terça-feira, 13 de abril de 2010

Ah!.. Essas mulheres.





Ah! Essas mulheres...
No jornal de hoje, Folha( ou "Falha", se preferirem)de São Paulo, li sobre ações e declarações de 3 mulheres envolvidas com política.
A primeira da ex-ministra e candidata à presidência, Dilma Roussef, que em São Bernardo do Campo-SP, tascou uma declaração na qual classificou os exilados ou que se exilaram durante a ditadura militar, de " fujôes".
Reproduzo a declaração: "Eu não fujo da situação quando ela fica difícil. Eu posso apanhar, ser maltrada, como eu já fui, mas não fujo da luta. Em cada época da minha vida, eu fiz o que fiz porque acreditava naquilo. Eu mudei quando o Brasil mudou. Eu não fujo da luta. Nunca abandonei o barco" .
Certo, Dona Dilma, no intuito de atingir o seu opositor José Serra, que se exilou no Chile, acabou acertando muito gente mais séria que você, a saber: Juscelino, Miguel Arraes, Julião, FHC, Luis Carlos Prestes, Betinho, Gregório Bezerra, Chico Buarque, Gil, Caetano etc,etc, e tóim! Alguns de seus pares de partido:José Dirceu.
A ex-ministra, sempre uma jóia de simpatia, mostrou, mais uma vez, além de seu temperamento e personalidade pautados para "conciliação e diplomacia", uma terrível " falta de noção" diante de fatos e momentos históricos indiscutíveis.
Essa senhora optou pela luta armada. Certo, mas se esqueceu de avaliar os resultados, inclusive de ações que ela mesma praticou...Antes tivesse " fugido"
A segunda mulher sobre quem li é da também candidata Marina Silva, do PV: Não são fujões. Todos aqueles que saíram do Brasil não fugiram. Fizeram um ato de legítima defesa de sua vida, porque é assim que cada pessoa faz quando se sente ameaçada". Concordo, Marina, ponto para você!
Tenho simpatia por Marina, essa uma senhora delicada, sonhadora e com biografia de superação, mas, sinceramente? Esse ar meio evangélico demais me incomoda um pouco. Tratar questões ambientais me parece que ela faz bem, tem conhecimento, tem respaldo e credibilidade mas, e as grandes questões do mundo moderno? Aborto, drogas, violência, admistração dos bens públicos, obras gigantescas de infra, enfim. Será que sua visão, mesclada aos seus ideais religiosos não vai atrapalhar um pouco?
Arrematando minha manhã de " leitura feminina" veio a sempre chata Marta Suplicy. Falava ela sobre sua possível disputa a uma vaga no Senado ( não pode ser, ninguém merece!). Isso e aquilo, aquelas sua frases de sempre que falam, falam e não falam nada. Aliás, semana passada a loira espevitada e casadoira ( não, não é a Ana Maria Braga, mas Marta mesmo!) andou pedindo desculpas ao Kassab, pelo comportamento preconceituoso que teve durante a campanha que o elegeu. As perguntas capciosas que dirigiu ao então candidato nitidamente destilavam uma inexplicável homofobia para o curriculum de " sexológa" da moça.
Pois bem, hoje, dentre outras coisas, ela dizia se espantar com a dificuldade das mulheres na política: Tem gente que não vota em mulher, e não podemos perder a oportunidade de fazer pesquisas e saber o porquê. Isso vai deixar um histórico muito importante para as mulheres, para nossas filhas e nossas netas que quiserem entrar na política. Temos uma chance única com a Dilma e com a Marina. .
Madame, vou tentar explicar. Olha só o que está sendo proposto: Ou Dilma ou Marina e a senhora no Senado. Não dá.
Que tal deixar de lado esse tom feminista e tratar de buscar as razões em outros campos? Percepção, preparo real, competência e real envolvimento e dedicação já seriam um bom começo. Em homens e mulheres.
Eu, como mulher, sinceramente não me sinto representada por nenhuma dessas moças/senhoras. Nem por uma Ideli Salvatti, nem por Soninha, nem pela Dra Havanir, Yeda Crusius, Roseana Sarney ou Heloísa Helena. Sorry, mas não me sinto mesmo!
Só sei que pelo andar da carruagem cada vez mais será complicado termos, de verdade, alguém no nosso( meu) sexo, nos representando no cenário político. Alguém sem caras e bocas, sem estereótipos de " mulher-macho", que agregue o que temos de melhor em nosso gênero: mente e coração trabalhando juntos.
Somos hoje excelentes mães, empresárias, mestras, cientistas, médicas, pesquisadoras, artistas, pensadoras, diretoras de cinema, tudo ao mesmo tempo, mas ainda não aprendemos a lidar com mundo da política. Por que será?
Ah! Essas mulheres.

