quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

E acabou....



E terminamos mais um.
Certo, é uma mera sequencia de meses, afinal janeiro vem depois de dezembro e assim vai.Mas tem o ritual da festa que muda a importância do calendário. E estranhamente as pessoas parecem entrar nesse pique, nesse movimento e imaginam que "tudo vai mudar" ( para melhor, lógico!).
Os longos silêncios vividos nos últimos 12 longos meses serão substituídos por conversas boas e interessadas, discussões de relações que andam precisando de acertos entrarão nas pautas, confidências e segredos de há muito guardados serão divididos com amigos queridos e as atenções redobradas " ad infinitum" para ouvir mais e ajudar a quem amamos. Isso prometemos.
Os beijos? Ah, os beijos serão mais trocados, de olhos fechados e corações abertos...As festas e encontros? Inauguramos nossas agendas novas separando as datas, muitas, nas quais pretendemos juntar a " tchurma" para samba e cerveja até o sol raiar! Isso imaginamos.
Viagens, passeios? O mundo se abre diante de nós, praias ensolaradas com caipirinhas ou piñas coladas, desertos belos e silenciosos, montanhas nevadas, Paris, Nova York, Veneza ou mesmo a singela pousada perdida no interior já estão na lista de destinos futuros, as malas já quase arrumadas. Isso programamos.
Os sonhos? Ah..esses voltam com força redobrada, potencializados, revitalizados e os vemos como praticamente realizados.Isso sentimos.
Fazemos contas, promessas, intenções de poupar mais, organizar melhor, planejar com equilíbrio, focar, se doar, participar, amar e ser amado, muito, mas muito mais do que nos 12 meses que terminam...
E no dia 31 vestimos branco, roupas brancas para que, como se nossas almas e corações estivessem " limpos e lavados" de todos os males e dores do ano que passou, pudéssemos receber o dia novo do ano novo de peito aberto!
E num segundo, meia noite, fogos de artifícios, abraços, beijos, rojões e champanhe irão brindar esse mega projeto de que " tudo vai mudar" ou ser diferente do que tem sido.
E quando a festa acaba e o primeiro dia do ano, afinal, amanhece como todos os dias amanhecem, encontramos a casa desarrumada, copos espalhados, cinzeiros cheios e uma enorme ressaca. Depois de 2 litros de água e um analgésico,olhamos em volta e percebemos que tudo volta ao normal.
Em poucos minutos todas as mirabolantes intenções, construídas nas derradeiras horas do ano que se foi, terminam junto com o lindo traje branco que usamos: vão ser recolhidas, lavadas e guardadas dentro de uma armário ou gaveta e ali vai ficar até, quem sabe, o próximo Réveillon.

Desejo aos meus queridos amigos e pacientes leitores tudo de bom e lindo, independente de calendários e datas comemorativas. Penso que nossos sonhos, nossa vida são projetos constantes, diários e que nosso amor e amizade que nos une não tem data nem hora marcada.





segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Olhar...



