sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Crime e Castigo



Não são fáceis as relações humanas.
Tudo bem que envolvem identidades diferentes, formação, pensamento, filosofias, traumas, expectativas, tudo bastante personalizado e único.
Fazer, em bom português, "um link" disso tudo é meio trabalho de Penélope, meio coisa sem fim.
Tem também uma questão anterior a essa de tentar se comunicar e estabelecer laços com pessoas: o que realmente quero? quem sou? quais seriam os meus métodos, meios, medos, sonhos e necessidades? Algumas vezes não tenho resposta alguma a essas perguntas...
Não sei o está acontecendo, talvez os anos vividos estejam consolidando alguns traços do que sou ou penso ser e sinto, inúmeras vezes, quase como se falasse idioma desconhecido.
O tempo agora está me parecendo ser o de priorizar necessidades outras que não as minhas. As dores do instante de cada um, seus experimentos no terreno afetivo-emocional, a urgência em expressar cada novidade, cada sensação, cada desafio acabam atropelando tudo o mais que está em volta, coisas e pessoas. Eu, inclusive.
Daí vem antigo conflito, "e eu? como é que fico?"
Minha história de vida, dores, cansaço, limitações físicas, sim caros leitores, tenho algumas e são bastante dolorosas, meu tempo, tudo passa a não ter qualidade ou importância, como se apenas o outro ou outros estivessem devidamente credenciados a exercerem suas vidas e escolhas. Eu não. Sou apenas acessório, ferramenta, meio, ponte. No instante em que, crime, ouso me posicionar,incrível não? eu ter uma opinião, uma urgência, uma vontade, surgem as acusações, as cobranças, até mesmo um absurdo questionamento do que andei fazendo com a minha vida, como se, castigo, agora fosse eu, por conta do como vivi nesses 54 anos, obrigada a ser ou fazer o que de mim esperam!
Ok,já sei, já entendi, anos na terapia com o querido Dr. Alberto " junguiano" Silva, me fizeram enxergar que limites quem pode e deve dar sou eu. Estou começando a fazer isso, mas asseguro, não é nada fácil, cansa, desgasta, entedia e pior, cria um distanciamento horrível de pessoas a quem sempre tive enorme amor e carinho.
Não são fáceis as relações humanas e mesmo sabendo disso, fico meio "passada", perplexa, com cara de paisagem.
Atravesso esse momento como alguém que está cruzando enorme deserto. De idéias, de valores, de entendimentos, feito de silêncios e inquietação.
Se passei a vida toda me perguntando " quem sou", agora pergunto " quem é o outro"...

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