sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Será?


Hoje é um dia meio estranho, uma notícia no jornal me fez pensar e resolvi escrever sobre algo que anda " passeando" muito pela minha cabeça.

Certo, ninguém precisa de belas roupas, raros perfumes ou vinhos, viagens de sonho ou livros, discos, objetos, etc, para viver. Não mesmo, mas essas coisas tornam a vida mais interessante, prazerosa...
O momento que vivemos é meio contraponto disso que escrevo, afinal sermos " politicamente corretos" e pensar, antes de tudo, na fome, miséria, dores e doenças dos que não tem nada é prioritário. Concordo.
Mas tem outro lado.
Arroz e feijão, básicos e normais, podem ficar mais bonitos e gostosos se usarmos folhinhas de manjericão e fitas de tomates pra enfeitar...Um macinho de margaridas, colocados numa garrafa vazia podem deixar nossa salinha mais aconchegante e com charme. ( nada disso é essencial..)
Uma bela bolsa, um lenço de seda ou um perfume que sonhamos comprar também podem trazer de volta a auto estima, o brilho nos olhos e a vontade de se arrumar...
Não sei se o supérfluo é supérfluo mesmo.
Viver sem a beleza e prazer é complicado...
Os povos que optaram por cortar isso tudo e socializaram o básico para todos( menos alguns privilegiados do poder, claro, que não são " todos" como todo o resto),esses aparecem sempre em tons " cinzentos" nas fotos..São iguais, sem cores vivas, sem muita identidade. Não parecem felizes.
Talvez justamente na escolha do que " não se precisa" esteja a chave para mostrarmos quem somos de verdade, qual o sonho que nos anima, qual desejo que sentimos e nos faz mover...
Ando me sentindo sem " supérfluos", está faltando cor, faltando uma saia colorida nova e, pior, coragem de comprar uma saia colorida nova. A vida anda dura, sêca, áspera...
Hoje, anos e anos vividos, procuro não entrar nessa armadilha bem armada de que consumo é pecado ( exagerado e compulsivo é, mas isso é tema de psicoterapia!), de que investir em algo apenas bonito, belo e que sonhamos não é menos importante que poupar para a velhice, que às vezes a gente precisa se mimar, se presentear, se permitir uma " bobagem" qualquer, seja um par de sapatos, um disco, um filme, um corte de cabelo com Estebán, uma sessão de acupuntura, um vestido novo...Ou um lindo jantar a dois, desses que custam quase metade do preço de uma " feira" para toda a família. Ou tirar 100, 200 reais por mês do nosso apertado orçamento para pagar uma passagem para Grécia..Tudo isso não é ruim, nem pode ser encarado com culpa ou remorso. Essencial não é, mas, e daí?
Viver é isso, não só isso, mas principalmente.
Não quero me sentir agoniada diante de escolhas entre coisas que não tem nada em comum: o açougue ou o cinema! Não dá.
E cá entre nós, se pensarmos como certas cabeças, 3 refeições ao dia, um cantinho seco para dormir e um pouco de água para tomar são o suficiente e necessário para nos mantermos vivos...Será?

Boa tarde.

-Para Eliane, que encontre a luz e paz.

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