domingo, 10 de abril de 2011

E agora?





O domingo que, sempre esqueço, começa a semana e não termina, traz a ressaca emocional de dias trágicos e assustadores.
Ecos de Realengo-RJ vão durar muito tempo, embora em alguns dias a mídia mude de assunto, provavelmente por conta de outra tragédia ou notícia nova!
Médicos, terapeutas, pessoal de segurança, sociólogos, gente especializada enfim, ocupou os jornais buscando explicações para algo tão medonho que parece pesadelo: crianças, jovens abatidos por um ser totalmente enlouquecido.
Parece que somente com algumas explicações, lógicas, sensatas, será possível retomarmos a sensação de segurança. Será?
Já ouvi e li de " um tudo"...
Desde teorias envolvendo os Iluminati, Al Qaeda, testemunhas de jeová, bullying, homossexualidade até o capitalismo. Essa foi de lascar! Contrabandear convicções político-ideológicas a uma doidice dessas me parece no mínimo simples demais!
O moço que provocou essa desgraça todo era, sorry mirabolantes explicações, doido!
Louco é louco, em qualquer lugar do planeta, do Oiapoque ao Chuí e isso não tem como prever.
Todos nós, nisso me incluo, sofremos, em algum momento da vida, algum tipo de dor ou sofrimento, rejeição, injustiças ou humilhações. Nem todos fomos " populares" na escola! Muitos tiveram problemas em casa, com pais ou mães fora dos padrões dos manuais, famílias destruídas, etc, etc. Perdas de todos os tipos, muito enterraram filhos, sonhos, sobreviveram a tragédias, foram obrigados a recomeçar. Penso que as situações descritas acima são conhecidas por enorme fatia da população.
E nem por isso saímos resolvendo à bala, nos vingando, destruindo e assassinando outros que nada a tem a ver com isso...
O que perturba nessa tragédia é isso, sermos obrigados a lidar com a loucura, com o que não tem nem lógica nem razão e ainda assim sairmos atrás de respostas que não existem. E caso existam, certamente não nos trarão nenhum alívio ou devolverão nossa despreocupação e segurança.
Dizem os antigos que " com louco não se discute", interessante não?
Sei que a semana foi horrível, chorei muito, pelos pais, mães, amigos, pelas crianças.
Olhei Helena, minha neta de 40 dias de vida linda e tranquila, ressonando nos meus braços, ou Sofia e Laura com suas graças de semi bebês, cercadas de tanto amor e cuidados e tive medo.
Tenho medo.
Medo do que não posso prever, evitar, sequer imaginar.
Para pessoas como esse moço, desesperado, desequilibrado, alheio a qualquer código de amor e conduta, nada disso conta.
E nem grades, nem portões, nem câmeras, nem aparatos militares nos manterão distantes de gente assim.

Boa semana.

2 comentários:

  1. Sim, sempre tem alguém que sai "com defeito de fábrica", desde nem sabemos quando. Vou dar o meu palpite: Acredito que a tragédia, no limite, foi causada por ignorância. Sim: ignorância. É muito difícil lidar com a doença mental, é como se o nosso "aparelho pensador, relacionador, sentidor, percebedor" viesse (vem mesmo) com defeito. Para nós humanos pensadores, relacionadores, sentidores e percebedores é muito difícil manter contato com pessoas portadoras de transtornos mentais: eles jogam na nossa cara a nossa impotência diante das frustações (que em geral suportamos) e um lado "incompreensível" de nós mesmos que rejeitamos. Há muitas pessoas prestes a "perder a cabeça" de quem desviamos nosso olhar para ficarmos na zona de conforto da nossa "normalidade". Todo mundo achava o rapaz estranho, diferente, mas talvez nínguém tenha se dado ao trabalho de olhá-lo, tentar entendê-lo e talvez ajudá-lo. Há muitos recursos farmacológicos e terapeuticos para gente como ele. Mas viramos as costas e choramos as vítimas da tragédia,enxugamos as lágrimas e seguimos ignorando esses seres estranhos, cuja estranheza pode ser vista com um grito mudo de socorro.

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  2. Pois é, querida amiga..todos fingem que não enxergam, mais fácil, mais confortável...e depois que a coisa acontece, toca a arrumar explicações...
    Tenho muito pena desse rapaz, sério mesmo, desesperado e sem ninguém que tentasse fazer algo.
    E agora? Chorar...é o que nos resta,

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