segunda-feira, 16 de março de 2009

Sampa


Problema todo mundo tem, vai daí que como se lida com ele pode fazer a diferença.
Amanheci, quase que literalmente, no centro de São Paulo, numa tarefa chatíssima de pegar uma certidão de registro de um imóvel, logicamente no cartório de registro de imóveis ( 15º, para ser mais exata).
Olhos no relógio, afinal tem a Sofia, minha neta, que chega na hora do almoço e cartório que se preze não tem menor respeito pelo tempo e sacos alheios.
Cruzei o Viaduto do Chá, o sol da manhã envolvia toda a paisagem, magnífica, com um filtro meio Richard Avedon...um tom meio difuso, meio sem contornos definidos...Parei no meio e pensei em meu pai, que amava ver a cidade daquele ponto, altiva, pulsante, poderosa, com suas artérias bombeando movimento contínuo...Atrás, as bandeiras do Brasil, a paulista e da cidade ondulavam nos mastros do prédio que hoje abriga o gabinete do prefeito, em frente, para onde eu ia, o Teatro Municipal...Uma visão... Engraçado, a cidade, mesmo sendo uma segunda-feira e quase 9 da manhã, estava tranquila, poucas pessoas passavam por ali... Parei em frente ao teatro, respirei diante da beleza ...segui mais um pouco, entrei à esquerda, na Conselheiro Crispiniano, achei o prédio do cartório. Sai depois de uma meia hora e entrei na Xavier de Toledo. Ali me voltou um fato lindo da minha infância: tomar lanche na Leiteria Americana, misto quente e frapé de côco, passeio sempre esperado com a adorada tia Concha... Virei menina de novo por alguns instantes...Uma saudade imensa de tudo, dos anos, dos risos, da serenidade e inconsciência de ser criança e andar de mãos dadas com minha tia pelo centro de São Paulo... Foi bom, muito bom. Ah! só uma última coisa: não consegui a certidão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário