quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Gently Weeps...




Éramos jovens, bem jovens, quase meninos, mas a senha já estava dada. Éramos rebeldes, polêmicos, questionadores e inconformados.
Acho que pela primeira vez um grupo de adolescentes pensou o mundo ao expressar suas angústias e necessidades. Não se pensava no melhor para nós, só nós, mas para o planeta todo que nos parecia insuportavelmente hipócrita, violento e injusto. Negros, mulheres, vietnamitas e até jovens viviam sob um modelo que não fazia sentido. Pelo menos para nós.
Queríamos o amor, livre, sem vínculos oficiais nem preconceitos, queríamos paz, música, muita música e direitos iguais.Queríamos que nossos pais nos respeitassem se quisessem respeito. Éramos assim, naqueles dias..
E havia uma banda de música, The Beatles, que era tudo que queríamos ouvir e ser.
No início as atenções todas se voltaram para Lennon e Paul.
Um, emblemático, rebelde, ácido e poético. O outro, belo, músico perfeito, delicioso e romantico. Essa dupla criou coisas lindas, canções que são a trilha sonora até das gerações que se seguiram.
E havia a terceira força, sutil, suave, mística que, após o final dos Beatles, pode personificar toda uma busca pelo espiritual, pelo que não morre, que tomou conta de uma parte de nós: George Harrison.
George e sua pesquisa por filosofia oriental e seu posicionamento humanitário, nos fez procurar no mapa onde ficava Bangladesh, para quem organizou em Nova York, seu famoso concerto de 1971, usando seu talento como forma de amenizar as dores e misérias de um povo.( sua iniciativa inspirou e inspira até hoje os concertos organizados em benefício de causas, pessoas e ajuda humaniária)
George, com seus riffs inesquecíveis, melódicos, harmonicos, soube falar aos nossos corações e ali plantar uma semente poderosa, de que somos, todos, filhos do mesmo planeta, que somos, mesmo não querendo,responsáveis por tudo de bom ou ruim que nele acontece. E que a música, eterna e emocionante, não preciso de muitos ou complicados acordes, mas tem que conhecer o caminho da nossa alma.
George completaria hoje dia 25 de fevereiro, 58 anos, mas foi embora em 2001...
Nós? Sua geração? Como ficamos? Mais tristes, mais solitários e com a suave lembrança de um Beatle que acabou sendo mais que um Beatle...
Saudades, George, estou como a guitarra de sua linda canção: " gently weep"...

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