Podem me chamar de óbvia, será verdade.
Falar de uma obviedade dessas, cantada em prosa e verso e até na literatura de cordel: o olhar...os olhares e seu incrível poder transformador, nada tem de novidade.
Tempos atrás conversando com meu grande amigo e psiquiatra Dr Zé Quinta sobre o trabalho que andava desenvolvendo com crianças e jovens autistas, me disse ele que o " olhar" da mãe para seu recém nascido era de suma importância e que nesses casos, tristes e trágicos, de autismo, havia uma " quebra" nessa função. Era como se não conseguissem se enxergar, mães e bebês...
E somos mesmo alimentados desde sempre pelo olhar, primeiro da mãe e pai debruçados sobre nosso berço, com um jeito de sorrir com olhos que nos ensina a sorrir de volta. 
E depois quando acontecem todos os enormes, e ao mesmo tempo tão pequenos, progressos de um bebê,  sentar, engatinhar, balbuciar, ficar em pé, caminhar, correr é o olhar aprovador de quem dele cuida que o estimula, que faz com que se sinta mais e mais seguro para ir em frente. Esses são os olhares que formam, que moldam, que sugerem afeto e aprovação.
Mais tarde já nos tempos dos medos das bruxas, da noite, dos ogros, feras e os monstros do armário e que também moram embaixo da cama  é um olhar divertido de quem lê tais aventuras que detém o poder de afastar a certeza da existência de tantos terrores...São os olhares que fantasiam, que contam contos e mostram os limites entre o real e o imaginário, com amor e humor...
Depois? Depois o olhar sério diante do boletim escolar que, passe de mágica, pode abrir e se expandir quer seja para mostrar orgulho ou preocupação, mas dele, desse olhar, vem o norte, o farol, apontando onde e como ir, mudar, melhorar ou apenas, bom demais! comemorar!Agora se for olhar de reprovação, vem a dói, pois fere, humilha e dá medo, mas pode também mover e fazer mudar...
E os primeiros olhares roubados por cima dos livros, através dos ombros das amigas e que, com muita e inesquecível sorte, vai cruzar com o outro olhar que vem de volta com igual intensidade? E desse quase choque, falta o ar, as mãos transpiram, as pernas fraquejam e o coração, sempre a maior vítima dos olhares, dispara...E não há paixão nessa vida que não tenha nascida de um olhar...Não há.
Olhar de admiração, de desejo, de vontade de ficar junto e perto para sempre e de viver para sempre dentro desses olhos...
Mas tem momentos que um olhar, assim simples, simples, pode destruir... Em instantes ele pode se tornar distante, perdido, fixa um ponto tão além de nós, que parece vir de algum lugar que não conhecemos nem pertencemos...E traz apenas frio, desconforto e pior, nos remete a uma dor e solidão aterradoras: já não somos mais aquele que alimenta tal olhar... 
E o maravilhoso caso de amor e paixão vai, lenta e dolorosamente, morrendo a cada não olhar do outro...
Se houver sorte acaba por aí, caso contrário da indiferença o tal olhar pode mudar de tom e virar uma arma letal, cheia de raiva e rancor e mágoas..E fere mais que qualquer outra ferramente inventada pelo homem...E destrói, não só o amor e paixão, mas a autoestima, a serenidade, algumas certezas e um pouco de nós mesmos também morre junto...
Ando observando, a maioria das pessoas quase não olha para os velhos ou para os doentes ( por medo ou indiferença mesmo) que, com isso e muito mais rapidamente, vão deixando a vida, pois não se pode viver sem um olhar, quer seja ele de atenção, quer de afeto ou delicadeza. Olhares de desprezo matam...
E muitos, ou alguns, de nós às vezes nos acostumamos a não olhar nem sermos mais olhados... Sobrevivemos pois, ao contrário dos velhos e doentes, ainda temos couraça para suportar, mas não há, como acontece com eles, nem alegria nem prazer numa vida assim...
E passamos anos e anos numa espécie de " cegueira", abdicando desse sentido.
Até um dia, que, mágica das mágicas, sentimos de novo, como delicado sol de primavera, um olhar em nossa direção! E nesse tão aparentemente insignificante gesto, nesse sutil movimento de corpo e alma e coração, vem de volta a vida, o sonho, os devaneios de amor e paixão, a magnífica possibilidade de voltarmos a ser uma coisa meio boba, simples e tão preciosa: seres dignos de um olhar... E se, por acaso, o devolvemos a quem nos olha, todo o encanto então estará restaurado!
E assim, simples, sem palavras nem grandes explicações tudo estará dito, explicado e pactuado!
E em cada troca desses olhares, ou de afetos que falam apenas por esse meio, pois muitas vezes não possuem outro, a vida fluirá com tamanha beleza e intensidade que fará de cada um desses instantes algo tão único, inesquecível e belo que nos tornaremos quase deuses de nossa própria criação...
O que houver em volta irá parar, sem movimentos, sons, vozes, nada...O próprio tempo irá parar e ali, retido numa transversal cósmica, o amor, qual feixe de luz trocado entre dois seres, conseguirá tornar tudo possível, vivido e realizado. Apenas pela magia criada entre dois olhares. Simples assim.  

Ótima semana.


sábado, 20 de outubro de 2012

Deus e o Diabo na Terra do Sol

.
Deus...qual deus? O único, onipotente e onisciente? O de Abraão, Jacó e de Jesus?
Seria aquele generoso que a gente acredita do fundo do coração, no silêncio, nas flores e risos e pode O enxergar em toda a criação? Ou seria o que vejo refletido nas luzes delicadas das velas que acendo e a quem, sozinha e com tranquilidade, peço luz e sabedoria?
Não é desse Deus, ou deus, que falo aqui.
É daquele deus encaixotado, selado e entregue em dogmas, preceitos, bulas e códigos, cheio de normas, o que tudo controla, vê e, principalmente, pune. O deus dos homens que precisam de um formato, melhor, uma religião ( dessas que se abrem todos os dias em cartórios) que os guie e oriente. Ou desoriente.
Esse senhor, entidade, sei lá o nome e cargo, " vende", sim, vende suas bençãos e ajuda com doações ou dízimos ( em dinheiro, afinal  como criou tudo, também criou o dinheiro...), doados pelos pobres" fiéis" que o procuram. E seus " procuradores" passam, nos muitos templos espalhados pelo mundo, as sacolinhas de veludo, quanto mais der, mais vai receber...E prometem, em nome dele, desse deus,  mundos e fundos ( esses com maior ênfase) e a solução para todos os problemas sem exigir, além do dinheiro e inquestionável fé, nada em troca. Para esse deus basta a fé cega e surda, muda jamais, pois cada " fiel" há de ser um novo " soldado" propagador dessa seita numa guerra divina!
E o Diabo? Seria a figura bíblica tão estupendamente descrita no Apocalipse de São João, a besta numerada, a meretriz da babilônia? Com chifres, odor de enxofre e patas de bode? Ou seria o Fausto insondável e sardônico de Goethe? Não, também não é desse diabo que falo aqui.
Como o deus acima, esse diabo também moldou seus códigos e organizou seus métodos. O público alvo, como diriam os publicitários, seria quase que o mesmo: os pobres, de bolso, espírito e imaginação.
Os organizadores desse culto, também chamado de " partido", a esse demônio modernizado não vão, mais espertos, pedir dinheiro, embora seus associados voluntariamente cedam parte de seus salários para o " bem da causa" .Maliciosos e pérfidos" comme il faut" vão dar, sim, dar dinheiro, comida e ajuda aos que precisam. Evidente que toda a dinheirama que vai financiar esses projetos, tão facilmente aceitos e elogiados, virá através de mentiras, desfalques, desvios e muito corrupção, afinal quem é, senão o demônio, o pai da corrupção? E o povo, inebriado por essa " justiça", deixará, aos poucos, de pensar, de comparar, de avaliar e sem qualquer outro questionamento que exija um mínimo de isenção e inteligência, se prostrará a esse senhor tão generoso e leal. Para esse ser satânico basta apenas que não o questionem nunca e que o avalizem em todos os seus atos e movimentos.
Alguma diferença entre esse deus e o diabo?Será que, apesar das aparentes diferença,s não estaremos lidando com o mesmo tipo de método e resultados?
Qual, pergunto, o grande objetivo de um e outro senão o poder? Poder de mentir, de enganar, de vender ilusões e caminhos fáceis. Poder de manipular dados, pessoas, governos e países...
E os que creem? Ah, detalhes nessa intrincada equação, meio e fim para tantos propósitos menos dignos e menos verdadeiros.
E assim a coisa segue, cada qual diante de um desses altares, trocando seu talento mais maravilhoso, o de pensar, por essa terrível ilusão de que eles, deus e diabo, resolverão todos os seus problemas, suas dores, suas misérias e seus desencantos.
Triste parábola essa, triste país, que um dia foi chamado terra do sol.

