terça-feira, 30 de novembro de 2010

El tiempo





El tiempo pasa y nos vamos poniendo viejos y el amor no lo reflejo como ayer. Y en cada conversación, cada beso, cada abrazo, se impone siempre un pedazo de razón. ( El Tiempo pasa- Pablo Milanés)

E agora o amor tem mesmo outra cara. Ou outro jeito. Antes fundamentado em paixões intensas, em sensações físicas e muita expectativa, agora vive de pequenos gestos, quase imperceptíveis...

Delicados, quase invisíveis.
Não há espaço para ostensivas demonstrações de carinho ou afeto, mas a cumplicidade, o reconhecimento do outro, com suas virtudes e defeitos.
E amamos até mesmo os defeitos. Tudo que antes incomodava agora aprendemos a conviver e relevar e isso nos dá um bom parâmetro.
Não é mais o príncipe num cavalo branco, nem o salvador da pátria que espero.
Quero o braço e o colo, a palavra, mesmo não dita, melhor sentida, quero o olhar de compreensão.
E nesses anos, longos anos, de tantos amores e buscas, quero alguém ao meu lado que tenha a paciência de me suportar, de me animar, de me roubar da terrível sensação de ser só.
É um amor feito mais de longos silêncios do que de declarações enfáticas.
De movimentos sutis, não de arroubos espetaculares.
O tempo passa, disse o poeta Milanés, passa mesmo, como tudo, mas nesse caso o ganho é enorme, incalculável, pois desonera o outro de ser o fiel depositário da minha felicidade.
Somos dois e somos um, o tempo todo.
Somos dois, com identidades ( que já conhecemos), com gostos ( nem sempre parecidos), com opiniões ( muitas vezes opostas), com manias ( que achamos graça e fazemos piadas),
somos duas pessoas.
E somos um quando algo nos ameaça, quando algo busca interferir ou quando sonhamos nossos sonhos.
E quem olha de fora pensa que algo não vai bem, pois atingimos o direito de ficarmos sós, em nossas coisas, textos, livros e filmes.
E é justamente isso que nos torna tão próximos, tão incrivelmente unidos.
Shakespeare tem uma frase que me agrada : " o que o tempo te tira, eu te acrescento"
É isso.
Nesse incrível relacionamento que vivo estou sempre sendo " acrescentada" em algo por esse amor, por esse afeto, simples e direto, sem frescuras, sem romances tropicais nem desfechos de novela.
Tudo faz sentido, mesmo com o tempo passando e nos " poniendo viejos".

Para Gil, sem maiores explicações.

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