimento do homem.
Dia desses, não sei bem quando, coloco aqui que o tal livro ficou pronto e assim, quem sabe, ele também entra nos " links" do nosso Oráculo favorito: o Dr. Google!

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Caixa de surpresas ( e de bombons!)




A vida é uma caixa de surpresas. Tipo da frase feita, clichê dos mais clichês. Até técnico de futebol gosta de usar.
A personagem vivida por Sally Field, como mãe do Forrest Gump no filme do mesmo nome, dizia que a vida é uma caixa de chocolates, de bombons, ninguém nunca sabe o que vai encontrar.É uma tremenda verdade.
Tenho tido, nos últimos dias, a oportunidade de "provar" alguns desses bombons e confesso, ainda me surpreendo.
Encontrei alguns bem deliciosos, doces, encantadores, com sabor inesquecível e outros, argh! nem tanto.
Encontros com pessoas queridas que não via fazia tempo, reencontros com quem supunha longe e perdido mas que segue vivo e ligado em meu coração, canções que me enviaram pelo e-mail trazendo de volta um passado lindo e cheio de alegria, conversas e confidências encantadoras, coisas que passaram despercebidas para a maioria, mas que tiveram o dom de me fazer muito feliz...Esses foram doces chocolates, desses que derretem na boca e ao sumir deixam um traço de doçura e calor...Nossa! acho que comeria caixas e caixas deles!
Mas encontrei também os outros bombons, os amargos, os difíceis de engolir. A indiferença, o egoísmo, o descaso com as minhas poucas necessidades, a sensação de ter meu afeto medido pela minha utilidade, ou seja, se estou disponível e sirvo, ok, caso contrário, nada feito. Esses chocolates são feitos de longos silêncios, de olhares incriminadores, de cobranças injustas, do que chamo de " pequenos assassinatos" cometidos com a indelicadeza e rancor de quem não conhece o outro nem se esforça para tal.
O que me surpreende, deixando a coisa toda com mais jeito de " caixa de surpresas", foi que tantos os bons chocolates, quanto os ruins, vieram de lados que, sinceramente, não esperava! Resumindo, vieram de lugares trocados!
Penso sempre que viver é antes de tudo, me perdoem os inteligentes filósofos, se surpreender. E para mim, cada dia mais sinto que assim é.
Vou então desse jeito, olhando a caixa de chocolates que me tocou nessa vida e, com cuidado, observando bastante as delicadas embalagens de cada um, na tentativa de encontrar somente os gostosos, os bons de comer, os que me adoçam a vida. Nem sempre dá certo!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Quero ser feliz ou ter razão?




Quantas e quantas vezes andei fazendo escolhas sabendo exatamente que não eram as melhores e que iria, questão de tempo, dar com os " burros n´água"?
Esteve ali, todo o tempo, a razão, o correto, o esperado, mas mesmo assim insisti e busquei o lado contrário, me atirando sem medo e até mesmo sem pudor, atrás da felicidade. Ou o que achava, naquele momento, que era a tal felicidade. Sério, prefiro nem contabilizar o tanto que isso me aconteceu, sob pena de passarem a me enxergar como uma tremenda aventureira ou pirata...(risos)
Devo ser mesmo essa aventureira, sorry queridos, se isso causa algum tipo de mal estar ou decepção.
Desde que me lembro de ter alguma lembrança, soube que o que me movia ( e move) é essa constante inquietação com todas as coisas, esse inconformismo ou a não-aceitação passiva de que " nada pode mudar", de que " melhor assim, não tem riscos", ou ainda " as ilusões estão mortas, agora é o tempo da serenidade"...Não consigo, não dá.
Quero ser feliz, não abro mão disso, mesmo que por poucos segundos, por instantes intensos e que não duram, mesmo que haja um estranho despertar após isso.
Ando com a vida completamente engessada em horários, obrigações, situações que não são minhas, mas dentro, no fundo do meu coração, ainda ruge o leão que segue a espera da busca dessa meta quase louca que me propus: ser feliz!
Não, não confundam, sou só aventureira, não mau caráter. Procuro evitar ferir ou magoar esses pacientes seres que comigo convivem, não saio por aí destruindo paredes nem queimando navios, longe disso. Só busco alternativas, reinvento os dias, os fatos, me permito sentir e ser sentida, me permito sonhar e criar.
Ter razão não me interessa, só isso. A razão, para um virginiano como eu, só serve para atrapalhar, fazer com que " pense sentimentos".
É como se nós, ou alguns de nós, nascidos sob esse signo, fossemos como os andróides ou replicantes do filme Blade Runner, lembram?
O que eles mais queriam? As emoções, os sentimentos, as fraquezas humanas, mesmo tendo sido criados como máquinas quase perfeitas.
Pois é, abro as comportas e deixo vir...não entrego os pontos nem o jogo, mesmo que esteja no segundo tempo da prorrogação!
Tenho sido feliz assim, a vida, coincidência ou não, sempre me traz um desses momento, um evento, um sentimento, fugaz e intenso, que me faz, de novo, soltar as amarras e me lançar.
Existe a dor? Com certeza, mas muito menor que aquela de quem apenas suporta, apenas se acomoda, apenas vive por viver.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Pedido de desculpas

Tenho que pedir desculpas.
Aos amigos, ao amado, a todas as coisas que ando negligenciando...
Mil projetos andam parados, não é Dina e Nancy? Não paraados...mas meio devagar demais.
Os armários andam na bagunça, a conta bancária sem conferência, a despensa meio faltando tudo, os livros começados e não terminados, os textos? ah! os textos, esses andam atropelando minha cabeça, mas nada de nascer!
Confesso, não sei administrar meu tempo nesses dias de tantas mudanças e novidades.
O pior, faço tudo, mas pela metade.
Peço desculpas, queridos. Vai normalizar.
Fui pega numa transversal qualquer, sei que sai da estrada, estou no acostamento e vejo tudo passar e não posso interferir...
Os blogs, twiter, facebook e orkut, e-mails? Vamos que vamos, meio pelo meio...
Quero dizer que continuo com vocês, que os projetos continuam, tudo continua, me esperem, logo estarei de volta!
beijos

domingo, 11 de outubro de 2009

Mudando de assunto...



Mudando um pouco de assunto, fiquei pensando ontem, até perguntei para minha grande amiga, Nancy Mouth, se ela acredita em " amor para sempre"...
Existe isso? Será?
Será possível que a gente consiga amar, aquele amar mesmo, uma pessoa para sempre? Apesar de tudo, de nossas fraquezas, mágoas, desentendimentos, apesar de nós mesmos?
Mesmo separados, sem quase nenhum contato físico ou mental?
Como saber se isso, quando e se acontece, é amor mesmo ou algum tipo de distúrbio ou doença?
Nancy acredita que sim, que isso acontece, acha muito provável alguém gostar de alguém para sempre.
Não sei dizer. Já gostei muito de algumas pessoas, muito mesmo, suportando situações que, sem um amor tão grande, jamais suportaria. Mas não foi para sempre. Um dia a coisa mudava, ia sumindo, empalidecendo..e desse amor imenso restava tipo de amizade, um carinho, até uma certa nostalgia, sentimentos diferentes de amor.
Sei, sinto, entretanto, que existem pessoas muito atraentes, que tem charme e fascínio e que acabam atraindo um olhar mais demorado. Não acho que seja amor.
Pois é, fiquei pensando e ainda estou, sobre isso.
Aceito opiniões, relatos e possíveis " diagnósticos", quem souber e quiser ajudar a me esclarecer esteja à vontade, ok?
Bom domingo,

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Para a Gorda...( de Gil, meu marido)

Coloco aqui hoje, terça-feira, o relato impecável e emocionado de alguém mil vezes mais competente que eu para escrever.
Aqui vai o texto/depoimento de Gil, meu marido, aquele que escolhi e me escolheu para sermos cada dia mais o que somos...


