quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O mundo mudou e ninguém me avisou....







Deve ser isso mesmo, o mundo mudou e ninguém me avisou.
Cada dia, situação, episódio que vivo me traz cada vez mais essa certeza.
Principalmente no quesito " criar filhos" e todas as questões relacionadas ao tema.
Fui mãe aos 19 anos, saída direto e sem escalas, do colégio e da Rua Augusta, para descobrir essa nobre tarefa! Tanto que o rock rolava solto ao lado dos berços dos meus bebês adormecidos. Sim, caro leitor, tirei a sorte grande e tive gêmeos, logo eu que nunca tinha chegado a menos de 2m de qualquer um desses seres...
Às vezes penso que o rock e a extrema juventude me salvaram!rsrs
Tive mãe, sogra, tias, cunhadas, amigas, enfim, toda a " entourage" feminina perto de mim, mas nunca tive, fora a babá, ninguém que assumisse minhas tarefas!
Ou seja, recebia essas visitas que " quebravam galho", seja passando fraldas ( sim, diletos, não existia, naqueles dias, essa maravilha de fralda descartável, era no muque mesmo!), seja revezando em dar as 24 mamadeiras/dia para eu que fosse ao banheiro!
Não me lembro de, nem mãe nem as sogras ( tive 2 a quem dei netos), que amo até hoje, terem sindo solicitadas para " segurarem minha barra"...
E depois da ajuda todo mundo ia embora e ali, uma quase menina, eu, e a babá cuidávamos do resto, que era praticamente tudo.
E era tranquilo, meus meninos quase nunca adoeciam, embora até hoje não saiba se isso era por conta de não estressarmos com eles pois viviam soltos, ou se não percebia que tinham alguma coisa anormal com minha doce ignorância... E dava certo.
Cozinhava, aliás aprendi nesse momento, recebia amigos, fazíamos música, víamos filmes e ríamos muito...E criávamos os filhos. Meio hippies, meio zen.
Depois que me separei, mais uma filha de outro casamento ( sim, a esperança venceu o bom senso!! rs), criei essa meninada junto com cachorros ( de grande porte) que, quase num exercício político, socializam petiscos, comidas, camas e beijos. Nunca ninguém adoeceu por conta disso! Tenho 3 filhos que amam animais até hoje!

Penso agora, olhando para mim e para algumas amigas que enfrentam as mesmas situações, que essa meninada não entendeu como foram criados.
Explico, nossos filhos viraram seres dependentes, assustados, apavorados e qualquer alteração em seus filhos, nossos netos, surtam, entram em pânico, pedem ajuda e não sabem lidar com essa coisa maravilhosa e incrível que são " crianças"!
Crianças caem, se machucam, se cortam, tossem, resfriam, param de comer, voltam a comer, dormem pouco, ou muito, tem febres estratosféricas e 10 minutos depois não tem mais nada, vomitam, tem diarreia, riem e choram, tudo em questão de horas!
E vejo a neura se instalar...
Alopatas, homeopatas, dietas, cuidados absurdos, assepsia ao extremo, isso pode, isso não pode, cada hora uma coisa, cada dia uma filosofia diferente...
Resultado? Pais desequilibrados, brigando entre si e nenhuma, nenhuma tranquilidade e confiança para passar para as pobres crianças...Triste isso.
E nós, avós e avôs, vamos sendo solicitados no meio da madrugada, dos finais de semana, da nossa conquistada tranquilidade, para servirmos de " bombeiros" e apagar incêndios provocados pela insegurança e falta de objetividade dos pais, nossos filhos...
Estranho isso...e, interessante, mesmo que nossos/as filhos/as precisem de nós, nossos métodos, aqueles antigos que descrevi, são questionados...Ou seja, devemos nos comportar apenas como " executores" dos equívocos deles, que vemos e percebemos à milhas de distância...
Complicado isso.
Por outro lado talvez, digo talvez pois não sou dona da verdade, explique o imenso amor e segurança que minhas netas sentem por mim e quando aqui estão.
Aqui podem ser o que são: crianças...Podem molhar os pés e depois tomar uma colher de mel para garantir...Podem comer o que quiserem, de boa qualidade, doces ou salgados ou frutas, pouco importa a ordem..Podem ligar o som, ouvir e ver música...Podem passar as mãos nos cães de rua e tem, principalmente, o direito de me pedir os horrendos sapos de gesso para enfeitar o jardim.E tomar banho com direito a cantoria, shampoo cheiroso e risadas na imensa cama da avó, ao se trocar.
É, o mundo mudou, esse pessoal não sabe se virar sozinho como fizemos, não sabem relaxar, não sabem " ler" as nuances de um pequeno ser e ainda assim se acham no direito, doido, de estabelecer regras e assim nortear suas vidas...
Fazer o quê?


Para minhas netas, Sofia, Laura e Helena, minhas netas, para que ensinem " juízo" aos seus pais!
Para Cecília Puccini, minha grande amiga!

Um comentário:

  1. Nil querida, como é gostoso ler o que você escreve, sempre dosando umas pitades de humor com um balde de seriedade! Nossas crianças ainda vão compreender que nosso quinhão de amor por elas (e pelas crianças que elas fizeram) é tão imensamente grande, que não seríamos capazes de sugerir algo que não tivéssemos certeza de que seria benéfico. Elas ainda vão compreender nem que seja no futuro quando as crianças delas já tenham também suas próprias crianças. Grande beijo, cheio de orgulho pela dedicatória!

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