segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Desilusão ...





Desilusão, desilusão
Danço eu, dança você Na dança da solidão
( Paulinho da Viola)

Feliz do homem que não espera nada, pois nunca terá desilusões.

( Alexandre Pope)


Pois é, estou, ou estamos, carecas de saber isso, mas colocar em prática na vida são outros quinhentos...
De alguma maneira estou sempre me batendo com isso. Essas últimas semanas bati o recorde. Ok, talvez meu nivel de expectativa também estivesse mais alto que o normal, mas a verdade é que a coisa ficou feia. O negócio é que, racionalmente tenho muito claro que tudo que faço, penso ou sinto é assunto meu. Se me entrego, ajudo, afago, acolho e me desdobro ninguém tem nada com isso, mesmo que usufrua. O emocional, entretanto, segue sendo o de uma criança tola, quase que o de uma "pedinte" de atenção e reconhecimento. O pior, isso é de doer, não é nem conseguir algum tipo de contrapartida, mas ainda ser acusada de " não fazer, não ajudar", ou ser chata e exigente.
Nos muitos anos de estudo de astrologia, ocultismo, religiões orientais, encontrei a resposta para esse sofrimento, mas não consegui, ainda, me libertar dele.
Aquele telefonema que não veio no dia do meu niver daquela pessoa que gosto tanto, que dei colo em momentos terríveis, que fui amiga, confidente, ombro, muitas vezes deixando para trás muito de mim mesma, foi uma imensa desilução. Como tenho esse temperamento medonho de checar, falar o que sinto, ainda fui atrás, sinalizei e deixei a coisa pior ainda, pois a pessoa sequer registrou a pisada de bola. Ou se registrou pode ter me mandado um recado oblíquo, avisando que temos parâmetros diferentes do que é "gostar de alguém". Duas vezes desilusão.
Aí, noutro momento dessa fatídica semana, surgiram eternas reclamações. Posso falar mil " sim", mas um único " não" desencadeou reações terríveis, de acusação, de críticas ferozes, vindas justamente de pessoas que sabem ou deveriam saber quem eu sou.
É, não fiquei bem com isso. Me segurei em outros tantos afetos, amigos, carinhos e delicadezas para conseguir, se não digerir, pelo menos conviver com essas atitudes e até mesmo escrever aqui.
Me coloco assim, de cara e coração abertos. Sou ainda tola, ainda tenho expectativas, ainda espero afeto e atenção, mas acho que aos poucos posso mudar, ser mais " zen", mais equilibrada no sentido de aprender a me bastar, a me gostar, sem necessidade de "feedbacks" ou reações externas.
É um longo caminho, sei disso, mas o mais difícil, nesse momento, está sendo tentar, sem muito sucesso, esquecer e tirar esse pêso do meu coração, me livrar dessa tristeza e desengano profundos...
Minha mãe, em sua sabedoria, sempre tinha a frase certa para os momentos complicados. Ela diria, com certeza de que " cada um dá o que tem", portanto bobagem ficar " tirando leite das pedras". Isso aí.
Começo meus 56 anos com esse propósito. Mudar meu jeito não vai dar, vou ser sempre assim, pronta para ajudar, só não devo mais esperar que a recíproca seja verdadeira.
Achi que vou sofrer menos e quem sabe assim possa aplicar, de fato, tantos e tão belos ensinamentos que me foram dados um dia.


Encerro com uma frase do queridíssimo Chico Xavier:

A desilusão é a visita da verdade.



Boa semana.







Um comentário:

  1. Nossa, Nil Mattos, adorei suas palavras.Bem diretas, simples,verdadeiras e inteligentes. Parabéns. Com certeza você não é uma pessoa pra tanta desilusão pois suas palavras são suas amigas e companheiras.

    Um abraço...

    Berinaldo

    berinaldo_01@hotmail.com

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