quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Os meus, os seus e os nossos...



 Não, dears, não irei falar sobre os relacionamentos modernos como o meu, com filhos e filhas de todos os lados...Esse assunto é resolvido por aqui...rs.
Todos que me conhecem já sabem, filhos e filhas e enteados e enteadas são um só por aqui.
Falo do desapego...
O que é meu, seu e o que é nosso...e o que não é de ninguém...
Hoje, 28 de setembro de 2011, já meio refeita do baque de ontem, 27/09, escrevo sobre " deixar ir..."
Recebi ontem a notícia de que a casa que moro, faz 30 meses, está sendo vendida, por ser legítimo dono, a uma construtora, para mais um terrível prédio nessa rua  sempre foi cheia de maritacas e gatos passeadores...
Estranhamente no domingo passado, meio aflita, agora sei porque, fui atrás de mudas e terras para " reciclar" meus vasos e jardim..Algo, inexplicável, me levou atrás dessa tarefa, jardinagem, que me é muito prazerosa e na qual tenho, modestamente, algum talento...
Passei minha segunda-feira entre lama, flores, vasos, sentada no chão, visualizando a nova primavera que chega e que, brindaria e brindarei, com mil cores e perfumes..
Mas não sei se aqui...Não sei onde....
Mais uma vez exercito tudo que li e tento aprender, o desapego...
Vou sair, tenho que, a casa não é minha e não é meu esse lugar, como disse o poeta. Não sei quando, nem pra onde, sei que, inexorável, vou sair.
Li agora, na publicação de uma jovem e linda amiga, Laura, uma frase que me cabe como luva..." estou mantendo a calma como um refém"....Isso aí...
Por 30 longos e belos meses aqui vivi e mudei, transformei, marquei e deixei claro quem sou, quem somos...E chegado o tempo de mudar, de ir,  de como ave de arribação, buscar outro canto, outro ninho, outro cenário...e como sempre, recomeçar, volver a empezar, a marcar, a identificar quem sou, quem somos...
E entre tantos pedaços, caixas, fotos, levar minha memória dos dias bons ou ruins, sempre buscando novo lugar pra tantas coisas que não podem mais mudar de lugar...
Ok, minhas crenças irão valer algo, de novo. Nada fica, nada permanece, aprendi faz tempo..Apenas o espírito do que sou, do que somos...todos nós...
Os dias de risos, de me reconstruir, meio que mal e mal, de perdas difíceis, de amores, de sonhos, de mãe, real e imaginária...ali, na casa da Flórida ficou tanta coisa que não deu pra trazer pra cá....Mas aqui, construí outras tantas, netas, festas, risos, músicas e meus vasos...recém semeados, que irão, certamente, brotar em algum outro lugar que não sei onde, ainda...
Deixo ir, chorei muito ontem, mas hoje deixo ir..Cumprida a etapa, a meta, a travessia.
Busco, com olhar ansioso, novo espaço, novo cenário...
Os meus, os seus, os nossos...tudo junto...num mesmo movimento..para frente...
Como disse Jack Sparrow, personagem criado pelo magistral Johnny Depp, em Piratas do Caribe..." Bring me the horizon"...Isso aí.

Esse blog é dedicado a todos os queridos que viveram essa casa com a gente! Em especial Nancy e Bianca que nos ajudaram tanto a "criar" isso tudo

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Redes Sociais ou a arte de conviver...

