quarta-feira, 24 de junho de 2009

Portas fechadas


Maria já tinha passado por poucas e boas.
Melhor, muitas e ruins...Se olhasse prá trás e tivesse que criar uma imagem para sua trajetória, seria certamente a de uma montanha-russa! Foram tantos sobe-e-desce que milagre era não ter " ensandecido", desatinado, perdido o fio!
Não era má pessoa, bem ao contrário, mas possuia um traço perigoso, uma enorme ingenuidade e segurança que a fazia enxergar coisas que não existiam. Ou pelo menos não existiam como ela imaginava.
Era afetiva, fisicamente afetiva, gostar significava tocar, cheirar, estar junto, no colo, de mãos dadas. Os longos abraços, os segredos cochichados nos ouvidos, os olhares profundos e penetrantes nos olhos daqueles que amava invariavelmente eram confundidos com jogos de sedução, flertes descarados, sinais abertos para possíves avanços.
Situações constrangedoras aconteceram: mal entendidos, julgamentos precipitados, principalmente vindos de outras pessoas que, talvez, por suas limitações emocionais, medos de seus corpos ou afetos mal resolvidos, acabaram afetando e muito a serenidade e harmonia da vida de Maria.
Um dia ela se cansou disso e como não soubesse ser de outro jeito ou desconhecesse onde se buscam travas e amarras para conter sua forma de ser, resolveu parar. Fechou a casa, trancou as portas e as janelas, não mais procurou os amigos nem prestigiou as festas.
Maria fechou o corpo e com ele o seu coração para o mundo dos adultos.
Os animais, as crianças e os inúmeros vasos de flores é que, hoje, tem o seu absurdo, incontrolável e intenso afeto. Esses afinal nunca se enganam...

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