Conheci a Gorda precocemente para alguém do meio em que eu vivia. E me apaixonei por ela tardiamente para alguém da minha geração.
Era 1972, eu um garoto de 14 anos descobrindo que lá fora tinha um mundo, tentando comer uma vizinha argentina de 16 anos, que conquista!!!! E eis que me deparo com o argentino velho, mais cioso de seus discos que da virgindade da filha (possivelmente já inexistente) e que interrompe nosso desajeitado idílio com um convite para que os ouvíssemos com ele. E, após vários e que na época me pareceram insuportáveis Gardéis (claro, eu não via a hora do velho cair fora), ele pôs na velha Grundig um disco de uma cantora da qual eu nunca havia ouvido falar, velha, gorda e cara de índia estampada na capa do LP. Desculpe, Mercedes, mas na hora, os atributos da outra argentina me atraiam mais. E desculpe outra argentina, cujo nome sequer me recordo, mas no dia seguinte eu me lembrava mais da voz da velha gorda do que de você.
Ano seguinte, e fui levado pelo meu irmão, quase pela mão como uma criança, a um show de Astor Piazzolla, na USP. E ali, em meio a seus novos amigos, universitários, mais velhos, comprometidos com o que depois vim a saber que seria a esquerda, ouvi novamente o nome da Gorda, agora com um respeito e uma deferência bem maiores que os demonstrados pelo velho argentino. Talvez o momento tenha contribuído para a importância que dei às frases berradas numa mesa de um boteco na saída da cidade universitária. Piazzolla havia sido um passaporte para um mundo que eu não sabia que existia, mas com o qual, de imediato, me identifiquei. Naquela mesa, pela primeira vez ouvi a expressão América Latina sem o tom de galhofa, talvez pela primeira vez tenha me deparado com a dimensão de viver sob uma ditadura, pela primeira vez tenha tomado contato com o que eu viria a ser. E o nome da Gorda sempre presente, um ícone que pairava sobre a conversa. Interessante que não me lembro de Piazzolla ter sido mencionado durante as horas que passamos ali. Não era necessário, ele cumprira um papel maior, a beleza de sua música fora o Virgilio e o Prometeu que me abrira as portas do inferno e da beleza chamada América Latina.
Não me lembro de ter ouvido a Gorda nos anos seguintes. A arrogância e os medos da adolescência fizeram-me citá-la várias vezes para mostrar meu diferenciamento e a não ouvi-la para preservar o ícone que começava a ganhar forma na minha personalidade imatura. Lembro sim de ter ouvido muito Piazzolla, e o disco que comprei na saída do show, com minhas parcas economias da mesada, foi responsável por inumeráveis atrasos quando eu insistia em ouvir o solo, 5 minutos de piano, da introdução de Adiós Nonino.
Voltei a ouvir a Gorda já na faculdade. Ela foi meu cartão visita para aquele novo momento. Minha matrícula se fez ao som de “Me gustán los estudiantes”, uma metáfora do que seriam aqueles anos. Anos em que ser estudante carregava consigo uma carga de combatividade, de enfrentamento, de inconformismo. E para tudo isso, a Gorda tornou-se a Voz. Um brado, uma resposta que meus parcos conhecimentos de espanhol mais sentiam do que entendiam, mas entendiam talvez mais que o entendimento pudesse oferecer.
Lembro do ano de 1979. Tínhamos a diretoria do DCE da USP e do Centro Acadêmico da FAU. Condições que julgávamos suficientes para organizar shows, para os quais contávamos com a boa vontade de nomes como Jorge Mautner, Walter Franco, e outros engajados e periféricos como nós. Até um dia em que nos julgamos maiores que éramos e ousamos trazer a Gorda. Que, apenas nossa arrogância impediu que nos surpreendêssemos, aceitou. E preparamos o show. Ou pensamos que preparávamos. Ou confiamos nas instituições da ditadura que combatíamos e não nos apercebemos que tudo o que denunciávamos, desleixo, descaso com a Educação, iria desabar sobre nós. Minutos antes do show, teatro da FAU lotado, um curto circuito põe todo o auditório às escuras. Pânico entre a platéia e desespero entre os organizadores e, em meio a isso, uma única voz mantinha a serenidade. Ainda me lembro da Gorda, falando numa voz tão baixa quanto seus imensos pulmões permitiam: “Eu vim para cantar e vou cantar, em qualquer lugar. Peçam aos meninos para sentarem lá fora, é seguro”.
Lá fora é o pátio interno à frente do teatro da faculdade de Arquitetura da USP. Seguro era um otimismo de quem havia passado por momentos infinitamente mais difíceis. O projeto do prédio, obviamente de um arquiteto, é belo e irracional, todo em rampas e planos sem grades ou defensas, o que conferia à multidão apinhada e buscando melhores ângulos de visão um risco maior que de um mero curto circuito. E os meninos eram seu público, nós, a quem ela dispensou a cortesia e o amor de cantar sem microfone ou qualquer amplificação, pois não ousávamos tentar ligar a aparelhagem após o incidente dentro do teatro.
Minutos de intenso trabalho braçal, com os encarregados da suposta e fracassada organização, carregando tablados de madeira do palco para “lá fora”, bancos, instrumentos, e uma preocupação egoísta, pouco comunista, mas de todo inevitável: assegurar que tivéssemos um lugar privilegiado para vê-la e ouvi-la. Confesso que foi uma das poucas vezes na vida em que me locupletei de algo, mas a condição de ex-organizador e agora carregador possibilitou-me sentar a menos de dois metros Dela, bunda no chão, braços doloridos, coração disparado e olhos molhados durante as duas horas de show.
Faz trinta anos. Podem fazer trezentos e serão igualmente inesquecíveis. Ditadura no Brasil, ditadura no Chile, ditadura na sua Argentina e a Voz cantando para los estudiantes um sonho que era de luta, mas também de amor, de paixão, de vida. Não sabia se tinha a menos de dois metros minha mãe, minha avó, meu ídolo ou minha deusa, sei que só a ridícula vergonha me impediu de beijar sua mão ao cumprimentá-la no palco improvisado.
A Gorda amparou meus sonhos de esquerda, mas também de vida. Vinte anos depois dessa noite, minha então namorada, hoje minha mulher, deu-me uma fita cassete (velhos tempos) com músicas que eram importantes para ela e que queria compartilhar comigo. Eram tempos de descoberta mútua, de conhecer o passado e o mundo do outro. E entre as músicas, todas maravilhosas, havia uma que ainda me transporta àquele momento. Era a Gorda cantando Te recuerdo Amanda, de Victor Jara. Uma música de amor, talvez um amor que só a esquerda tenha sido capaz de produzir e cantar. Mas de amor. Naquele momento tive a certeza que teríamos que ficar juntos, como estamos até hoje e pretendo que para sempre. Pois, depois de mais de meio século de vida compreendi o pouco que retive de minha trajetória. Entre esse pouco está que não tenho amigos ladrões, traficantes, corruptos. E jamais estaria com alguém que também não ame a Gorda.

