quinta-feira, 23 de julho de 2009

Saudades



Saudades do tempo que vocês eram assim: pequenos, inquietos, barulhentos.
A vida, ali, parecia fácil e interminável.
Todos os dias seriam assim, pensava eu, de risos e descobertas, de sorvetes e cachorros correndo ao nosso lado, que a felicidade tinha encontrado seu endereço definitivo...
Não haveriam dores ( só as de garganta que a gente curava com homeopatia), nem medos ( que a gente resolveria acendendo a luz do abajur).
Tudo seria uma sequencia perfeita de novidades, todos os limites seriam ultrapassados e cada dia marcaria só mais um dia de mais farras e brincadeiras.
Mas não foi assim.
Um dia, descobrimos a tristeza, o medo instalou-se sem querer partir e pude ver que, exatamente como não previ, a infância de vocês tinha terminado.
Sinto saudades do tempo que desconhecíamos os dias de hoje.
Já não sou a menina que os colocou no mundo, nem vocês, filhos amados, os pequenos barulhentos e inquietos.
Haverá um motivo prá tudo isso, um sentido ou razão para que nem sempre o sol brilhe ou que a esperança pareça perdida.
Hoje, com meu colo frágil, tento, em vão, protege-los das coisas do mundo, mas como disse, meu colo é frágil.
Sinto saudades de vocês meninos, de mim, quase menina, sinto saudades de nós e me pego aqui, olhando fotos, olhando a memória e lá nos encontro, sorridentes e confiantes.

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