segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Envelhecer...







O tema é velhice...
Protestos virão, principalmente dos amigos que compartilham da mesma geração/idade que a minha. Mas vamos ver, se não somos jovens e estamos mais maduros, certamente estamos mais próximos da " velhice " do que da juventude.
Dizem haver recompensas na velhice, uma certa tranquilidade e sabedoria que, sinceramente, ainda me custa um pouco descobrir. Acho que a gente se acostuma e com olhar de Poliana busca esse melhor que dizem existir.
Não gosto muito, pelo menos ainda, desse meu momento.
Algumas limitações físicas ( da idade e do tipo de vida que andei levando), a pele não tão viçosa, a flacidez, a memória que anda me dando uns tombos, o sono que me pega em horas erradas ( não aguento mais festas madrugada à dentro, mas também não consigo dormir mais do que 5,6 hs), acho isso tudo muito esquisito.
Sei que vou me adaptar, afinal a gente se acostuma com tudo nessa vida, mas sinto enorme nostalgia do meu lindo e elástico corpo, minha mente acuradíssima, meu pique sem fim, da minhas intermináveis esperanças e sonhos. Sinto falta do ruído e movimento que provocava, das paixões, das gargalhadas, de poder pensar num futuro distante.
Agora, uma coisa maravilhosa me aconteceu que só seria possível agora: ser avó.
Tenho 2 netas, Sofia e Laura e mais um(a) a caminho.
Laura, a mais nova, só agora começa a registrar minha presença no mundo. Sofia, entretanto, já é dona do meu coração.
Com ela volta a alegria, a despreocupação da infãncia, a memória dos filhos, hoje adultos e cheios de preocupações.
Voltam as papas, as sopas, os macarrões cabelo de anjo, as maçãs raspadas na colher e os abraços, ternos, desinteressados, o olhar de um afeto tão puro e genuíno que chega a doer...
E quando ela cerca meu pescoço com seus bracinhos, sinto que sou abraçada pela luz, pela transparência de um cristal, por um ser diafáno e intocado pela maldade e tristeza do mundo...
Com ela volto a dançar Xuxa, a brincar de massinha, a colorir ursos, a contar histórias de fadas e bruxas. E quando ela dorme, serena e largada em minha cama, fico olhando espantada e enternecida diante de tanta beleza e inocência.
Fiquei 2 semanas sem ve-la, por essas coisas do destino, fatos complicados, mágoas e coisas mal resolvidas. Fiquei 2 semanas sem Luz. No escuro. Fiquei assim, devolvida à minha velhice, às minhas angústias, sem a benção do meu anjo.
Ontem a reencontrei. E quando me viu e timidamente soltou a mão de sua mãe e veio em minha direção foi como se uma brisa suave soprasse em meu coração tão machucado...
E nesse abraço entendi a beleza dos anos passarem, do tempo ir sempre pra frente e se por acaso me cobrou preço alto, também me deu minhas netas. Me deu Laura e Sofia.
E passei a tarde revezando o colo entre uma e outra.
E entre risos, cuidados e abraços percebi que é maravilhoso envelhecer, principalmente pelo enorme presente que me foi dado, minhas netas. Laura. E Sofia.

2 comentários:

  1. Sua chata! Chorei feito boba....
    Beiiijo,
    Lia

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  2. Lindíssimo!
    Que benção em sua vida!

    Muita Luz!

    Bjs

    Telma
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