Para Iara e Newton Nazaro, nossas conversas me levaram a pensar esse texto.


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Conversas..


Em conversas ontem sobre tema até meio bobo e lugar comum, assuntos de família, chegou-se à conclusão de que quando fazemos coisas boas, legais, querendo ajudar, etc, para outras pessoas, não se espera retorno, mas ingratidão a gente dispensa!
Esse sentimento, ingratidão, é doloroso, ainda mais quando envolve pessoas próximas, amigos, parentes, etc. Deles, afinal, a sempre quer estar perto, quer conviver, quer ver bem.
Pensando sobre isso percebo que a 'ingratidão", ( no dicionário  "s.f. Falta de reconhecimento, de gratidão; qualidade do que é ingrato.Pagar com ingratidão, não ter reconhecimento", ) tem, em geral, três caminhos: a falta de memória, proposital ou não, o orgulho e o mau-caratismo. Senão vejamos:
O " desmemoriamento" faz como que sejam esquecidos os momentos de "precisão", de necessidades de qualquer tipo: uma palavra, um colo, um olhar, dinheiro, companhia, ajuda, afeto e apoio. Ok, precisou-se, foi-se atendido, boa tarde, passar bem. E nisso vem um perigo gigantesco: precisar de novo...E a vida é mestra nisso. Não se fica imune nunca de precisar de alguém.
O orgulho é outro caso, mais complicado, pois não trata de esquecer ou lembrar de ter sido ajudado, mas de querer sempre que todos os desejos e necessidades virem " prioridades", ou seja, uma distorção maluca que quer tornar a atitude generosa e prestativa do outro numa quase obrigação ou, pior, um defeito ( se essa ajuda não vem como se quer!).
Do mau-caratismo não preciso falar muito. De quem não tem caráter esperar o quê?
Existem pessoas, por natureza e temperamento e mesmo formação, solidárias e disponíveis. Conseguem se colocar no lugar do outro, sentir e perceber as dificuldades e dores alheias. E buscam, como podem e nem sempre podem, amenizar e amparar. Esses seres em sua maioria abrem mão de " priorizar" seus próprios interesses, procurando um bem comum. Não esperam louros, nem reconhecimentos. Mas também não esperam ofensas e mesquinharias.
Difícil, viu?
A natureza gentil e sensível de quem se dispõe a " dar uma força" se ressente muito quando percebe que existe tanta desconsideração e indelicadeza pelo mundo.
Como disse, foi uma conversa pouco importante ontem, onde exemplos de "ingratos" foram dados.
Pessoas que passavam por " perrengues" de todos os tipos, saúde, dificuldades emocionais, solidão, etc, que, assim que se viram mais ou menos " bem", trataram de virar as costas sem olhar para trás e, mais triste, ainda buscaram " detonar", de maneira cruel e fria, aqueles que os ajudaram.
Um longo silêncio ficou entre nós, eu, Gil e meu enteado, quando terminamos esse papo. Uma perplexidade, um desânimo mesmo, diante da mediocridade e tacanheza.
Ajuda não se cobra, verdade verdadíssima, agora falta de consideração é de doer.
 Boa semana.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Canta, canta mais...