Gil
06/09/2009

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

e a gente cresceu assim...( para Mercedes Sosa)





Não nascemos prontos, graças a Deus!
Tem a frase do Guimarães Rosa, que amo ( ele e a frase!) que resume muito bem : "O mais importante e bonito do mundo é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, mas que elas vão sempre mudando".
Muitas coisas, experiências, fatos, episódios, pessoas e envolvimentos tem o mágico poder de nos mudar. Até um livro, uma notícia, um olhar mais demorado num horizonte de mar, tudo isso altera, mesmo que sutilmente, o que somos, ou éramos até aquele momento..
Gerações são moldadas por artistas, pensadores, textos, filosofias, regimes políticos e canções...muitas canções...
Minha geração, alvo de tantos estudos e pesquisas teve seus ídolos, seus mitos e somos hoje, com nossos 50 prá frente, o resultado dessa riqueza de momento onde se debatiam as opções e liberdades individuais, os equívocos daqueles que nos antecederam, o mundo que tínhamos herdado.
Esse mundo era meio cinza, meio frio, nosso continente, a pobre América do Sul, sofria sob os embrutecidos regimes militares que tanto mal causaram e que, certamente, colhemos até hoje alguns de seus nefastos frutos...
E tínhamos nossos artistas, músicos que, ao lado do borbulhante e irreverente rock and roll ( com Beatles, Stones, Hendrix, etc.), cantavam nossos medos, sonhos e paixão pela liberdade, pela democracia. São inúmeros esses músicos, mas uma em particular, Mercedes Sosa, me emociona e adoro.
Mercedes Sosa, que morreu anteontem aos 74 anos, foi a nossa voz, o som oprimido no peito e coração, aquela que, com sua voz cheia de força e beleza, tratava dos " campesinos", dos " estudiantes", dos desgarrados, dos perseguidos, nos versos de Violeta Parra, Ariel Ramirez, Victor Jara, Pablo Milanés, de Atahualpa Yupanqui!
E a gente cresceu assim, tendo como trilha sonora tantas canções inesquecíveis na voz dessa mestiça tucumana..Nos tornamos mais contestadores, mais idealistas, mais sonhadores de um mundo de igualdade e justiça.
Mercedes é parte de minha vida...Minha filha, Luiza, sabe de cor, aprendeu bem menina, em puro espanhol argentino, todas as canções de seu disco " En Argentina".
Um dia Mercedes cantou, como ninguém, sorry fãs da Elis mas não dá, " Gracias a la vida" de Violeta Parra.
Acho que, como uma homenagem a ela, os versos podem ser alterados: Gracias a La vida que me ha dado Mercedes Sosa.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Mais uma neta!





Encostei meu rosto no vidro do berçário e a enfermeira, talvez percebendo minha cara de " pidona", trouxe o pequeno berço transparente para bem perto...
Ali, uma criatura mimosa, feita de tons rosados e de pérola, dorme sossegada...
Que coisa mais linda essa minha nova neta!
Horas antes, diante de uma outra janela de vidro vi essa criaturinha nascer, sair do corpo quente e cansado de sua corajosa e guerreira mãe, para um mundo tão estranho que a espera.
Ali, quando a vi pela primeira vez, Sofia estava em meu colo, rodeando meu pescoço com seus bracinhos, tentando arrancar meus brincos e colares. De um lado, Laura, a neta nascida, recém, chorando, respirando sozinha, criando seu mapa astrológico..Do outro Sofia, essa neta já uma menininha me enchendo de beijos e balbuciando seus sons engraçados. Eu? Coração aos pulos e completamente agradecido por ter tais jóias em minha vida...
Como é bom ser avó, gente! Um amor louco, descompensado, sem as amarras das obrigações, é como ser mãe de novo sem os encargos ou dores, só festa, só riso, só brincadeiras...
Laura, minha pequena ninfa, contraponto exato da colorida e morena Sofia, parece feita de algodão doce, tão clara, tão loira nessa família de morenos...É quase uma princesa de contos de fada...
Do vidro fiquei muito tempo vendo Laura dormir, agora seu sono de "pessoinha", serena, sem sobressaltos, sem choro.
Me perdoem todos, mas minhas netas são as meninas mais lindas do mundo e para cada uma delas sonho um sonho cheio de alegrias, esperanças, conquistas e felicidade.
Filhas dos meus meninos, dos meus filhos e noras, filhas minhas de coração, amor eterno, pactuado pela alma e pelos sentimentos.
Ah! gente, como é bom ser avó. De Sofia. E agora da suave e delicada Laura...

Com amor, da sua babona avó.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Eu sou assim....






Nunca fui exemplo nem modelo, prá ninguém. Até se pensar bem, deveria ter sido, pelo menos para os meus 3 filhos, mínimo que se espera de quem se aventura nessa empreitada de " educar" gente...Mas não fui.
Hoje estava pensando, não fui de todo má, mas um tanto confusa e meio mutante.
Algumas coisas, entretanto, não abri nem abro mão nessa vida.

Gentileza: com todo mundo,ricos, pobres, pedintes, amigos, amores, conhecidos,totais desconhecidos e até inimigos! O outro sempre tem algo importante a me dizer, me ensinar e um minuto ou olhar de atenção pode fazer toda a diferença.
Todos que nos servem são pessoas com sonhos, com medos e tem nome. Grossuras, ar de superioridade, pedantismo são insuportáveis.
Lembro de um episódio vivido por Luiza, minha filha: ela, belo dia, recebeu o convite de um rapaz, rico, quíssimo, poderoso, para jantar. O moço em questão veio pegá-la pontualmente com seu magnífico carro importado, presente do papai e levou-a ao Antiquarius, restaurante caro e culinária maravilhosa. Ao entregar o carro ao manobrista, ele, com ar de mafioso, praticamente ameaçou o pobre funcionário falando sobre os cuidados e valor do tal veiculo! Depois outra grossura com o garçon. Resultado: Luiza chegou em casa chorando pela humilhação que viu ser inflingida aos pobres funcionários e nunca mais atendeu a nenhum telefonema do dito milionário.

Tolerância- Sou meio mestra nisso. Todo mundo tem problemas, seus momentos de chatice, inconveniência, mau humor, tristeza, pileque. Eu, inclusive. Não dá para fechar questão e criar caso se alguma coisa acontece num dia ruim das pessoas. Tentar entender, perdoar e passar por cima garante a manutenção de grandes amizades e amores. Conviver com defeitos é tarefa, exige fígado, estomago, mas se a pessoa em questão vale a pena, que tal " deletar" o enguiço?


Entrega- Aos amigos, aos filhos, aos amores...Tem que ser inteiro, incondicional, de corpo, alma, mente e espírito. Vestir a camisa, torcer junto, rir e chorar e beber e comer, comemorar, enterrar os mortos, sempre junto. Acreditar, estimular, comprar os sonhos, ajudar nos projetos e catar os cacos, se for preciso. E cuidado com as críticas...


