quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Maravilhosa resposta do Newton !! Sensacional!

Madame.

É com pesar que recebo a notícia do último suspiro do japonês velhinho. E nem poderia ser de outra maneira.
Made in Hiroshima, sobreviveu aos horrores da bomba, em 1945, migrou para o Brasil assim que a guerra terminou, vagou por aí sem destino, até que foi acolhido pelos Salomatos.
Não foram poucas as vezes, me lembro bem, que vocês tiveram que levá-lo consigo a muitos lugares por não ter com quem deixá-lo. Sequelas da radioatividade da Fat Boy foram se manifestando em sua pele, como o recente esbugalhamento do olho, que, daí por diante, teve que andar com um curativo. Também me lembro da dificuldade de sair de seu sono profundo e, nesses momentos, só o bom tratamento dispensado pelo Fessor Giba Boy conseguiam trazê-lo de volta à vigília, ali mesmo, onde ele dormia por se recusar a ocupar o espaço dos transeuntes na garagem. Sim, Madame, o japonês era bravo, digno e humilde!
Sou testemunha de que, na impossibilidade de lhe pagar um plano de saúde, vocês, por várias vezes desembolsaram o que não tinham para dar a ele um conforto em sua sobrevida e, quando o levavam para passear, jamais fizeram da falta de documentos e da decorrente crise de identidade vivida por ele um óbice para que os acompanhasse. Ainda recentemente, quando o Fessor Giba Boy me levou ao aeroporto (em paulistanês da Leste, ereoporto), quando fui visitar a "prenda minha", fez questão de levar o japonês conosco até Congonhas.
Não acredito ter sido distração do Fessor tê-lo feito chegar tão perto das autoridades da ANAC. Havia entre todos nós um pacto de silêncio depois do envolvimento do japonês no acidente aéreo da Gol, em 2006, do qual ele saiu apenas com uma ligeira escoriação no para-choque traseiro. Sinceramente, não acredito que a culpa pela tragédia deva ser posta em sua conta, mas, depois daquilo, o japonês nunca mais foi o mesmo. Lembro-me que, pouco tempo depois do ocorrido, teve uma crise de depressão e ficou algo em torno de uns sete meses sem por os pés na rua. Mais uma vez, o carinho e a atenção dos Salomatos foi decisivo para que, após o tratamento, pudesse ver de novo a paisagem de Sampa, ainda que com a vista opaca e já sem brilho nos olhos.
Agora, Madame, partilho do sentimento de luto pelo passamento do nosso querido japonês e também da propriedade no recurso à frase de nosso "Guia", que não nos privou de seu brilhantismo e de sua criatividade ao vaticinar que "há males que vêm pra bem". O japonês cumpriu com afinco e ternura sua missão terrena. Que descanse na paz de Buda por toda a eternidade. Também o clã Salomatos merece agora um repouso, depois de tantos anos de intrépida dedicação, que jamais poderá ser equacionada (cifrões, nesse caso, não são uma boa medida). Trágica ironia, mas o tempo, a quem o japonês desafiou com tanto garbo, se encarregará de aliviar o vazio e a perda que seu passamento representou.
Aceitem por favor os meus pêsames e os tradicionais

BEJÃOS pro ceis tudo

do velho Major West(ones)

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