Dia desses vi que Gil, meu marido, estava " passando os olhos" por esse meu humilde blog. Não é sempre que tenho esse privilégio, Gil escreve muito bem e suas críticas e considerações são sempre acertadas.
Depois de ler ele, quem o conhece sabe, com aquele jeito sério e polêmico me disse gostar muito dos meus textos bem humorados ou engraçados e não muito dos marcados pela tristeza ou melancolia...
Fiquei pensando, será que o que ele chama de " melancólicos" não seriam os que, de verdade, abro mais o coração e divido, de maneira escancarada. o que me toca e sensibiliza?
Entendo, o temperamento dele é, embora aparentemente mais expansivo que o meu,  bem reservado. Gil não divide emoções suas com quase ninguém. Guarda, esconde, camufla, tenta não deixar vir à tona. Um leonino, portanto, alegre, espalhafatoso que se nega ser chamado de " deprê" ou baixo astral..rs.
Ocorre que não sou assim. Sou meio bipolar, talvez por conta de meu Gêmeos no ascendente tenho momentos de muito humor e graça versus o de extrema sensibilidade e até mesmo desencanto.
Essas diferenças tem sido o tempero do nosso casamento de tantos anos e, obviamente, motivo de alguns bate-bocas..rs.
Tem jeito, não, cada um é como é.
Hoje escrevo um dos textos que, já sei, não será do agrado do meu leonino favorito.
A canção que dá nome ao blog, Canta, canta mais, de Tom e Vinícius, veio no " box" que ganhei de Luiza, minha filhota, presente adiantado de aniversário. Ela comprou no Rio nesses seus dias de férias sabendo de minha paixão sem cura por tudo que Tom fez.
Não dá para não me emocionar e são vários e delicados motivos.
Presente comprado no Rio de Janeiro, uma cidade que só me traz linda memória de infância de criança amada por pais como os meus, dedicados e sempre atentos a tudo que fazia feliz! Praia de Copacabana, areia branca e fina, céu e mar azuis de dar até dor nos olhos, sorvetes,  muita música. Sergio Endrigo, Nico Fidenco, Dick Farney  e Tom que rodavam sem parar na " vitrola"  e a imagem de minha linda mãe rodopiando com eles pela sala...
Tom Jobim...Tom Jobim. Esse músico e pessoa incrível é a cara de um Brasil que gostaríamos que um dia fosse como ele. Atento, talentoso, sensível, belo, cheio de poesia e consciente do mundo que o cerca, da natureza que, linda, tem que ser preservada e amada. Dá para não se emocionar ouvindo e vendo Tom? Não dá.
E, talvez, o maior dos motivos : do Rio de Janeiro veio Tom de presente, dado por Luiza!
Que se chama Luiza por causa de Tom! Mágica delicada do destino que uniu uns e outros, mãe e músico, filha e músico, mãe e filha.
Pois é. Chorei ao ver e ouvir o maestro Tom Brasileiro, por ter vivido tudo que vivi, do Rio até aqui, por ter dado esse nome à minha filha, Luiza e por ela também amar essas canções...
A letra dessa música é um primor colocado nas notas únicas em harmonia e diz assim:


Canta, canta
Sente a beleza
Canta, canta
Esquece a tristeza
Tanta, tanta
Tanta tristeza
Canta
Canta
Quem canta o mal espanta
Vai sempre cantando mais, mais
Canta pra não chorar
Canta, canta
Canta, vai, vai
Segue cantando em paz
Canta, canta
Canta mais

E resolvi, vou cantar sempre, espantar as minhas tristezas e minhas saudades, vou atrás da paz e harmonia contidas nessa lindeza...E através do Tom e Luiza e toda uma trajetória vou viver, até onde for, me emocionando.
Bom dia!




domingo, 19 de agosto de 2012

Galos e mais galos!




Quem me conhece sabe, e se diverte, com minha aterradora fobia por galinhas. Sim, aqueles pequenos animais com olhar estranho ( um olho de cada lado) e atitudes mais estranhas ainda me dão arrepios!
Passo vergonha com isso!
Vejam, outro dia levando as minhas 2 netas menores numa dessas " fazendinhas" urbanas, tive que disfarçar o tremendo mal estar causado por algumas ( muitas) dessas criaturas soltas para a alegria da criançada. A nora riu muito pois, como a maioria das pessoas, acha hilário esse meu medo. Disfarcei pois não quis " socializar" esse meu pavor com as 2 pequenas que tem direito aos seus pavores particulares durante a vida!
O fato é que não curto aves em geral, tenho montes de gaiolas aqui enfeitando meu jardim, vazias! Ah, não gosto de pombos tanto quanto de galinhas e várias vezes quase fui atropelada ao fugir deles nas calçadas!
Por outro lado adoro galos! Sim, mesmo tendo medo, acho-os lindos, arrogantes, imponentes e cheios de personalidade ( e mau humor também!).
Tinha uma banda de rock maravilhosa nos anos 70 que se chamava Atomic Rooster ( Galo Atomico) que era sensacional e me encantava pelo nome e lembrança de tal interessante ave.
Mas o que quero contar é que aqui onde moro, no Brooklin Velho ( cujo nouveau richismo insiste em chamar de Campo Belo, mas não é), bem em frente de minha casa, tem um imóvel, mega, mais de 1000 mts quadrados que está a venda e atrás do seu alto muro mora um sonoro e divertido galo!
É muito legal pois, além de tudo, de seu canto maravilhoso que, segundo algumas lendas ocultistas espanta os demônios e maus espíritos, ele é totalmente indisciplinado e faz o horário que bem entende, ou seja, solta seu canto várias vezes ao dia, sem respeito nenhum às mais arraigadas tradições! Um galo rebelde portanto, tem coisa mais legal???!
Canta ao alvorecer? Quase nunca, mas pela manhã ouço-o várias vezes e sorrio.
É como se fosse tudo um corte, um viés de um outro mundo, surreal, fora dos padrões e cheio de vida e fantasia...Ao lado dos mega e multimilionários prédios e avenida que constrói um monotrilho, impregnados de ruídos típicos de uma metrópole desrespeitoso e agressiva, soa um galo dia ou noite trazendo a nostalgia do campo, das chácaras e muito verde!
E dá para não sorrir com essa trilha sonora?
Pois é, mágica mesmo, dessa cidade e suas mil faces, desse bairro que tem de tudo, do bom e ruim e ainda conto com a vizinhança dessa bela e orgulhosa pessoinha: um galo sem disciplina!
Encerro meu texto agora, 13, 32hs da tarde de um ensolarado domingo e nesse momento ele canta! Dá ordens, organiza, provavelmente seu galinheiro, com voz de general e de quem não admite desobediência.
Faz ele muito bem, as tais galinhas de seu harém são, com certeza, bichos bem ladinos e traiçoeiros!
bom domingo!