Outros: presentear sem datas, receber pessoas, improvisar comidinhas legais, comentar um bom filme ou livro com todo mundo, falar mal de políticos, planejar viagens e me presentear com pequenas bobagens...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Muito, muito pessoal, se me permitem





Hoje estou mais pessoal do que nunca..rs, se me permitem...
Quero registrar aqui, para os meus possíveis " acompanhadores" do blog, o aniversário de duas pessoas muito, muito interessantes e próximas demais do meu coração: Rafa e Daniel, meus filhos..
Nossa, meninos, vocês já tem 35 anos???!!! Que coisa! Como passa o tempo? Sei que vão rir, pois, com o espírito gozador que possuem vão me lembrar que apenas 19 anos nos separam! Certo, já não mais menina...rs.
Não mais a menina que os gerou e colocou no mundo, sem saber exatamente o que poderia significar "colocar filhos no mundo"...
Meu mundo daquele tempo tinha muita música, bandas de rock, muita vivência e muito Summerhill e suas teorias revolucionárias de como educar crianças! Tudo menos autoridade, disciplina, afinal era proibido proibir.
E vocês, já nasceram tão bons, de genes e de espírito, que não deram para bandidos, marginais ou perdidos na vida sem limites! Mérito de vocês, pois de mim mesma só veio muita brincadeira, muitas tardes no Ibira com a cachorra, muita farra e pouca, pouca estabilidade...
Sua irmã deu mais sorte, eu estava mais velha e preocupada e assim, bem ao contrário do que fiz com vocês dois, implantei o método " Colégio Vértice" de ser! Coitada.
Agora, 35 anos depois, vendo vocês como pais, Dani de Sofia e Rafa da Laura que vai nascer a qualquer momento, sei que sou feliz! Por tê-los, por tê-los tido, por me ajudarem a crescer com vocês...Ambos serão, com certeza, pais melhores que eu, como mãe, fui.
O fio condutor de tudo? O imenso, imenso amor que tenho por vocês, lindos meninos, agora homens, que me mantém e sustenta nos dias de dor e tristeza.
Com afeto, carinho e desejo de toda a felicidade do mundo,
Mãe

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Medo pela primeira vez





Em 1983, ano em me terminei meu primeiro casamento, sai do apartamento dos Jardins, seguro e enorme, para um casinha no Brooklin, Rua Guararapes, quase Berrini.
Foi um Deus nos acuda!O povo achou que eu havia enlouquecido, onde já se viu uma mulher sozinha, com dois meninos pequenos e uma cachorra numa casa, portão baixo??!!!
Foi nesse ano que finquei minhas raízes nesse bairro que amo e com duas interrupções pequenas, nos anos amargos que tive que morar em apartamentos ( e quase, aí sim, enlouqueci!, só morei em casas. Todas grandes, todas sem nenhum aparato tecnológico de segurança.
Para falar a verdade nunca tive medo, as crianças cresceram e fiquei, muitas e muitas vezes, finais de semana inteiros, sozinha, sem problemas.
Contei isso para deixar claro que nunca fui uma pessoa apavorada. Até ontem.
Tive que ir até o centro, mais precisamente em dois lugares próximos à Praça da Sé.
Quando saí do metro, ali na estação Sé, já senti a adrenalina à mil, bem na saída um grupo de sem teto, mendigos, garotos visivelmente drogados, abordavam as pessoas.
Encontrei uma PM feminina e ao pedir informação sobre a rua que precisava ir, recebi, após a orientação bastante gentil, o aviso de não cruzar pela praça e sim contorná-la!
Olha, um conselho desses vindo justamente de uma autoridade policial, é de apavorar qualquer um! Sei que caminhei completamente em pânico, olhando para trás, paranóica e com o coração aos pulos!
Frequentei anos e anos seguidos, por conta das minhas costuras, aquela região toda mas, pela primeira vez senti um medo enorme!
A pobre praça mais parece um acampamento de refugiados, todo o tipo de sujeira, carroças, montes de roupas, tralhas,mendigos, drogados trombadinhas! São, nitidamente, os donos do pedaço, sob os olhares distantes do policiamente, enorme e sem ação que circula por lá.
Fiquei muito chateada, sempre me considerei uma paulistana que nunca temeu a cidade em que vive. Acabou.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Um adeus...






Tenho que sair correndo, mas antes resolvi postar aqui.
Li na UOL a notícia da morte, aos 57 anos, do ator Patrick Swayze. Morte após 20 meses de luta contra um câncer de pâncreas.
A notícia me emociona por dois motivos.
Patrick, ao lado da bela Demi Moore, protagonizou uma das cenas mais sensuais e delicadas do cinema americano. Em Ghost, a cena de amor entre eles, ao som de Unchained Melody é inesquecível.
Ok, podem achar o filme brega, como também essa canção, um hit dos anos 50/60, mas tem certas coisas que, justamente, por serem bregas é que são legais.
A outra é que sei como age essa doença terrível no pâncreas!
Ao ler a declaração da esposa e família, falando dos ultimos momentos do ator, voltou toda a dor e sofrimento que nós, que amávamos e amamos tanto a nossa Nildona, minha mãe, sentimos naqueles dias terríveis...
Cruel, doloroso, destruidor, o segundo tipo de câncer mais letal e devastador que se conhece, posso lhes garantir que nada se aproxima tanto do inferno...
Não vou entrar em detalhes cruéis, não vale a pena. Quisera poder esquecer, apagar de minha memória essa parte da minha vida e história.
Deixo aqui, como homenagem a minha mãe, Patrick e tantos que sofrem, meu carinho e pedido de muita luz e paz.

http://www.youtube.com/watch?v=t8lbc9lv5Lw
http://www.youtube.com/watch?v=ZsukB39t6eA

sábado, 12 de setembro de 2009

Medo do branco!!





Medo do branco!

Não, não se assustem, pelo menos antes da hora! Essa não é uma declaração racista!
O tal "branco" que falo é a praga que insiste em acompanhar todos aqueles que gostam de escrever.
Um dia li, em alguma entrevista, um famoso escritor ( olha aí, me deu o "branco", pois não me lembro quem foi!!) dizer que escrever tinha que ser um ato de disciplina, algo meio parecido com o trabalho formal, com hora pra começar e para terminar. Ele dizia se sentar todos os dias, determinada hora, em frente ao computador e lá permanecer como se cumprisse " um expediente" de trabalho num escritório qualquer, mesmo que não saísse uma linha sequer...
Bem que tentei fazer isso, mas não consigo...
E é sempre assim, fico dias, semanas, meses, com alguma idéia germinando na cabeça, durmo e acordo com ela, ajeito, conserto, aumento ou diminuo, até que belo dia vem a erupção! No caso de textos mais curtos, ótimo, sento e escrevo, sai de bate-pronto e me dá pouco trabalho, fica somente rever a gramática, erros de acentuação, diagramar...
Mas se, por acaso, é um projeto meio grande como o que estou metida agora, aí vem a complicação!
O começo é mais ou menos fácil, afinal é a viga mestra de tudo, a idéia central. Flui sem grandes dramas...Na medida que vai crescendo, que tenho que fazer algum tipo de pesquisa, começa a enrolar...
No exato momento pesquiso sobre mitologia, lendas, costumes, etc..Ou seja, vou " baixando" textos e mais textos encontrados no Dr. Google, procurando nos meus livros, lendo, entendendo, buscando adequação ao meu próprio texto e de repente quem surge? O branco!!!!!
Desesperador! Do projeto inicial, tão bem alinhavado, percebo que quero alterar tudo, o capítulo 1 vira o 3, a introdução vai para o meio, já não sei por onde começar e terror dos terrores, me vejo parada diante da tela em branco do WORD, todo o sistema esperando meu comando e....e....Nada!!!!
Como é isso? Como pode? Parece que meus neurônios entraram em curto-circuito!!! E pior, as idéias continuam lá, entrando e saindo, flutuando como fantasmas sem formas, como bebês querendo nascer num atormentado trabalho de parto, doloroso, sem fim...
Nessa horas penso em desistir de escrever. Não tenho talento, não sei fazer isso, não é a minha praia e nem tenho a tal disciplina do escritor famoso!
Seria fácil se conseguisse, mas a verdade é que o texto, uma vez iniciado, já tem vida e essa não admite recuos nem abandonos...
Estou assim, nesse momento de " branco" terrível, sofrido, me sentindo sob efeito de enorme obsessão..
Tem algumas saídas: páro de ler, páro de pesquisar, fecho o Word, jogo Tetris e Farmville e venho aqui desabafar!
Fico pensando nos autores de grandes obras, grandes nos dois sentidos: escrever Os Irmãos Karamazov, Guerra e Paz, Os Lusíadas, a Divina Comédia, O Senhor dos Anéis, não é tarefa pouca...Será que eles também tiveram seus " brancos"????

