quarta-feira, 11 de novembro de 2009

saudades





Sinto falta de minha mãe...
Nas flores que arrumo num vaso, no café fresco e perfumado do final do dia, no Chanel n.5 que coloco, na tulipa de cervejinha gelada, nos livros e filmes do Cult...
Já escrevi inúmeras vezes que a marca dela em minha vida é tão grande que nunca sei o que é meu e o que veio dela.
Aprendi a amar a literatura,o cinema e a música com ela.
Nesses dias de grande inquietação com um dos meus filhos que paga pela inexperiência de ser pai pela primeira vez, sinto muita falta dos seus conselhos.
Minha mãe sempre acreditou no instinto, na independência, no direito de cada um cometer seus próprios erros e nunca, que me lembre, interferiu nas burradas e acertos que andei cometendo pela vida.
Tive, eu mesma, um espírito independente, aí que digo vir a minha dúvida, não sei de isso vem de mim mesma ou do modo como ela me formou e orientou.
O fato é que sinto a falta dela e fico imaginando, com os dados da memória, o que ela faria se estivesse aqui ou em meu lugar. Estaria 24hs por dia disponível, ajudando nas decisões, colocando sua opinião ou mantendo uma certa distância, dando ao neto a oportunidade de crescer, de fazer suas escolhas, mesmo com dor e angústia?
Muitas e muitas vezes vi minha mãe ser acusada de omissão e egoísmo, mas de verdade não era nada disso. Sei que havia um enorme sacrifício dela em se manter assim, em permitir que eu, tão avoada e cheia de ilusões, entrasse em caminhos dolorosos e pouco felizes...Em seu olhar leonino, cheio de força e severidade, estava a certeza de que eu não estava certa, mas havia com a mesma força a certeza de que ela estaria ali, no retorno da maré...E quantos retornos aconteceram...
Uma descoberta, não existem somente pais de primeira viagem, mas avós de primeira viagem. Com Sofia fui pouco exigida, era o básico, o normal de uma criança saudável e harmoniosa. Com Laura a coisa mudou.Ela tem algumas dificuldades que, acredito, sejam bobas, corriqueiras nos manuais de pediatria, mas vem junto um pai, meu filho, agoniado, em pânico, sem paz e serenidade para lidar com a situação.
Confesso, estou meio sem saber como agir.
Páro, respiro, busco o silêncio e a concentração atrás de respostas. Nessa hora sinto falta de minha mãe. Sua fé, suas certezas, seu amor pela vida independente, seu respeito a si mesma.
Compartilho, como homenagem, um video de uma canção que aprendi a amar com Nildona.

http://www.youtube.com/watch?v=h649I7ETaHI

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