Adoro as redes sociais, principalmente o Facebook ( esse não é blog patrocinado, viu gente?).
Tenho tido, além de reencontrar amigos queridos que supunha perdidos, parentes que amo e quase não consigo ver, a oportunidade de conhecer pessoas novas que, a cada dia, me surpreendem e encantam como se fossemos velhos amigos...
E aos poucos entender um pouco de todas elas, seus gostos musicais, de cinema, compartilhar programas incríveis e ver suas fotos, ou seja, estar perto delas e suas vidas de alguma maneira.
Tudo, entretanto, tem o outro lado. E sobre esse sombrio e chato lado que " blogo" hoje.
Que coisa mais complicada vermos publicações que entram, direto e reto, em rota de colisão com tudo que pensamos ou acreditamos...
Nossa, dá até dor de estomago ler pessoas, por exemplo, defendendo as invasões do MST ou o regime "de liberdade" de Cuba usando um palavreado, francamente, mais empoeirado impossível e que desperta vontade de rir pois parece piada, tais como " lacaios do imperialismo ianque", "opressão da burguesia", "classe dominante".
Isso no quesito político, pois ainda temos o "cultural", com notícias que as pessoas compartilham sobre "celebridades" ( que não são célebres em lugar nenhum além das revistas masculinas!), cantores de breganejo ( e suas mansões maravilhosas decoradas com muito dourado e pele de bicho! durma-se com um barulho desses), shows " imperdíveis" no exterior de cantores e cantoras nacionais mais passados que uva passa, não vou citar nomes para não ter muitos problemas, ( de doer, isso me lembra o Nelson Ned e seu fã clube de Miami!), além de fofocas tiradas desses sites de Tv e entretenimento, coisas bem interessantes, como Dado Dolabella e suas surras em mulheres, Vera Fisher, nossa Amy local, em rehab constante, enfim, tudo muito cultural...
Acha que acabou? Não, ainda temos o que chamo de " essa é a sua vida" ( os mais velhos vão se lembrar do programa de J. Silvestre na Tv Tupi...kkkkk): meu café da manhã, meu jardim, minha caminhada no parque, meu novo penteado ou cor de cabelos, eu no carro, eu no elevador, eu na porta do show do Fabio Júnior ( ui!) etc,etc...tudo isso e mais, usando a tecnologia da moda o Foursquare, para dizer que, por exemplo, se encontram naquele momento " fazendo compras no shopping Iguatemy" ou a caminho da casa da sogra...Todos os dias essas " agendas" tão importantes são publicadas...De lascar!
Quando topo com esse tipo de coisas sempre me vejo diante de 3 alternativas:
1- comentar, ato contínuo, rebater, abrir discussão ou dar um " prestatenção" no gajo(a)...
2-deletar o indivíduo, sem dó nem piedade, pois esse não vai, com certeza, me acrescentar absolutamente nada, além de entupir minha página inicial de tranqueiras.
3- a alternativa que uso: fico na minha, respiro fundo, penso nas benesses da democracia e trato de mover, bem rápido, meu cursor para sair daquela publicação.
Percebo que, realmente, é complicado para a gente aguentar e conviver com tudo aquilo que não gosta, imagino que deva ter gente que também não curta meus blues, minhas publicações de notícias nem minhas opinões, portanto...
Tudo faz parte das " redes sociais" .
Pois se tem o lado chato, tem o legal, confirmando o que disse João Gordo " tudo na vida tem um lado bom, menos o disco do Oswaldo Montenegro"...kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Tinha tudo isso....







E tinha uma correria imensa durante a semana. Pedidos de ajuda, de apoio.
E medo, de não dar conta, de errar, de falhar...
E tinha surpresa, boa, chegando de todos lados, braços e abraços e palavras de força e coragem...
E o medo aumentava, tamanha responsabilidade dava frio na barriga, borboletas no estomago.

E tinha uma manhã de sol, linda, sol de inverno, tímido, enfeitando a estrada, mas ainda tinha medo, de errar o caminho, se perder na reta e não chegar...
E tinha a beleza do lugar, montanhas, árvores, paisagem correndo pela janela, certamente celebrando a vida e as iniciativas.
E teve, afinal, a chegada, quando as nossas " armas": panelas, tachos, colheres de pau foram descarregadas numa clara cozinha industrial.
E teve abraços de quem chegou antes, alívio de quem esperava, pois ali também tinha o medo de não ter ajuda, de errar, de falhar..
E tinha, logo, logo, um mar de tomates, batatas, alho e cebola, pepinos e cenouras, de água em panelas gigantescas..
E tinha moças, jovens, lindas, riso, música, palpites, receitas e ainda um frio, sutil, dentro da barriga.
E tinha em pouco tempo, perfume escapando pelo ar, de temperos fritos, de manjericão, de verdura lavada e o ruído da água fervendo.
E a mágica começava a surgir através da comida, cheirosa e caprichada, ficando quase pronta.
E tinha aí a animação, a quase certeza de que iria dar certo, que não erraríamos, que não falharíamos.

Pois do outro lado da rua da linda cidadezinha tinha a pobreza, a dor e o descaso.
Tinha madeira, zinco, plásticos e restos num arremedo de casas, precárias e assustadoras...
E tinha criança, cachorro, gato, mulheres com medo, de que não desse certo, que falhasse...
Mas tinha também a esperança vestida em camisetas com estampa azul onde se lia " Teto"...
E mais meninos e meninas, enfrentando lama, sujeira, trabalho bruto, sempre sorrindo.
E essa meninada é que contava com a gente, com o pequeno pelotão aquartelado na cozinha...
Era 1, era 2, era 100, era mais de 100!
Sim, 100 moços e moças que tinham que comer depois da luta em construir teto digno para que não tem nada...

O frio voltou na barriga...
Tudo era sério, era de verdade, ali, no mundo de verdade, além dos condomínios e bairros protegidos de onde vínhamos..
E tinha agora a certeza de que tinha que dar certo.