ps- aqui um link do Atomic Rooster: http://www.youtube.com/watch?v=7ASAEv31vbM
ps2- mesmo com medo de galinhs, coleciono das de Angola em cerâmica, vai entender!!!!!


quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O presente é o passado que não acabou...

Meu querido amigo Newton Nazaro colocou as coisas, tão simples, nos seguintes termos: O presente é o passado que não acabou"...
Falávamos sobre música, sobre rock and roll que move a trilha sonora de nossas vidas, de toda uma geração que teve a benção de " ver e ouvir" ao vivo, no exato momento que acontecia! Sem Youtube, sem arquivos, sem Cds ou outra tecnologia.
Era pelo rádio mesmo ( Excelsior, Difusora, Mundial do Rio), pelas revistas e por troca de informações da confraria que ia " contando as novidades", novos discos, sim " discos", vinis e suas maravilhosas capas, que saiam dos fornos! Ou os bons contatos que tínhamos no " Museu do Disco, Hi-Fi" que nos telefonavam ( telefone fixo, gente, não havia celular) prá avisar do que tinha chegado nas lojas!
Foi assim...com o Álbum branco dos Beatles, com o Abbey Road, com o Sticky Fingers dos Stones e sua capa censurada, com o Grand Funk, com Johnny Rivers, com Lennon igualmente sob censura, com tudo de bom e lindo que ouvíamos! E a música, essa música, ou esse " tipo de música" que nos unia a todos num elo indestrutível...Éramos um e todos ao mesmo tempo....
E teve " Hair" e todos os Hendrix, Joplin e teve o marco inesquecível de " Woodstock", quando descobrimos Crosby, Stills, Nash e Young, Santana, Johnny Winter e caímos em êxtase com The Who e seu emblemático " Tommy".
Lindos dias, lindos tempos e tantas aquisições que trazem , essa geração, que hoje passa dos 50, ainda tão viva e pulsante.
E nos tornamos assim, chatos sob alguns olhares, exigentes e não caímos em modismos nem batidinhas de " quinta" ou tons comerciais...
Curtimos coisas boas desde então, Stevie Ray, Emerson/Lake/Palmer, REM, Dylan, Yes, Mountain e Nirvana. Mas somos pentelhos mesmo!
Viver onde e como vivemos teve seu preço! E o pagamos com gosto e boa vontade, sem concessões e cada vez que nos reunimos, alguns de nós ou sentamos sozinhos para " curtir" um momento, a trilha é sempre a velha e boa na qual fomos criados e moldados.
Hoje falei com grande amigo, músico primoroso, cantor sensível, João Paulo e disso falamos, sobre a linda banda que tiveram, de qualidade e inesquecível, mas que não teve, naquele momento, forças pra chegar ao grande público. Faz mal não, João, a consciência está tranquila, o bom e bonito foi feito. Sorte de quem viveu isso. Sorte nossa.
O nosso legado? Toda a maravilhosa música, o incrível rock and roll, and blues, and country, and fusion e todos seus músicos que nos obrigaram a " afinar" os ouvidos"  e aprender a separar o que presta do que não presta!
Um presente do destino ter vivido nesse momento, único e peculiar, do mundo e suas canções!
Sou e serei sempre grata a isso.
beijos

ps- Para Newton Nazaro e João Paulo de Almeida.
ps- para todos os grandes músicos, famosos ou não

domingo, 15 de julho de 2012

Memórias entre gansos...