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Copacabana...





O mar visto pela enorme janela do apartamento de Copacabana, início dos anos 60, era indescritível...Ainda mais para uma menina de 6 anos...
Ela, sem saber racionalmente, mesmo assim pressentia que aquele era um tempo para ser guardado com carinho. Isso lhe causava uma certa tristeza, incompatível com alguém tão jovem, como se soubesse que esses primeiros anos, dourados no país e em sua vida, nunca mais voltariam e desde já sentia enormes saudades.
A janela do apartamento ia até o chão e ela, mesmo com sua pouca altura, tinha a sensação de estar pairando sobre o mar. A única coisa que existia entre o prédio e o mar era uma ainda estreita avenida Atlantica, quase Praça do Lido.
As gaivotas, naquele final de tarde, faziam coreografia delicada, as ondas, como flocos brancos estouravam, escorrendo pela areia brilhante...
Fora uma manhã de sol, das muitas manhãs de sol da menina amada, mimada, cercada pelo cuidado exagerado de um pai já velho e poderoso...
Foi ali, pela primeira vez, que ela descobriu um paradoxo: ser muito feliz era estranhamento doloroso...Sim, o sentimento era tão bom, tão poderosamente devastador que a simples idéia de não senti-lo todo o tempo lhe parecia insuportável.
No toca-discos, vitrola naqueles dias, um disco girava e era constantemente colocado para tocar por sua mãe.
A menina ainda não sabia que muito da melancolia que sentia vinha da música, da voz grave e cheia de entonações de Sergio Endrigo em sua " Aria di neve"...
Nenhuma palavra da letra, em italiano, fazia sentido, na verdade nem parecia que ela prestasse atenção à canção, mas ainda assim seus efeitos eram sentidos...
O verão, naquele ano, foi lindo, cheio de sol e luz, o mar morno e convidativo, a visão disso tudo ficou para sempre marcada na menina.
Como tinha pressentido, nunca mais houveram verões assim, nunca mais a janela sobre o mar, as gaivotas, o Rio...
Hoje, ela uma quase velha, além da memória, existe Endrigo cantando sua " Aria di Neve" e até hoje ela ainda se sente meio melancólica ao escutar...

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Amor via e-mail




Foi um caso de amor vivido através de e-mails..
Não, não era totalmente virtual, os dois se conheciam, aliás, fazia tempo. Pessoas em comum, festas e viagens idem, eram bem amigos.
Um dia a coisa evoluiu, ou involuiu, até hoje não sabem.
Com o pouco tempo de ambos, que trabalham em empresas e tinham carreiras diferentes, acabava sempre restando o espaço roubado nas horas de trabalho para trocarem e-mails.
Isso durou bem uns 5 anos, com direito a somente 3 romanticos encontros cheios de paixão e desejo(sem a "entourage" familiar e de conhecidos por perto)...
Um dia terminou. Assim, sem brigas, sem gritos, sem choro nem vela. Acabou. As caixas postais foram ficando vazias e com aquele aviso " nenhum e-mail novo"...
Se dor houve, e deve ter havido, ela passou sem que ninguém em volta percebesse.
Os meses foram passando, a antiga amizade retomou o seu lugar depois do amor.
Uma noite, o sono sumido, ela acabou abrindo a tal caixa postal. Ali, por ordem cronológica, estava contada toda a estória desse amor.
No início meio tímida, palavras cuidadosas, começam geralmente assim: "Querida"...Passaram para "Linda", depois " Meu amor, amada"...Em mais de 300 e-mails estava todo um livro pronto! Relatos de um suave sentimento, desejos, paixão, medos, angústias, sonhos e projetos...
A mulher trabalhava no mercado editorial e por um momento pensou em organizar tudo aquilo e publicar! Sucesso na certa. Depois pensou melhor e chegou à conclusão de que certas palavras devem ficar, para sempre, guardadas em e-mails...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Convergência e divergência




Dias de conversas interessantes. Tópicos levantados e que sugerem um certo posicionamento diante do mundo.
Foi aí que disse algo que, sinto, não foi bem entendido. Vamos lá.
Sobre o " voltar para casa", meio na brincadeira, meio sério, Dani me disse que, caso não ficasse casado, voltaria para casa. Aqui, para minha casa. No mesmo tom respondi que não entendia isso, uma vez fora, sempre fora, pois foi assim que sempre fiz.
Do tempo da separação nos meus casamentos anteriores, um com o pai do Dani e Rafa, outro com o pai da Luiza, nunca me passou pela cabeça retornar para a casa de meus pais! Mesmo porquê, em que conte meu enorme amor e carinho por eles, pai e mãe, alguma coisa tinha se modificado e entre elas a certeza de que eu nunca mais me sujeitaria a " dar satisfação" de onde, com quem, como, etc, eu iria, ou faria, ou não faria. E outra, nesse primeiro período das separações, queria ficar só, como bicho ferido lambendo as patinhas no escuro e ninguém merece compartilhar isso.
Pelo olhar de meu filho, senti que ele leu isso como " descaso", desapego ou, pior, falta de amor. E é justamente o contrário: Dani, você já deveria saber que sempre os criei para a independência, para o mundo, para a luta nem sempre gloriosa, para a vida e que sabe-los assim me faz muito feliz. Cada um de vocês, bem ou mal, fez suas escolhas, de escolas, de relacionamentos, de trabalho, de pensamento sobre tudo e não interferi. Concordando ou não, achando ótimo ou não, sabendo, de antemão que muitas vezes iriam se arrepender, mesmo assim os apoiei e apóio. Busco, dentro desse espaço de enorme respeito a cada um, ajudar no que posso, no que me pedem, no que percebo, vocês precisam.
Penso o amor de mãe assim. Feito de respeito, de encorajamento,de um afeto que passa longe de chantagens, de chororos, de cobranças. Amo-os como pessoas, inteiras, complexas e quero que vivam bem como são.
Dani hoje é pai de Sofia, a jóia mais preciosa do mundo! Linda, saudável, brilhante, afetuosa e muito, muito esperta. Ela sabe quem é quem, pois em mim encontra o colo, o amor feito de beijos e abraços sufocantes, a disponibilidade de tempo,mas também encontra o " não" para suas tentativas de birra, de manha...Cuido de Sofia de longe, deixo que descubra os degraus, as portas que se fecham com violência,o andar sem segurar a mão, a água que sai das torneiras.Evidente que não a exponha aos perigos desnecessários, mas ainda assim permito que caminhe só, suba, pule, cheire e toque, para aprender as diferenças.Ela sabe que não há desamor nisso, mas sim a enorme possibilidade de descobrir um mundo cheio de cores, flores, bichos e obstáculos.
Dani,já te disse, a casa aqui é sempre sua, de seus irmãos, de sua filha, sua mulher, dos amigos e de todos que aqui se sentem bem.Só não se esqueça da luta, da vida, do crescimento em todas as situações, mesmo as não tão legais. Sei que estava me testando com essas brincadeiras, sei que tudo está bem, mas tinha que te escrever, ok?
beijo
Mãe

sábado, 5 de setembro de 2009

Reconquistas!





