sexta-feira, 7 de maio de 2010

Para Sofia e Laura








Sofia e Laura

Escrevo para vocês com a idéia de contar um pouco sobre sua bisavó.
Sempre acreditei que as pessoas, enquanto nos lembramos delas, não morrem nunca!
E não quero que a linda pessoa que foi minha mãe, sua bisavó, desapareça quando eu me for...
Quero escrever um livro com todas as histórias que vivi com ela, projeto que comecei faz um tempo, mas agora, nesse blog, adianto um pouco para vocês, minhas netas amadas.
Sua avó possuia duas coisas raras (e juntas) num ser humano: a beleza física e a beleza interior..
Era uma mulher linda, de párar as pessoas, cheia de carisma e charme.
E a alegria? Incrível, esfuziante, um amor à vida, às pessoas, a tudo que vive e se expressa...
Um coração leonino, generoso, que não olhava muito a quem ajudar e ao mesmo tempo uma delicada fragilidade emocional que a fazia ter medo, muitos medos...
Sua bisa era única, apaixonante, divertida e foi uma mãe que sempre acreditou no juízo e valores da única filha que teve, eu, sua avó.
Com ela aprendi a amar o cinema, a música italiana, os livros nos quais ela enfiava a cara por horas e horas seguidas...
Minha mãe tinha luz e vida próprias, no seu jeito de se arrumar, no gosto pelas pulseiras, muitas, nos braços, nos echarpes cheios de cores no pescoço, que mesmo após a triste operação que sofreu, nunca escondeu, ao contrário, enfeitava, mostrando com isso que tudo pode virar festa, virar riso, virar beleza.
Para ela todas as pessoas eram boas, todos eram dignos de sua atenção e ajuda. Todos. E todas as decepções pelas quais passou não diminuiram essa fé absurda, essa enlouquecida vocação de ver tudo com bons olhos e muito amor.
Quando você, Sofia, minha primeira neta, nasceu, quis ter sua bisa ao meu lado. Fazia exatamente um ano que ela tinha ido embora...E no meio de tantas comemorações com sua chegada, Sofia, eu chorei sozinha, num lugar escondido, querendo tanto o colo de mãe, da minha mãe, para dividir essa imensa tarefa que a vida me delegava: ser sua avó...Ai me lembrei dela de outro jeito, da avó que ela tinha sido para meus filhos, para seu pai. E pedi, em silêncio, que conseguisse, um dia, ser um pouco assim...
Laura, meu anjo de porcelana, quando você chegou, depois de tantos sobressaltos, entreguei mais uma bisneta, para que ela, minha mãe, sua bisa, onde estivesse, pudesse acompanhar os teus primeiros dias, tua vida e história, nesse mundo tão complicado...
Fui mãe de seus pais muito jovem. Errei e acertei por mero acaso. Todos os acertos vieram de sua bisa, de suas certezas e seu afeto.
Fui mãe, de novo, mais velha e sua tia Luiza até hoje não se separa de edredon que ganhou como presente carinhoso, cheio de gentileza e carinho dessa mulher que deixou um vazio enorme quando foi embora.
Queridas meninas, netas do coração, vocês tem sorte, muita sorte. Vieram amadas, queridas, esperadas. Vieram encher a minha vida de luz e esperança, me devolveram o cheiro de bebê, as frutas raspadinhas na colher, as brincadeiras e canções de roda.
Vieram de uma família de mulheres fortes, doidas, obstinadas e cheias de alegria.
Vieram de sua bisavó, de quem herdarão tudo isso e muita, muita luz pela vida afora.


Com carinho e em homenagem ao Dia das Mães.

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