Dizem que os criminosos sempre voltam ao local do crime. Acredito. Anos e anos viciada em literatura policial isso se tornou uma verdade indiscutível: ou rastros ficam ou o assassino volta.
Mas o caso aqui é menos sinistro, embora fale de " retorno".
Anos e anos se passaram desde que perdi minha mãe e mais outros tantos ( uma enormidade!) de minha infância.
 E foi então que retornei a uma paisagem tão querida, dos dias vividos numa meninice tão feliz e privilegiada com meus pais, avós, tios tão amados e de quem sinto tanta falta: Serra Negra e Águas de Lindóia...
E se pretendi descansar, garanto que o fiz, pois dias de inverno nessas serras são relaxantes e amenos, sem o sol abrasador e extenuante do verão.
 Mas, também garanto, remexi muitas e fortes emoções, de beleza, de saudades, de memórias tão delicadas das paisagens que vi e vivi numa primeira de muitas vezes ao lado de minha mãe que amava esses lugares.
Os hotéis que nos hospedavam eram ainda os mesmos, as praças e lagos das brincadeiras de criança, os cavalos e bodes em charretes coloridas e se fechasse um pouco os olhos, me era possível ouvir o riso e chamamento de mamãe.
Me senti longe e perto, me senti menina e muito, muito madura e ali, entre o frio e o azul sem nuvens do céu de inverno dialoguei longamente com minhas mais caras lembranças, de dias tão belos e que pareciam ser para sempre.
E recebi, na pousada em que fiquei, de um jovem casal suíço-italiano que se apaixonou por essas mesmas serras, tanto carinho e acolhida que me sustentaram a vivência de tais emoções e sentimentos.
O chef Bruno Bianchi e sua "lasagna alla italiana" inesquecível, ao lado de Bárbara e do pequeno Diego, seu " bambino" lindo e alegre, criaram essa Locanda da Oca Bianca, em Serra Negra de onde ia e voltava nessa viagem ao passado.
E finquei amarras para o futuro...De um dia desses poder fazer o mesmo que minha mãe fez:  levar minhas 3 netas para um lugar tão lindo e inesquecível nos sonhos de criança.
Não há dor nesse rememorar. Nem tristeza.
Saudades e alegria. Rasgos de infância, cenas, momentos bons que me apoiam nas horas de medo e solidão.
E lá, no meio da serra, entre lagos, gansos ( ocas), hotéis antigos e novos amigos, sei que voltei melhor.
E sinto que ainda voltarei para, quem sabe, deixar lembranças parecidas para minhas netas quando não mais estiver aqui.
Boa semana.

Locanda Oca Bianca
Rua Nove, 280  Serra Negra, 13930-000
(0xx)19 3842-1447

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Invisível!

Faz tempo que não publico nada, estava como o cachorro do filme publicitário " sem assunto"... De fato assunto tem, mas ânimo andava em falta. Esse tempo quieta e quase " invisível" me trouxe o assunto de hoje, exatamente o que faltava para que eu escrevesse: in-vi-si-bi-li-da-de. É doido isso, se pensar muito decolo sem volta, mas vou tentar permanecer no aqui e agora. Lentamente, se a gente bobear, vai ficando invisível e isso, muito claro pra mim, vem do " não olhar" do outro...Como se existisse um mecanismo entrelaçado, um vai e vem que não deve ser rompido. Nesses meses de mudança e pós mudança de casa fiquei, sem escolhas outras, dentro de casa, ajeitando, arrumando, marcando com minha marca (!) meu novo território. Tinha que voltar a me sentir " em casa", criar meu canto, seguro e conhecido. Tarefa árdua, quem mudou sabe. Fiquei, portanto, quieta na rotina inexorável das pequenas coisas, sem valor aparente ou relevância. "Indoor"... Aos poucos fui percebendo que estava me tornando " invisível" e, pior, comecei a acreditar nisso, quase me movendo com cuidado e delicadeza próprios dos fantasmas e almas penadas... Não havia mais desejo, nem vontade, nem buscas nem qualquer outro sentimento que me conectasse. Fazia e pronto. E não havia mais ninguém, nem dentro de casa, que parasse um segundo sequer, para perguntar o que eu queria, sentia ou esperava. Funções eram exigidas e cumpridas. As horas viraram dias, que viraram semanas e meses! E tal como os fantasmas, passei a viver do passado, do que tinha ficado para trás, dos sonhos não concluídos e senti, como eles, a enorme tristeza de ser invisível para aqueles que amo tanto...E fantasmas, creiam, são alimentados por tristeza e saudades. Um dia, tempos atrás, percebi que não era ainda chegado esse tempo, havia vida a ser vivida, aos trancos e barrancos, mas vida. E com algumas suaves " marteladas", ás vezes não tão suaves, exigi meu direito indiscutível e intransferível ao mundo visível. Cortei os cabelos, em cada mecha meu pálido fantasma particular ia se diluindo... Abri o armário e coloquei meu amado chapéu de côco meio inglês, meio Chaplin e com todo o estrondo possível re-entrei (?) no mundo quase novo que me cercava. E aprendi,mesmo com o descaso ou cansaço dos olhos que me olham e por estarem acostumados não me enxergam com nitidez, que não sou invisível. E pretendo continuar assim por muitos e muitos anos! Boa semana!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Será?


Hoje é um dia meio estranho, uma notícia no jornal me fez pensar e resolvi escrever sobre algo que anda " passeando" muito pela minha cabeça.