Não, não vou falar do momento histórico...isso é coisa para o Gil, meu marido, historiador competente...
Vou falar do simples direito de sermos o que somos, apesar do tempo, do mundo, das mudanças ( e de todas essas mesmas coisas que nos alteram tanto...)
Reconquistar pessoas que supunhamos perdidas, que pareciam não entender nossa língua nem nossas opções, pois é, um pouco de generosidade e amor pode trazer de volta antigos afetos...
Reconquistas dos nossos corpos, não mais ágeis, elásticos e belos, agora re-encontrados com ajuda externa, pouco importa se cabelos lisos,cachos, loções mágicas, próteses, muletas, óculos...pouco importa, já que o que os anima é a " anima", a alma, o espírito, a vontade e desejo!
Reconquistas de nosso talento, nosso sonho, nosso projeto, nosso caminho...ok, erramos, atiramos em alvos errados, mas tudo ainda está aí, esperando nosso novo tiro, com nova e mais certeira mira...
Estou aqui, agora, sentada diante do micro, pensando e engendrando novas conquistas, novos desafios e lhes digo, não parei, não desisti, não perdi a esperança. Vou atrás, necessito e muito me saber feliz, me saber viva, me saber ainda merecedora de tantos afetos que andei cultivando por essa vida...


( Para Walter Puccini e Cynara Mattos- eles sabem porquê!)

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Presente de aniversário!





Minha querida Bia Puccini, bela e inteligente, me mandou o texto abaixo...
E o recebo como um lindo presente de aniversário...
É bom ter vivido para receber e merecer, de uma quase menina, tão linda, perspicaz, sensível e generosa, essa beleza.
Bia, obrigada por conhecer tão bem os caminhos por onde anda meu coração...

Venho pensando em ti por toda a semana
Por que o nosso aniversário dura um dia?
Poderia ser uma hora, um minuto
um momento, um mês, uma festa.
Ah, em tua casa estava tão radiante com Sofia!
E transbordava de orgulho com Laura a caminho,
e de alegria da linda família reunida.

A tristeza só nos olhos, como um choro íntimo,
algo a preocupa verdadeiramente.
Não, não era algo como inferno astral...
E, desde então, venho numa intimidade a distância
Desejando e pedindo por ti.
Espero que não seja grave a razão de sua dor,
e que passe logo e que peça ajuda.

O Fê manda lembranças e eu te desejo luz,
muitas flores, e frutos e carinhos,
discos e livros e suas presenças e ausências incríveis.
Netas correndo pela casa e amigos ao pé da lareira
saúde e paz e dinheiro e almoços de domingo
Praia no verão, navegar, o mar.
Um floral e "toooodo o amor que houver nessa vida..."

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

enfim os 54!





Pois é, acabei chegando aos 54 anos e o orkut, sempre ágil, trocou minha idade, escancaradamente pelo mundo virtual! Esse último ano foi complicado, portanto chegar até aqui fica com gosto de conquista!
Estava no banho e fui listando mentalmente o que gosto e que não gosto mais:

Gosto:

Música- de MPB à ópera
Gente- inteligente, bem humorada, ágil e sem preconceito
E-mails- do povo descrito acima
Cozinhar- aprendi a amar e descobri que se estou com algum problema, as horas lidando com temperos são melhores que terapia!
Ler- meu jornal pela manhã é sagrado, livros e revistas idem.
Ser avó- É bom demais! Ô amor descarado, incondicional, capaz de me tornar menina de novo!
Amigos- coisa boa, ajuda, suporta, apoia, instiga, move, acrescenta.
Juquehy- ah! isso é uma paixão!

Não gosto mais:

Festas com muita gente- um stress, cansa muito, não rende bons papos
25 de março- adorava, me divertia no meio da confusão, hoje sé de pensar me sinto mal!
Papo cabeça- Isso é chato demais! Incluem-se nisso discussões políticas e afins, muito, muito chato
Shoppings- Coisa horrorosa, sem ar, sem luz, cheiro e cenário pasteurizado, não dá.
Dirigir- não curto mais, me irrita, cansa, o trânsito é de enlouquecer qualquer um!

Até que não foi difícil listar isso e com certeza não mudei tanto quanto imaginava, mas relendo vejo que estou mais tranquila, mais estável e precisando cada vez menos de agitação e barulho. Me parece sábio, o que acham?

sábado, 29 de agosto de 2009

Cinema





Tem uma matéria hoje, sábado, veiculada no site do UOL, sobre os 10 filmes mais polêmicos de todos os tempos.
Lembro de alguns: O Último tango em Paris, Laranja Mecânica, Exorcista, Império dos Sentidos, Saló- os 120 dias de Sodoma, Paixão de Cristo, de Mel Gibson...
Em todos situações extremadas, muita violência, muito tudo...Todos, lógico, com coisas legais, alguns com bons diretores, outros com atores ou trilhas sonoras inesquecíveis. A gente saia do cinema meio " passado", meio perturbado, mas se eu pensar os filmes que mais me marcaram e são para sempre eles não constam dessa tal lista:

-O céu que nos protege ( Sheltering Sky- de Bertolucci-1990) Assisti umas 100 vezes, comprei em VHS e em DVD duas vezes!( tinha esquecido que havia comprado!). Uma fábula terrível sobre um casal tentando reconstruir suas vidas vazias, o amor acabado, numa viagem sem volta pelo deserto. Ali tem uma cena que me emociona muito: estão ambos ( Debra Winger e John Malkovich, lindos!) em pleno deserto, olhando a amplidão e num relato deseperado acabam fazendo amor, ali mesmo...


- O Labirinto do Fauno ( El Laberinto del Fauno- Gullermo Del Toro-2006)- Uma fábula sombria, escura e cheia de metáforas e alegorias sobre a Espanha franquista. Num universo de sonhos e pesadelos, a estória de Ofélia, uma menina de 10 anos, que transita entre o real e imaginário quase surrealista todo o tempo. O filme é assustador e o final, sem ser piegas, é emocionante. Devo ter assistido umas 20 vezes!


-Othello-(Othello- Oliver Parker- 1995)- A famosa tragédia shakesperiana sob a direção de Parker, trata da inveja, ciúme e insegurança. Laurence Fishburne no papel do general mouro transmite o paradoxo força/fragilidade com enorme talento. Filme lindo, elenco talentoso e mesmo sabendo o final fico sempre torcendo pela bela e injustiçada Desdêmona. Também assisti muitas vezes, tenho em VHS e o poster promocional do filme enfeita o meu salão de festas.


