quarta-feira, 12 de maio de 2010

Anjo






Ela acreditava em anjos e, porque acreditava, eles existiam... ( Clarice Lispector)


Já tinha encerrado o capítulo fraldas e mamadeiras. Fazia tempo.
A vida não deixava mais muito espaço para sonhos cor-de-rosa ou paixôes avassaladoras. Isso ela achava.
Mas o fato é que acreditava em fadas, duendes, astros, ajudas misteriosas, vida em outras dimensões. E em anjos.
Como espécie de doença cronica, seguia acreditando, mesmo diante do pragmatismo de tudo.
Uma amiga, leitora de coloridas cartas de Tarot havia previsto. E ela não soube se poderia acreditar. Teve dúvidas.
Um dia, entretanto, dentro do ventre já distendido e saliente ela sentiu...Delicado, quase um múrmurio como o som do vento nas folhas das árvores... Como o farfalhar de asas, de pássaros, de aves, de anjos...As asas de um anjo ensaiando futuro movimento. Era um anjo que carregava dentro de si, tinha agora a certeza.
E ele chegou num dia ensolarado e frio de maio, às portas do inverno, como uma promessa de primavera futura.
E cresceu como linda, bela, belíssima menina, às vezes brava e teimosa, às vezes meiga e delicada. E era e é mesmo um anjo onde ela, sua mãe, deposita toda a esperança e encontra o colo e afeto que o mundo tenta esgarçar...
Todo maio ela agradece e comemora sua chegada e concorda com a frase de Clarice Lispector: eles existem mesmo.

Para Luiza e seus 22 anos, que tem a dificil tarefa de tomar conta e amar essa mãe tão complicada.

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