Certo, ninguém precisa de belas roupas, raros perfumes ou vinhos, viagens de sonho ou livros, discos, objetos, etc, para viver. Não mesmo, mas essas coisas tornam a vida mais interessante, prazerosa...
O momento que vivemos é meio contraponto disso que escrevo, afinal sermos " politicamente corretos" e pensar, antes de tudo, na fome, miséria, dores e doenças dos que não tem nada é prioritário. Concordo.
Mas tem outro lado.
Arroz e feijão, básicos e normais, podem ficar mais bonitos e gostosos se usarmos folhinhas de manjericão e fitas de tomates pra enfeitar...Um macinho de margaridas, colocados numa garrafa vazia podem deixar nossa salinha mais aconchegante e com charme. ( nada disso é essencial..)
Uma bela bolsa, um lenço de seda ou um perfume que sonhamos comprar também podem trazer de volta a auto estima, o brilho nos olhos e a vontade de se arrumar...
Não sei se o supérfluo é supérfluo mesmo.
Viver sem a beleza e prazer é complicado...
Os povos que optaram por cortar isso tudo e socializaram o básico para todos( menos alguns privilegiados do poder, claro, que não são " todos" como todo o resto),esses aparecem sempre em tons " cinzentos" nas fotos..São iguais, sem cores vivas, sem muita identidade. Não parecem felizes.
Talvez justamente na escolha do que " não se precisa" esteja a chave para mostrarmos quem somos de verdade, qual o sonho que nos anima, qual desejo que sentimos e nos faz mover...
Ando me sentindo sem " supérfluos", está faltando cor, faltando uma saia colorida nova e, pior, coragem de comprar uma saia colorida nova. A vida anda dura, sêca, áspera...
Hoje, anos e anos vividos, procuro não entrar nessa armadilha bem armada de que consumo é pecado ( exagerado e compulsivo é, mas isso é tema de psicoterapia!), de que investir em algo apenas bonito, belo e que sonhamos não é menos importante que poupar para a velhice, que às vezes a gente precisa se mimar, se presentear, se permitir uma " bobagem" qualquer, seja um par de sapatos, um disco, um filme, um corte de cabelo com Estebán, uma sessão de acupuntura, um vestido novo...Ou um lindo jantar a dois, desses que custam quase metade do preço de uma " feira" para toda a família. Ou tirar 100, 200 reais por mês do nosso apertado orçamento para pagar uma passagem para Grécia..Tudo isso não é ruim, nem pode ser encarado com culpa ou remorso. Essencial não é, mas, e daí?
Viver é isso, não só isso, mas principalmente.
Não quero me sentir agoniada diante de escolhas entre coisas que não tem nada em comum: o açougue ou o cinema! Não dá.
E cá entre nós, se pensarmos como certas cabeças, 3 refeições ao dia, um cantinho seco para dormir e um pouco de água para tomar são o suficiente e necessário para nos mantermos vivos...Será?

Boa tarde.

-Para Eliane, que encontre a luz e paz.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Salvar ou não salvar?



Li hoje, bem cedo, um texto que me foi enviado por uma linda moça, perplexa e entristecida pelo que chamou de " insensibilidade com o próximo".
O que a chateava era algo que sempre chateou a mim também: o próximo, em geral, é mais uma ideia, uma abstração, conceito filosófico-ideológico do que alguém de " carne e osso e sangue" que está bem próximo das pessoas, geográfica e emocionalmente falando...A moça se sentia, com razão, pouco importante aos olhos do amado..
Fui adolescente nos 70, o mundo em ebulição, tudo mudava, todos se engajavam em alguma coisa, drogas, contracultura, flower power, guerrilhas, revoluções e contra revoluções.
A palavra de ordem era " posicione-se".
Nunca consegui. Amava os hippies e seus novos conceitos, a liberdade, os novos modos e maneiras, mas em nenhum momento pude me " filiar" a qualquer desses movimentos, religiosos, políticos ou não.
O que me acontecia era sempre uma enorme desconfiança em tudo que falasse ( e fale) em nome " de grupos" minoritários ou não.
Não sei bem porquê ocorre isso, mas acaba que os dogmas, verdades, discursos e crenças acabam neutralizando qualquer outra atitude pessoal.
As palavras e, pior, as atitudes, acabam se tornando meio repetitivas e tendo mais importância que o motivo inicial que criava (e cria) tais engajamentos.
Explico: no afã de, por exemplo, se fazer caridade, arrecadar fundos em Ongs, suspeitas ou não, salvar as baleias, os sem teto e os vegetarianos, ou o parque do bairro ou mesmo denunciar governos, ditaduras ou abusos de direitos humanos, etc, a maioria dos " militantes e/ou simpatizantes" acaba desconhecendo as mais simples e delicadas noções de convívio, respeito e solidariedade com aquele " próximo" que tanto pode ser a amada que fica em casa só, administrando filhos e contas (enquanto o marido salva o planeta e não é capaz de salvar seu relacionamento), quanto com o amigo que não compartilha de suas angústias sociais ou cores partidárias e que acaba sendo riscado, sem dó nem piedade, das vidas e corações ( afinal é um alienado)...
É mais ou menos assim, ser politicamente correto não significa, necessariamente, ser ser bacana e maduro com sentimentos, pessoas e assuntos pessoais.
Estranhamente tenho visto muito o seguinte: quanto mais engajado, correto, ativo e antenado, mais egoísta, ausente e emocionalmente relapsa( e chata) a pessoa vai se tornando.
Bem legal salvar o planeta, sentir a dor dos que nada possuem, defender quem não tem voz nem força, mas, por favor, participar um pouco das " bobagens" do dia-a-dia tais como convidar o outro para um cineminha, uma pizza, namorar ou mesmo parar e olhar, por alguns segundos, para os olhos do " próximo" ( aquele comum, sem glamour, tais como amigos, pais, mães, namorados(as)ou colegas de trabalho) e perceber quando estão tristes, carentes e apenas querem atenção ou afeto não vai atrasar tanto as boas ações coletivas.
Não vai IBOPE lamento informar, nem será tópico para publicar nas redes sociais, mas, garanto, vai trazer uma incrível sensação de " ser humano", de sentir, de amar e se entregar e até mesmo sofrer e estar, aí sim, fazendo parte da "humanidade".
Em tempo, os ingleses tem um ditado, bem bacana : Charity begins at home ( Caridade começa em casa), vale a pena pensar, não?
Ótima semana.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Pode " to be" ou não? ( né, Joel Santana ?)