Um comentário:

  1. Querida Nil,
    Confesso que ainda estou indeciso sobre se deveria ou não endereçar-lhe estas linhas. Mas os amigos costumam se impor obrigações de salvar os amigos, mesmo que seja salvá-los de si mesmos.
    Você criticou ontem – no texto Ah! Essas mulheres... – declarações de mulheres públicas (sem ofensa; mulheres que estão na política e na mídia).
    Eu me acostumei (e estou mal acostumado) a ler seu blog e gostar sempre, quase que indiscriminadamente, de tudo. Bem, até hoje, porque este último me surpreendeu. Quero que você me permita botar uns reparos nele, por assim dizer. Posso? Então vamos lá.
    Vi e ouvi por todos os lados (imprensa escrita, falada e televisionada) a repercussão da fala da ex-guerrilheira, ex-ministra e candidata (ainda não é ex) Dilma. Fiquei com a mais absoluta certeza de que nada mais correto em termos de mídia do que a famosa assertiva “se o fato não nos favorece, imprima-se a versão”. Preciso fazer aqui uma ressalva para dizer-lhe que eu, pessoalmente, acho a dona Dilma um ‘porre’. Poderia elencar pelo menos uma dúzia de adjetivos do tipo ‘autoritária’, ‘metida à besta’, ‘cabotina’, ‘desagradável’, ‘dissimulada’, ‘boneca de ventríloquo’ e por aí vai. Acho que ela consegue (e sem esforço) ser ainda mais antipática do que o Serra, seu adversário do PSDB, o que é uma proeza! Essa é minha opinião (não posso evitar) contaminada pelos meus preconceitos, sinto dizê-lo. Não sou, portanto, um bom advogado de defesa para essa mulher. (Ainda que eu sempre esteja disposto a defender as mulheres, mulherengo incorrigível que sou). Mas eu falava de fatos e versões e, de fato, se lermos e relermos a transcrição do que a mulher disse, seremos forçados a esta decepcionante conclusão: ela não disse nada daquilo que lhe foi atribuído, nada, rigorosamente nada. Em nenhum momento pronunciou as palavras ‘exílio’, ‘exilado’ ou ‘ex-exilado’ e muito menos ‘fujão’. Aliás, você mesma nos mostra isso porque botou a declaração dela entre aspas no seu texto. O que é louvável. Para resumir, acho que se orquestrou uma tremenda celeuma em torno de supostas declarações que, segundo as diversas versões, a mulher teria dito isso e aquilo. Versões e não fatos. E não podemos – não nós; eu e você, querida – fazermos coro à mentira que põe a versão no lugar dos fatos. Mesmo que seja o poético “manto diáfano da fantasia sobre a nudez crua da verdade”, como dizia o Eça. (E Eça eu defendo!).
    Tenho um imenso carinho por você e sei que me perdoará a intromissão no seu blog. Aqui entre nós, gosto mais da Nil de textos como ‘Sensações...’ e ‘Verdades absolutas...?!’, só para citar dois recentes. De ‘Ah! Essas mulheres...’ acho melhor você fazer o seguinte: Pede para a sua heterônima Eugênia Ventura mandá-las ‘plantar manjericão’... Beijos. E não me queira mal.

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