O Paciente Inglês- (The English Patient- Anthony Minghella- 1996)- sob a cenário do final da segunda guerra, o amor, correspondido entre uma mulher casada, a linda Kristin Scott-Thomas e um desconhecido paciente ( Ralph Fiennes), lembrado e contado a uma jovem enfermeira ( Juliete Binoche, linda, linda). Para os românticos como eu, filmão! Adoro e também tenho.


O Incrível Exército de Brancaleone (Incredible Armata Brancaleone- Mario Monicelli- 1965)- O melhor do humor, com ótima pesquisa histórica, cenas inesquecíveis e o igualmente incrível Vittorio Gassmann. Não há mau humor e tristeza que resista a essa estória passada na Idade Média. Seu personagem é, ao mesmo tempo, engraçado, patético e emocionado. Tenho em DVD e sua sequência, Brancaleone nas Cruzadas.


O Poderoso Chefão- ( Godfather- Francis Coppola-1972
)- Adaptação do ótimo livro de Mario Puzo. Sem comentários, vale por tudo, enredo, música, direção e Marlon Brando! Para mim um clássico com cinema, tenho de tudo que é jeito, VHS, DVD, DVD edição especial, toda a trilogia, amo!


Pois é, lembrei de alguns filmes que adoro, teria mais uns 500 nessa lista, mas o espaço é curto.
Nunca me preocupei muito com " grifes" de filmes, aliás essa mania do povo assistir (e gostar, o que duvido um pouco) de cinema húngaro com legendas em sâncrito me espanta um pouco. Na minha lista tem alguns, considerados " cult": Roma e Amarcord de Fellini, O Leopardo de Visconti, Zabriskie Point de Antonioni, mas o que me mantém presa mesmo não passa nem por nomes de diretores, nem de atores..É o que bate na alma. E nisso, o cinema, como a música, é um dos maiores fazedores dessa mágica!

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O fim de uma era.








Não deu para escrever antes, mas fiquei muito chateada com a morte do Senador Ted Kennedy..Tá bom, sei que sou meio ingênua, ou pelo menos assim pareço.
Ok, pessoal, não se irritem, sei quem foram os Kennedys, nenhum deles era flor que se cheirasse, mas sinto que morre, com o senador Ted, toda uma era.
Um mundo que não existe mais, onde a elegância, os bons modos, o carisma e charme contavam pontos.
Revejo fotos dessa época e os Estados Unidos, com todo seu imperialismo e arrogância ainda assim pareciam mais bonitos e interessantes que agora.
O presidente John, altivo, elegante, Jackie Bouvier Kennedy, tão personalíssima que criou um estilo na moda com seus tailleurs bem cortados, seus vestidos de festa impecáveis, sua cultura e bom gosto, sua dignidade ao lado dos dois filhos pequenos diante do caixão do marido...Robert Kennedy, com seu sorriso deslavado e o então jovem senador Ted, marcado pela tragédia pessoal do acidente onde morreu sua secretária...
Falem o que quiserem, mas esse povo era chique, alinhado, classudo, poderoso.
Meu querido primo Ruy disse outro dia, não a propósito disso, que o mundo estava mudado e não era para melhor. Uso o frase dele e concordo...
Os Kennedys eram mafiosos? E quem não é ( pelo menos por aqui)? Usavam o poder? Mesmo? E por esses lados? Envolvidos em escândalos? Sério? Mas que coisa surpreendente, aqui quase não se ouve falar disso...
Vamos comparar as "famílias" poderosas: Os Sarney, os Collor de Mello,os Malta, os Magalhães, os Jucás ...Por favor...Um povo feio, grosseiro, sem cultura, que não tem compostura e não fica devendo nada em matéria de uso e abuso de poder...
O mundo seria muito melhor sem safadezas, lógico, mas a safadeza associada à deselegância e a cara de pau é de doer!
Lamentei a morte do senador. Uma perda, a última imagem de um tempo que já se foi, onde mesmo os bandidos tinham um certo pudor de se mostrarem como tal.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

E-mails...e-mails?....e-mails...





Todos nós, conectados à Internet, recebemos diariamente e-mails, e aos montes.
Como fiquei meio doente esse final de semana e, portanto, não sai de casa, acabei passando mais tempo "online" e pude observar e classificar minha caixa postal:

1-E-mails simpáticos: são mandados por aqueles que nos conhecem e tratam de assuntos que são do nosso interesse. No meu caso: animais- campanhas de defesa e preservação dos mesmos, videos engraçados e surpreendentes, adoção, gracinhas, etc. Ou ainda sobre o que gostamos: podem ser sobre viagens, desfiles de modas, livros, exposições, lançamentos, recitais de poesias, shows. Em geral vem com um recadinho muito amável de quem nos mandou.

2-E-mails óbvios: no momento tratam de 2 assuntos principais: a tal gripe suína: como se precaver, o que tomar, o que não tomar, quem está por trás, teorias de conspiração, avisos, etc ( aliás cabe aqui uma pergunta: onde se compra o tal alcoól em gel??? não encontro nem com reza brava!).
O outro assunto: Sarney- listas para assinar pedindo a cabeça do cabra, petições, dados sobre escandalos, dados sobre a família do famigerado, conluios, armações, etc. Esses e-mails são muito chatos, se repetem "ad aeternum" e infelizmente não surtem o menor efeito. Nem com a gripe, nem com os Sarney!

3-E-mails insuportáveis: esse tipo é, sem dúvida, responsável por 80% do lixo em nossas caixas postais: correntes de orações, Budas milagrosos, Mandalas, geralmente propõem dinheiro e saúde, ou pragas imensas para quem não os passar a diante! Ok, já cai nessa e acabei também encaminhando, mas cheguei a conclusão que não dá mais e que esse tipo de milagre passa longe do cyberspace!

4-E-mails do coração: cada vez mais raros, são aqueles que as pessoas não " encaminham" nada, elas escrevem mesmo! Falam de carinho, de saudades, de amizade, contam o que anda acontecendo em suas vidas e querem saber de você. Te enviam suas músicas e videos favoritos, sempre acompanhados de uma referência muito querida do passado e do convívio. Uma delícia! esses e-mails tem o enorme poder de mudar o nosso dia e nosso coração.


5-E-mails ultra pessoais: esses são ainda mais raros...Vem daquelas pessoas que fazem a diferença em nossas vidas, por afeto, por segredos...São quase confissões, desabafos, declarações e propostas que não podem, jamais, vir à público...São do tipo que a gente lê, o coração salta e em seguida " deletamos"...por las dudas...


Pois é, nossa caixa postal é um assunto sem fim! Claro que quem nos envia algo quer ser agradável, estar presente, mas isso nem sempre acontece, mas quando acontece é bom demais!
Quando tinha 14, 15 anos, todas nós, alunas do Colégio Meira ( lembram, meninas?), tivemos que ler o Guia de Boas Maneiras do Marcelino de Carvalho. Havia um capítulo inteiro sobre etiqueta e bom tom com " cartas" ( era o que se usava naqueles tempos)...
Seria ótimo uma coisa dessas sobre a correspondência na Internet, pena que Mestre Marcelino já morreu...

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O bom e velho rock and roll!!!!!






