terça-feira, 22 de junho de 2010

Comentários do Major Newton sobre publicação!

Olha que coisa maravilhosa! Meu dileto amigo, Major Newton Nazaro como sempre é brilhante. O texto abaixo, dele, responde à minha publicação anterior!

Newton, é bom demais ter amigos assim!!!!

Madame,

Depois de tudo o que passou o nosso querido Japonês, não é de estranhar que tão magnífico tenha sido o desfecho de sua longa história. Ele jamais foi de entregar os pontos, por isso, tirava forças de onde já não as tinha para poder estar na companhia dos Salomatos. Só não encarava mais uma estrada por conta da idade já avançada e da debilidade física, o que é perfeitamente compreensível. Também não podemos deixar de levar em conta seu precário estado emocional depois do envolvimento no acidente com o avião da Gol, em 2006.
Talvez nem fosse necessário trazer este outro assunto à baila, mas é fato que quase todo mundo - se não todo mundo - percebeu que o fessor Giba Boy, seguindo a tradição de seus camaradas, tentou mumificar o corpo do Japonês, a exemplo do que foi feito com Lenin. Jamais cheguei a comentar, mas aquele corpo exposto à curiosidade dos transeuntes da Bartolomeu Feio me causava um certo constrangimento. A faixa e os pedaços de esparadrapo que começavam a se sobrepor à pele do Japonês denunciavam o início do processo de mumificação, meticulosamente planejado pelo fessor Giba Boy. Ainda tenho cá minhas dúvidas acerca do real motivo da mumificação que então, passo a passo, se processava: se por fidelidade ao partido ou - coisa que o fessor jamais admitiria - por puro sentimentalismo burguês.
Fosse qual fosse o móvel da perpetuação da externalidade - jamais usaria, aqui, o termo "carcaça" -, os órgãos ainda poderiam ser aproveitados para conferir sobrevida a quem deles precisava, embora houvesse ainda questões a ser encaminhadas. O corpo mumificado, onde ficaria exposto? Seria construído um panteão para o Japonês às expensas do Estado?
Ora, todas essas perguntas que não queriam calar foram respondidas de uma só vez quando um transeunte nissei, sentindo sua ancestralidade exposta à curiosidade pública, deu solução para o caso. Sim, Madame, o Japonês continuará a viver através da doação de seus órgãos a outro(s) japonês(es). A importância da compatibilidade entre os órgãos e o(s) organismo(s) que deverá recebê-los jamais poderia ser negligenciada, sob risco e pena de rejeição dos primeiros pelo(s) segundo(s).
Assim, com sabedoria e paciência infinitas de oriental que era, o Japonês foi além da vida e da morte e, à sua maneira, continuará a circular pelas ruas de Sampa.
Vou mais longe e me atrevo a dizer que não me causaria espécie saber que as partes de nosso herói obrigariam seu novo dono a parar numa avenida movimentada, caso viesse a deparar com alguém da família Salomatos. Seria um gesto desesperado para chamar a atenção e ser reconhecido. A desculpa poderia ser uma febre repentina (que alguém teve a pachorra de um dia dizer tratar-se de "problema no radiador"), uma pane no sistema nervoso (a que os incautos chamavam de "sistema elétrico"), uma artéria rompida (a que os insensíveis chamavam de "mangueira"), uma atrofia muscular (chamada pelos canalhas de "mola arreada"), um tendão rompido (que algum pulha diria tratar-se de "amortecedor estourado"). Os órgãos do velho Japonês, ainda que distribuídos por vários outros corpos, não haverão de negar seu arraigado estilo de vida anterior, e o espírito do bravo nipônico se fará reconhecer de imediato por um dos Salomatos que, entre estupefato e comovido, dirá sem pestanejar: "Sim, ele está presente!"



BEJÃOS pro ceis tudo

Major West(ones)

3 comentários:

  1. O que fica do "nosso" velho "japa" é a constatação de que, perdoem a imodéstia, os seguidores dos salomatos, nós todos, temos muita estória para contar. Sempre teremos conosco (inclusive "conosquinhos" para acompanhar a cerveja ou o vinho) essas passagens saborosas cheias de "piadas internas" e afetos que só a gente conhece e compartilha.

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  2. Quase infartei ao ver o velho japa (perdão me referir assim mas as origens chinesas não permitem tal afeto aos japoneses) estacionado em outra rua que não a nossa e com curativos novos, que tentavam simular alguma dignidade restante. Já vai tarde e por favor não retorne mais, pois seria muito mico.

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  3. Eu não tinha reparado que ele tinha ido embora, para mim ele era um verdadeiro Ninja, já estava mimetizado no ambiente, cor do asfalto encoberto de folhas, imperceptível, tanto é verdade que colidiram na sua traseira. Já saiu de tantas UTI's, verdadeiro Jason, não se surpreendam se ele aparecer rodando por aí.

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