domingo, 23 de outubro de 2011

It don´t come easy





O título do blog é bom, tem tudo a ver com que quero dizer.
Já a canção da qual tomei emprestado não gosto muito, mas esse blog não é sobre as canções gravadas por Ringo Starr.

Isso não vem fácil, seria uma tradução livre e garanto, queridos, não vem mesmo!
Explico, resolvi após 4 anos de reincidência, parar de fumar. Nunca fui uma fumante " de confiança", sou obrigada a confessar, já que comecei a fumar aos quase 18 anos quando todos os amigos já eram Ph.D nisso..rs..
Fumava antes dessa idade, mas não os cigarros feitos com fumo Virginia, mas isso é outra história.
Mas, voltando, sei que comecei a fumar tarde e desde então parava por anos e anos, recaia, fumava de novo, parava e assim fui. Não era de confiança, concorda?
No final de 2006, com a doença de minha mãe, a besta aqui que vos escreve achou de buscar apoio e conforto emocional nessa crise adivinha onde? No cigarro !!!
Ok, pode me chamar de tonta, imbecil ou qualquer outro adjetivo similar, mereço cada um deles, ainda mais depois de ficar comprovado que a doença que matou minha mãe estava diretamente ligada ao cigarro! Uma besta mesmo!
E foi assim que, depois de anos e anos livre do vício, voltei com força total a esse hábito que considero e sempre considerei, mesmo quando fumante, nojento.
Mas desde então vinha ensaiando parar, não estava muito confortável...
Parava por algumas horas, esquecia que queria parar e quando via já estava fumando de novo, até que semana passada, no meio de um grande surto de problemas ( é sempre assim que acontece comigo) decidi que de um deles, pelo menos, iria me livrar. Parei de fumar !!!
Estou ótima! Não fumo desde o dia 17 de outubro e, como sempre foi nas vezes anteriores, não tenho as famosas " crises de abstinência"!!! Para dizer bem a verdade não tenho a menor ideia do que sejam...rs
Estranho isso, não fico tensa nem neura, não deprimo, não durmo demais nem perco o sono, nem sofro de delírios de nenhuma espécie e nem percebo nascerem em mim instintos homicidas.
Mas tem sim uma coisa complicada: o hábito.
Não o de fumar em si, mas o de carregar o maço de cigarro, acender o isqueiro, bater as cinzas, isso sim é estranho, sinto falta, procuro, parece que "esqueci" alguma coisa quando me sento para ler ou saio ou arrumo minha bolsa.
Coisa difícil de esquecer...
E quando escrevo também, o ato de acender um cigarro de alguma maneira me ajudava a organizar melhor as idéias e raciocínio. ( ou isso eu é que achava....rs).
Mesmo com o " It don´t come easy", estou ótima, mais leve e ágil, meu cabelo cheira bem, meu pique mudou e me sinto muito menos culpada em relação à minha osteoporose (que coisa medonha viver em culpa...rs).
Estou me divertindo muito com esse interessantíssimo exercício de "poder".
Explico, é muito bom saber que posso me controlar e parar de fumar assim, just like that, sem dramas, sem medicamentos e melhor, sem grandes alterações nas condições de temperatura e pressão.
Continuo a mesma, tomo meus aperitivos normalmente, café nas mesmas quantidades, apenas não fumo ( ok, confesso, tenho comido um " pouquinho" a mais também...rs)
Deus me livre virar aquela pessoa que conheço que também parou de fumar e de quebra perdeu o emprego, enfrentou um divórcio e até foi jurada de morte pela metade dos amigos, tal o mau humor,a grossura e descontrole emocional que recheavam as patadas que distribuía, democraticamente, em todos os que cruzavam seu caminho!
Ou então ficar como aquele ex-fumante chato, esse tem aos montes, que vira uma espécie de inquisidor e não dá paz com seu blablablá insuportável sobre os malefícios do fumo e sempre dá um jeito de citar a palavra " câncer" na roda dos fumantes amigos ! De lascar esse tipo e cá entre nós, sempre acho que esse comportamento é típico de quem ainda morre de vontade de sair fumando de novo!
Eu não ligo. Fumantes não me incomodam, não rogo pragas nem subo no púlpito, acho o fim do bom gosto e da boa educação aterrorizar o próximo.
Podem fumar aqui em casa, do meu lado, numa boa, não reprimo, espalho cinzeiros pelas salas e ainda os limpo, quer melhor??!!! Continuo companhia para tudo, botecos, festas e boemia.
Só que eu não fumo mais!
E andei fazendo as contas, pelo meu ritmo e "modus operandi" nesses anos todos de fumar e parar e fumar e parar, mesmo que quisesse voltar algum dia não teria mais tempo..rs...portanto agora, gente, só na próxima encarnação!!
Boa semana a todos!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Outras palavras...







Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói.... ( O Quereres- Caetano Veloso)



Então, o nome do blog e poema acima, ambos de Caetano, me norteiam hoje.
É sobre as transversais de comunicação, explicando melhor, o que eu falo e o outro entende e vice-versa...
Sempre acho que existem milhares, milhões de atalhos (diferentes do que queremos de verdade dizer) que a gente pega com as palavras...Quase uma doença, já que tem sequelas imensas e geralmente viram discussões, brigas e conflitos e o mundo cai!
Tem montes de livros sobre isso, não vou citar pois não ganho nada com isso..rs...sério, todo mundo conhece e caso não, um pulinho no setor de autoajuda nas livrarias da vida, hão de ajudar a encontrar tais assuntos e títulos...
Mas vamos lá.
Nutro imenso amor e respeito pelas palavras, adoro, busco, sempre busquei usá-las com sabedoria e leio, com imenso prazer, repetidas vezes, quem as usa com talento, graça e propriedade produzindo textos, poemas, artigos, pouco importa, que são verdadeiras jóias! Amo a escrita e tudo que se relaciona a ela.
Mas....
Não é fácil dizer o que que se quer dizer...Tarefa, de uma vida. 
Usar tudo certinhooooooooo...No lugar, adjetivos, concordância, substantivos, verbos flexionados, regulares ou não, sujeito, verbo, objeto indireto...Ou direto para o fracasso total!!! rs...
E pero no sabes el peor...nessa miscelânea toda ainda tem que ter cor, nuance, ritmo, sentimento e perceber, com alma e coração, pois cada palavra tem seu peso, sua cor, seu tom, seu ritmo, seu movimento e sua....sua...dor e valor.
Falar nos distanciou de outros animais. Teve um preço. Tem. E iremos pagar, mesmo na busca, doida e sem fim, de " ajustar" o que sinto, quero, penso, com o que escrevo...
O preço? Não sabermos usar, corretamente, todas as palavras, que são, confesso, poucas, diante da enormidade das emoções e sensações...ou instinto...
E sempre que ouço " que saco, você passa o domingo dormindo", tento saber que quer dizer " fica comigo, e vamos ver um filme,por favor..."
Complicado, queridos, ser tradutor da própria língua...







domingo, 16 de outubro de 2011

Chet Baker e as surpresas da vida!



Em caso de dúvida sobre o que escrever melhor o silêncio...
Esse silêncio, que é terrível para quem escreve, me imponho muitas e muitas vezes. Ou ele se impõe, não sei bem.
Mas acordo e vem a vontade de voltar, de falar e falar e mais, compartilhar.
Meu blog de hoje é sobre a esperança, sobre o " nem tudo está perdido", que o mundo pode e sempre, se a gente percebe, nos surpreende.
Sou rockeira e blueslady ( existe isso??rs) por formação.
MPB descobri muitos anos depois de ficar adulta, aliás essa " falha" carrego e carregarei para sempre. Caetano e Gil e Mutantes e João Gilberto, que me introduziram no universo cantado em português, sorry, não considero MPB, é música do mundo.
Depois, bem depois, descobri Nelson Cavaquinho e Noel, que amo, mas minha cultura musical nesse terreno é pobre mesmo.
Jazz sempre amei, sempre me acalmou, me mandou "prá dentro". O jazz em sua inúmeras nuances e caminhos, se mesclando nos " fusions" me encantam...E aprendi muito mais sobre jazz com meu enorme amigo Guillermo " Willy" Ezquerra, baterista de primeira!
E ao lado dos Beatles e Stones e Santana e Led Zeppelin e Hendrix e John Lee Hooker e Buddy Guy e milhões de outros, amo Coltrane e Miles Davis e Charlie Parker e Sadao Watanabe e Alberta Hunter e Ella e milhões de outros...das big e solos " bands" e sem " bands"...
Foi então que outro dia, meio sem eira nem beira, me sentindo fora do corpo, publiquei na minha página do facebook, Chet Baker e sua interpretação de Funny Valentine ( link abaixo).
Ah...que coisa, que criatura, única, com vida, trajetória e morte de artista mesmo.Emocional, o rosto marcado pela vida e vícios e dores e talento, Chet me devolveu, naquele instante, uma enorme emoção. E através dessa publicação acabei fazendo novos amigos, amigos de amigos, que também amam esse músico pra ninguém botar defeito.
E não só trocamos opiniões sobre a canção, mas sentimentos, delicadezas, coisas boas para quem estava com o " coração meio quebrado" naquela tarde.
E viver tem disso, mudar, em instantes, o clima, o astral, o humor, para o bem ou para o mal, no caso aqui, de extrema solidão, para o colo, o afago e o veludo através de música de Chet e os amigos que ele me trouxe.
Surpresas da vida. Delícia. Bom demais!
Ótima semana para todos!
http://www.youtube.com/watch?v=UOEIQKczRPY