Gente muita mais importante que eu se pegou nessa questão, ser ou não ser...
Aliás, esse " bordão" filosófico acaba servindo para quase tudo que se refira a decisões, escolhas e/ou autoconhecimento...
No meu presente momento essa dúvida está não na " minha essência" primordial, meu "eu", etc, etc...Mas a uma pequena parte de minha personalidade ou " jeito", se preferirem. Refiro-me a questão específica: omissão ou intromissão?
Percebo que, nesse tempo de vida vivida, tenho me envolvida em muitas, incontáveis e algumas inenarráveis, bolas divididas, justamente por não conseguir manter "a boca fechada".
O ruim é que mesmo sabendo, de antemão, que devo me manter " estátua", acabo dando opinião, falando e, claro, armando confusão!
Sei que nesse último ano, por cansaço ou sabedoria, ou os dois juntos, vejo que consegui me controlar mais e tenho permanecido " fora" de muitos conflitos! Fantástico, não?
Confesso que não é sem esforço nem dificuldade, mas tenho "pairado" acima ( ou abaixo, não sei bem) de muitos mal entendidos e estares.
Não é fácil, entretanto, me sinto omissa vendo uns ou outros tomando decisões que, francamente, estão fadadas ao mais completo e retumbante fracasso, mas ainda assim conto até 10, 100, melhor, 1000 e respiro..ufa...pronto, passou e, maravilha!, não falei nada.
Viver deve ser isso também, aparar arestas, modificar o que não dá muito certo e, quem sabe, aumentar as possibilidades de viver em paz e com mais harmonia.
Não posso, mesmo que queira, poupar meus filhos, minhas netas, meus amigos, meu amado, das suas experiências, por mais dolorosas que sejam. Quando muito posso ficar aqui, firme, na retaguarda, para dar colo e carinho caso precisem ou queiram.
Omisso pode ser um exagero ( aliás especialidade minha essa..rs), pode ser entendido como " respeito", pode ter confiança no outro, não?
Pois o que pensei a vida toda ser cuidado, amor, preocupação geralmente era lido como " intromissão"...
É... tem que mudar, tem que experimentar modos, formas, jeitos diferentes...
Afinal pode ser, melhor, pode " to be" como diz o hilário Joel Santana no filme pubicitário de um refrigerante, uma coisa bem legal!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Bom de Papo! ( ou Insônia Criativa)



Pois foi então que, seguindo ritmo dos últimos dias e mantendo a marca de 4horas sono-dia, revi essa madrugada na HBO " O Advogado do Diabo" ( The Devil´s Advocate).
Filme de 1997, direção de Taylor Hackford, com Al Pacino, Keanu Reeves, Charlize Theron e outros menos cotados, narra a trajetória de um ambicioso e desconhecido advogado da FLórida(Keanu Reeves) que é chamado pelo diabo em pessoa( Al Pacino) para fazer parte de seu poderoso escritório de advocacia em NY.
Eses tema a gente, mesmo quem não assistiu esse filme, já meio que pode imaginar como se desenrola, afinal o velho Fausto está aí e não nos deixa esquecer o preço que se paga em certas "associações".
O que me chamou a atenção foi, no entanto, coisa bem diferente.
Na "queda" para o diabo, vou chamar assim, das 2 mulheres importantes na trama, a mãe e a mulher do advogado, o relato e\ou confissão era o mesmo!
Apesar de histórias, idades e resultados diferentes ambas alegaram como motivo principal o seguinte: " ele conversou comigo por horas e horas e só depois fizemos amor"...
De lascar isso!
Ao contrário do advogado, homem, o ponto fraco delas passava bem distante, milhões de quilometros, de poder, dinheiro ou fama!
Atenção, apenas isso,elas queriam atenção... Horas de uma atenção que certamente lhes devolveu o gosto de se saberem amadas, valorizadas, desejadas e queridas...E o esperto "caramunhão" usou com maestria isso.
E, incrível, hoje pela manhã li a sempre maravilhosa crônica de Pondé na Folha de São Paulo, nela ele falava, dentre outras coisas, de " Francesca", a personagem de Meryl Streep no delicado " As Pontes de Madison" de Clint Eastwood...E aqui o tema do caso de amor, da traição da mulher, as escolhas entre o que se quer e o que se vive. De certa maneira a recorrente " atenção", alguém que nos enxerga, que pára para nos olhar e admirar e que com esse simples gesto acaba tendo o poder "demoníaco" sobre nossas almas e destinos...
Lindo isso, está tudo aí nos contos, nas his-estórias, nas fábulas, alegorias e lendas, só não as lê quem não quiser.
O caminho e a senha estão dados, pelos menos para uma grande parte dos corações femininos. Mesmo em pleno séc XXI ainda gostamos de nos saber únicas, especiais e dignas de sermos escutadas...
Minha mãe usava um ditado popular que gosto muito " O Diabo é sábio porque é Velho"...
Verdade, certamente ele deve ter visto muita coisa acontecer em todos esses milênios e ao contrário da maioria dos homens, aprendeu rápido com essas lições!
Boa semana,