quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Mãe possível




O possível em geral passa longe do ideal.
Fiz o que foi possível, não o ideal.
Ideal seria se tivesse podido dar a vocês pai e mãe, juntos, para sempre. Não foi assim, eu e seu pai tivemos um lindo casamento, por lindos anos, mas acabou. E optamos por não viver de aparências, por manter o respeito que sempre tivemos um com outro. Mas por outro lado demos a vocês muitas famílias, biodiversas, mas famílias.
Ideal teria sido não ter que sair para trabalhar e ficar com vocês e assar bolos, ir ao Ibirapuera todas as tardes de sol, andar de bici e ir às aulas de judô. Mas não deu, tive que trabalhar, 8, 10, 12hs para mantê-los em boas escolas, terem bons médicos e se alimentarem corretamente.
Bom seria de pudessem, anos e anos atrás, terem entendido minhas escolhas, minhas opções e buscas, até mesmo por um novo marido para me ajudar a educá-los. Mas isso também não deu certo mas, trouxe de presente uma pequena irmã. E um dia deu certo, pois trouxe Gil, avô oblíquo de Sofia e Laura, onde me apoio e os apoio. E com ele, mais irmãos.
Ideal teria sido ter os avós, Rosino, Marcella, Dida e Linão, todos vivos, mais Conchinha, Dulce, Buda e tantos outros que, cumpridas suas missões, deixaram, com nossas memórias, amor, afeto e muitos risos...Todos partiram e choramos juntos, não era o ideal.
Ideal seria Eva, Julie e Minnie aqui, para sempre, correndo atrás de nós, nos amando sem condições, fazendo de todas as nossas chegadas em casa, uma festa. Não foi assim...Nossos cães foram embora, deixando o silêncio, a ausência, as saudades, mas a memória de tão lindos dias...

Fui e tenho sido sua mãe possível, Rafael e Dani. Longe, muito longe do ideal.
Os amei desde o primeiro momento que os vi e os amarei para sempre. Mas esse meu amor, talvez não ideal, também é feito de cobranças, de discussões, de mal entendidos e algumas mágoas. Só que é também incondicional, marcado a ferro e fogo pela vida e seus caminhos.
Deixo, desde 36 anos atrás, completos amanhã, para sempre, meu colo e afeto, meu carinho e apoio, minha força e medos, minha esperança e fé, para vocês.
Fui a mãe que pude, cruzei meus limites, recuei em posições e sonhos, não me arrependo jamais.
Vosso legado é meu amor, eterno, sem fim, sem medidas nem freios.
Não foi o ideal, sei disso, foi o possível. E muitas vezes, o impossível.


Para Rafael e Daniel, meus filhos, que nasceram 36 ano atrás, me trazendo, para sempre, a primavera.

Um comentário:

  1. Quanta sensibilidade!Descobrimos seu blog recentemente e já somos suas fãs baianas(Joseane e Flávia)!

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