Tinha o dia terminado, tinha a noite que começava
E no escuro do tempo vimos tudo acontecer, como suave milagre da multiplicação, de comida e amizade
Ficou pronto o jantar, arrumado, temperado com amor e capricho para alimentar tantos jovens que iam chegando sujos, felizes e humildes diante da experiencia vivida no outro lado da rua,
Até pedra quente eles, certamente, comeriam sem reclamar, pois havia nascido em seus corações e mentes o respeito pelas pequenas coisas,
Mas não tinha pedra quente, tinha comida de verdade, quente, bonita e farta.
Tão farta que, num outro delicado milagre, ainda pode ser dividida com aqueles que nada tinham,
E que agora tinham casinha de madeira, pequena e simples, mas de verdade...

E tinha o fim da história..
A estrada de volta, em silêncio, pois tinha que ter tempo para assimilar tudo que foi visto e marcado, para sempre no coração...
Tinha as luzes da cidade surgindo, tinha o pensamento longe, ao lado de todos os que precisam e de todos que se dispõem a ajudar,
Com palavras, com apoio, com doações, com tempo, com delicadeza, com mente aberta,
E tinha, no final de tudo, a certeza de que se pode fazer muito, que se pode mudar, que se pode fazer parte da chamada "humanidade"...


Para Luiza, fio condutor dessa minha vivência, por sua coragem e garra,
Para todos os meus queridos "apoiadores", não cito nomes por medo de esquecer alguém..rs..
Levei-os, todos, em meu coração e mente todo o tempo que estive no "Teto", construção de Cajamar..
Vocês são parte de um lindo milagre que aconteceu, saibam disso.
 Meu muito, muitíssimo obrigada por isso.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Setembro...



Tenho evitado, faz algum tempo, assuntos polêmicos, as famosas " bolas divididas".
Meio cansativo, desgasta, ainda mais para alguém como eu que vive e dorme ao lado de um ser, meu marido, que polemiza praticamente tudo!É a natureza dele, se sente feliz e vivo sempre que metido em bizantinas discussões, não é a minha.
Não, não sou conformista mas, de verdade, pouco creio na minha capacidade de mudar as opiniões de outras pessoas, além do quê percebo um " despreparo" para que divergências de opiniões sejam tratadas apenas como isso, diferenças, e não provocações. Em geral degringolam em brigas e faltas de educação. Me incluam fora disso, por favor..
Por outro lado como esse blog é meu espaço me perdoem se resolvi colocar algumas idéias, ou sentimentos, sobre o atentado de 11/09 nos EUA.
Li, reli, assisti, ouvi, prestei atenção em dados, fotos, artigos, crônicas, blogs, documentários, ad nauseam...
Gente famosa, comum, de todas as posições geométricas e cores do arco-íris.
Não vou falar sobre essas "verdades", apenas uma coisa me chama a atenção. Mesmo sob as mais gabaritadas análises ou apenas meros desabafos dos que sobreviveram, ninguém percebeu um fato, não sei se importante, pelo menos interessante. O fio condutor desse atentado, como o de toda a violência entre povos do planeta inteiro, do Afeganistão, Tibet, Iraque, Vietnã, Segunda Guerra, Guerra Napoleônicas ou das Julio César é sempre o ódio...
Não é " busca de território", ameaças disso ou daquilo, poder ou dinheiro, mas o interminável " ódio" por tudo que é diferente de "mim".
Aí vira o famoso círculo vicioso, pude ler e assistir pessoas " justificando" por exemplo os ataques de Bin Laden por conta de barbáries antigas e constantes dos americanos, ou ainda os massacres contra os palestinos por parte de Israel, por conta das perseguições, reais, sofridas pelo povo judeu e assim vai a coisa. Como se uma violência justificasse outra violência...Acho lamentável.
Pode me chamar de simplista, de ter uma visão meio infantil do mundo, não tem problema, mas vejo que certas " visões", fundamentadas em formações acadêmicas, políticas, de erudição, etc, etc...não mais enxergam que nesses conflitos, nessas tragédias " pessoas morrem, são mutiladas", vidas são desperdiçadas. E se o grande objetivo de tudo é o homem, seu bem estar e felicidade, temos aí um paradoxo!
Desculpem, não acho que nenhum ser deste mundo mereça ser invadido, aviltado, atacado ou massacrado, nenhum, nem os americanos(!).
Um dia escrevi algo que procuro, em perspectiva, aplicar na minha vida cotidiana, o abutre gera o abutre sempre. Não posso tratar o mundo e as pessoas, todas, de maneira diferente como a que quero ser tratada.
Esse ódio sem fim não nos levará a lugar algum. Mortos os filósofos, pensadores, articuladores e propagadores dessas doutrinas ( de todos os lados e de todos os momentos históricos) ainda assim restarão pessoas, crianças, mulheres, velhos, animais, natureza e vida que quer e tem o direito de ser vivida.

Termino com 2 frases de um "pensador-músico-gênio" da minha geração, John Lennon, que me conforta e acolhe:
" You may say I`m a dreamer, but I`m not the only one" ( Imagine)
" Love is answer, You know that for sure"( Mind games)