quinta-feira, 6 de maio de 2010

Mentiras sinceras...interessam?

Mentiras sinceras, acho bem simpática essa expressão.
Paradoxos me agradam. E mentiras sinceras idem...
Será que não me faz bem aquele elogio gratuito, descomprometido e nem sempre coerente? Lógico que sim.
Quem não gosta de se sentir valorizado, reconhecido, amado ou admirado? Só doido não...E como a minha doidice ainda não avançou até esse estágio, sigo gostando.
Ok, o compromisso com a verdade e sinceridade nos foi administrado já com as primeiras mamadeiras, tem que falar a verdade, não mentir, não se omitir, mesmo pagando preço alto por isso...Lembro de minha mãe dizendo: fale a verdade sempre, por pior que seja e mesmo que tenha feito algo horrível sua punição será menor. Será?
Está certo, existem mentiras e mentiras, umas de doer, que prejudicam, que causam mal, que podem destruir vidas e pessoas. E reputações. Dessas não gosto.
Mas tem aquelas inocentes, quase caridosas, que podem servir para levantar o astral e autoestima de qualquer um.
Todos mentimos, quer ver?
Mandamos dizer que não estamos em casa para não atender um chato ao telefone, aumentamos um pouquinho nossa renda ao pleitear empréstimo no banco ou um novo limite no cartão de crédito, mentimos sobre calorias ingeridas, sobre o número de cigarros que fumamos, sobre a vida saudável que não levamos, enfim, mentimos.
Mas as mentiras sinceras de que falo são outras, são as que nos fazem bem: o amado dizer que estamos lindas mesmo que tenhamos passado a noite sem dormir e tenhamos a aparência do conde Drácula, que nosso macarrão " ao pesto" é o melhor do mundo, que
acertamos num comentário, que somos inteligentes e super bem informadas....Mesmo que não seja tão verdade, faz um bem danado!
Vou contar uma historinha.
Tive, muito, muito tempo atrás, um namorado, infelizmente comprometido com outra pessoa. Dessas coisas que não deveriam, mas acontecem.
Nada poderia rolar direito num contexto desse, já que esse relacionamento era baseado numa "mentira"...Mas mesmo após decidirmos tomar outro rumo, ainda assim ele me manteve presa com pequenos gestos: um elogio em público, um constante ar de sedução, sempre um olhar de admiração quando nos encontravámos acidentalmente, ou seja, ele sempre me fez sentir uma criatura única e especial. Verdade? Não, mentira, sincera, mas mentira ( pois havia uma outra pessoa " única" em sua vida).
Só sei que meu astral vivia nas nuvens e me sentia a modelo da capa da Vogue!
Muito boa essa sensação.
Descobri, nesse episódio, que nem sempre queremos toda a verdade. Que muitas vezes ela machuca, destrói, nos devolve um sentimento de incapacidade e limitação.
Quem suporta alguém ao seu lado sistematicamente apontando erros, defeitos ou fraquezas? Acho que ninguém. Ou se suporta vai acabar virando um ser sem alegria, sem vida, agoniado e caído.
Certo, deve haver um meio termo, mas esse é difícil de encontrar.
Pelas dúvidas, umas " mentirinhas " sinceras caem bem, ajudam a passar o dia, a driblar a depressão e encarar o futuro.
Quero mais é escutar uma delas de vez em sempre...
E você? Já " mentiu " hoje?

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