segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O que escrever?




Conversando outra dia com minha amiga Dina sobre textos e literatura, veio a seguinte questão: até onde dá para escrever.
Explico, será que pessoas e situações muito ligadas a nós, a mim no caso, estariam retratadas e não seriam facilmente identificáveis? ( e isso poderia trazer inúmeros problemas?)
Muitas vezes, eu disse à amiga, isso me aconteceu e, de certa forma, travou meu texto.
Como relatar, meio de verdade, meio como fantasia, experiências, sensações, sentimentos que sempre envolvem alguém outro? Como falar de algo que nem sempre pode ser entendido num mundo cheio de convenções e normas? Como desnudar o coração, falar de amor, de paixão e medos sobre aquele que não é, no momento, o que dorme e acorda do teu lado?
Tá certo, tem sempre o recurso da ficção, de se criar uma personagem aparentemente sem nenhum traço de semelhança comigo, mas o que ela fala e pensa e sente sou eu?!
É mais ou menos como, entre amigos, um deles te pergunta o que você pensa sobre ele...Nada fácil responder...quantos de nós omitimos, deixamos passar calados algumas verdades que, de antemão sabemos não serão bem recebidas?
Um paradoxo isso tudo.
Lembrei de Jorge Luiz Borges e até citei para Dina uma frase que diz mais ou menos assim: eu não crio personagens, tudo que escrevo é, de certa forma, autobiográfico...
Todas as personagens que eu criei, todas as estórias em que se enfiaram, as dores, alegrias e descobertas por que passaram falam muito de mim mesma, não tem jeito.
Tomo cuidado, fico atenta, mas sei que no muito que não escrevi, por não poder, está a fábula inteira...
Fico me policiando, me autocensurando, mas percebo que, por conta disso, não consegui contar tudo.
Doido, não?

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