sábado, 20 de outubro de 2012

Deus e o Diabo na Terra do Sol

.
Deus...qual deus? O único, onipotente e onisciente? O de Abraão, Jacó e de Jesus?
Seria aquele generoso que a gente acredita do fundo do coração, no silêncio, nas flores e risos e pode O enxergar em toda a criação? Ou seria o que vejo refletido nas luzes delicadas das velas que acendo e a quem, sozinha e com tranquilidade, peço luz e sabedoria?
Não é desse Deus, ou deus, que falo aqui.
É daquele deus encaixotado, selado e entregue em dogmas, preceitos, bulas e códigos, cheio de normas, o que tudo controla, vê e, principalmente, pune. O deus dos homens que precisam de um formato, melhor, uma religião ( dessas que se abrem todos os dias em cartórios) que os guie e oriente. Ou desoriente.
Esse senhor, entidade, sei lá o nome e cargo, " vende", sim, vende suas bençãos e ajuda com doações ou dízimos ( em dinheiro, afinal  como criou tudo, também criou o dinheiro...), doados pelos pobres" fiéis" que o procuram. E seus " procuradores" passam, nos muitos templos espalhados pelo mundo, as sacolinhas de veludo, quanto mais der, mais vai receber...E prometem, em nome dele, desse deus,  mundos e fundos ( esses com maior ênfase) e a solução para todos os problemas sem exigir, além do dinheiro e inquestionável fé, nada em troca. Para esse deus basta a fé cega e surda, muda jamais, pois cada " fiel" há de ser um novo " soldado" propagador dessa seita numa guerra divina!
E o Diabo? Seria a figura bíblica tão estupendamente descrita no Apocalipse de São João, a besta numerada, a meretriz da babilônia? Com chifres, odor de enxofre e patas de bode? Ou seria o Fausto insondável e sardônico de Goethe? Não, também não é desse diabo que falo aqui.
Como o deus acima, esse diabo também moldou seus códigos e organizou seus métodos. O público alvo, como diriam os publicitários, seria quase que o mesmo: os pobres, de bolso, espírito e imaginação.
Os organizadores desse culto, também chamado de " partido", a esse demônio modernizado não vão, mais espertos, pedir dinheiro, embora seus associados voluntariamente cedam parte de seus salários para o " bem da causa" .Maliciosos e pérfidos" comme il faut" vão dar, sim, dar dinheiro, comida e ajuda aos que precisam. Evidente que toda a dinheirama que vai financiar esses projetos, tão facilmente aceitos e elogiados, virá através de mentiras, desfalques, desvios e muito corrupção, afinal quem é, senão o demônio, o pai da corrupção? E o povo, inebriado por essa " justiça", deixará, aos poucos, de pensar, de comparar, de avaliar e sem qualquer outro questionamento que exija um mínimo de isenção e inteligência, se prostrará a esse senhor tão generoso e leal. Para esse ser satânico basta apenas que não o questionem nunca e que o avalizem em todos os seus atos e movimentos.
Alguma diferença entre esse deus e o diabo?Será que, apesar das aparentes diferença,s não estaremos lidando com o mesmo tipo de método e resultados?
Qual, pergunto, o grande objetivo de um e outro senão o poder? Poder de mentir, de enganar, de vender ilusões e caminhos fáceis. Poder de manipular dados, pessoas, governos e países...
E os que creem? Ah, detalhes nessa intrincada equação, meio e fim para tantos propósitos menos dignos e menos verdadeiros.
E assim a coisa segue, cada qual diante de um desses altares, trocando seu talento mais maravilhoso, o de pensar, por essa terrível ilusão de que eles, deus e diabo, resolverão todos os seus problemas, suas dores, suas misérias e seus desencantos.
Triste parábola essa, triste país, que um dia foi chamado terra do sol.

Para Iara e Newton Nazaro, nossas conversas me levaram a pensar esse texto.


Nenhum comentário:

Postar um comentário