Estive no show do Chuck Berry na última quarta!
Sabe que sai de lá meio envergonhada? Eu vinha de uma semana meio " down", meio me sentindo quase velha, desanimada. Que vergonha!
O mestre do rock and roll, aos 82 anos, deixou mais de 3.000 pessoas doidas para dançar pelo local na mais pura coreografia do velho e bom rock!
Existe uma magia nesse genero que mantém e nos mantém sempre jovens, elétricos, alegres e cheios de pique.
Os " chansonniers" envelhecem: Sinatra, Bennett, Endrigo, Aznavour...O povo da MPB e bossa nova idem, tá bom, todos envelhecem com charme, com elegância, mas envelhecem.
Os meus ídolos do rock, jamais! Jerry Lee Lewis ( a quem assisti anos atrás, meio bebaço, lógico!), Eric Clapton, Stones ( embora as más línguas os chamem de " uva-passas do rock"!), Berry, esse pessoal, como se diz " quebra mas não verga"...
Adorei! Essa antiga mágica, o rock, funcionou e me tirou de um desânimo terrível!
Para quem, como eu, ama essa música, Berry representa o desafio inicial,aquele que apontou um caminho até então desconhecido e inexplorado...Seus fãs estão entre todos os famosos que deixaram e deixam sua marca: Lennon, McCartney, Johnny Winter, Hendrix, Richards, pois foi através desse negro alto, cheio de personalidade e classe que encontraram seu som, sua criação, seu trabalho.
E outra, ver um velho senhor de 82 anos, cabelos brancos, boné de marinheiro, camisa vermelha estampada, empunhando a " velha arma", uma Gibson ( e depois uma maravilhosa Fender verde) com a mesma irreverência e talento dos bons anos do rock, é inesquecível como aprendizado, prazer e lição de vida.
Amei! Se pudesse passaria a noite dançando com Johnny B.Goode, Roll Over Beethoven e sei que assim não envelheceria jamais!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

quase 54...




Estou quase nos 54. Anos, dias vividos, escolhas feitas, caminhos trilhados a partir disso.
Tenho marido(o terceiro!), 3 filhos, 2 enteados ( filhos oblíquos!), 2 noras, 1 genro,2 netas ( uma à caminho..rs).
Como me sinto? Em alguns momentos bastante perplexa com esse povo todo ao meu lado, pois me vejo ainda muito jovem, quase menina, instável, emocional, com medos e sonhos...Em outros, sinto a idade da Terra, um distanciamento de tantas coisas que fazem o dia a dia das pessoas...
Ás vezes durmo menina, sonho com meu herói ainda não conhecido, vagueio por rotas novas e interessantes, e depois acordo madura, séria, preocupada com o rotina, com o tanto que depende de mim...Outras vezes é justamente o contrário.
Quase 54, mas espera aí, outro dia tinha 14, dançava em Woodstock, subia a Rua Augusta e tomava sorvete na Ouro Fino! Ou tinha 20 e olhava os dois meninos que de mim haviam nascido, com surpresa e encantamento, ou tinha 35 e recomeçava a vida, esperava outro filho, filha, linda! Mas tenho quase 54, os pequenos viraram grandes, enormes, muito maiores que eu, meus bebês já são adultos...O bebê que vem aqui agora me chama de "vovó" e muitas vezes olho e procuro: quem será que ela está chamando?
Coloco uma saia mais curta, ok ser magra tem suas vantagens, mas não é mais a mesma imagem que enxergo refletida no espelho...Algo não soa bem, não fica bem e demoro a perceber o quê é...
Mantive ainda, nesses muitos anos, a rotina de ouvir música bebericando algo, mas agora percebo que estou fazendo uma viagem ao passado com a minha incrível trilha sonora...e junto com as muitas canções chega uma enorme nostalgia, um nó na garganta e a sensação do paraíso perdido...
Tenho quase 54 e sabe, tem uma coisa que faz muita, muita diferença: já faz um tempo que não chamo alguém pela palavra " mãe"...Ouço essa palavra milhares de vezes pelo dia, mas usada para me chamar...Agora sou a mãe, a que atende, acolhe, briga e orienta, mas não tenho mais a quem chamar assim...
Tenho quase 54 anos e estou assim, menina-mulher, moça-velha, sonhadora-realista e mãe.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Woodstock 40 anos...




Eu tinha 14 anos e esse momento do tempo é o que me deixou mais marcas. Ali, julho de 69, numa fazenda distante 3 hs de Nova York, toda uma geração pode se expressar, cantar, dançar, amar e mudar o mundo! Sem violência, sem armas, sem líderes patéticos, apenas jovens e músicos...
Woodstock fomos nós, meninos e meninas, ao som de música da melhor qualidade: Hendrix, Joplin, Crosby, Stills, Nash, Joe Cocker, Winter, Dylan, Santana e tantos outros maravilhosos que mostraram ao mundo cinza e sem graça que havia um caminho melhor...
Nunca mais fomos os mesmos depois disso, nem o planeta. Ali se plantou a consciência em cada um de nós, a convicção de que as mudanças tem que vir de cada um, que todos somos igualmente responsáveis pela vida, pela Terra, pelo mundo que vivemos...
Sem hipocrisias, sem meias verdades, sem consumismo desenfreada, sem um código de valores herdado que, como roupa velha, não nos servia mais...
Aqui estou hoje, aos 54 anos, ainda vivendo os ideais desses 3 dias e que foram de toda uma geração. Ouço a mesma trilha sonora, única, impar, jamais superada dos nossos ídolos de então.
Coisas ruins vieram depois desse inesquecível 1969, anos de guerra, de medos, de crises, de aids, preconceitos, destruição, música ruim.
Nós, os jovens enfeitados com colares, óculos amarelos, jeans e roupas indianas, sobrevivemos a tudo isso. E continuamos acreditando na superação de todo mal, na liberdade de expressão, na arte, no planeta e sua sustentabilidade.
As flores, que colocamos, nesse verão, nos nossos cabelos, permanecem, como ainda é viva a esperança, a alegria, a justiça, a paz e o amor.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Prá sempre....sempre acaba




Todos os que me conhecem sabem que gosto mais do Cazuza do que do Renato Russo. O primeiro me parece mais instigante, mais brilhante e menos depressivo que o segundo. A " raiva" de Cazuza me é mais interessante, sem julgamentos de valor ou trabalho ( pra não criar maiores polêmicas..rs).
Existem, entretanto, letras do Renato Russo que são muito lindas pois falam de sentimentos e sensações que me são facilmente entendidas.
A canção " Por enquanto", gravada pelo Legião ou pela Cássia Eller ( maravilhosa) é uma dessas:

Mudaram as estações e nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente
Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber
Que o pra sempre,
sempre acaba!

Mas nada vai conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguém
Só penso em você
E aí então estamos bem
Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está
nem desistir, nem tentar
Agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa

O trecho em negrito é o que me fez escrever aqui, hoje, nesse micro espaço onde me permito e permito que me falem de verdade...
Dias bons, de enorme convívio e amizade estão terminando... Uma grande parte de nós, de um modo ou de outro, por um motivo ou por outro, certo ou não, está se afastando, tornando a frase de Renato Russo, profética. " O prá sempre, sempre acaba"...
Há uma nostalgia, um silêncio, um vazio que agora deixa espaço para reflexões e entendimento de tudo que fomos, somos e estamos nos tornando...
Uma pena. Fico com outra frase do poeta " mas nada vai conseguir mudar o que ficou", como lembrete de ainda uma suave esperança, de que todas as nossas boas memorias tenham força suficiente para nos trazer " de volta prá casa"...

Ótimo final de semana.

http://www.youtube.com/watch?v=XVVmAG0RXmo ( video de Cassia Eller cantando essa canção)