quinta-feira, 25 de março de 2010

Sensações...




Sinto saudades de muitas coisas nessa vida..
Situações, cheiros, momentos, lugares, pessoas.
E sinto falta de instantes fugazes, sensações que nem sei bem explicar.
Finais de tarde na praia, o mar avermelhando, o vento soprando delicado no chapéu-de-sol, o olhar perdido na calma da paisagem. E o cheiro, inesquecível, do pão quente escapando do saco de papel ou o calor vindo de um olhar profundo e apaixonado que por convenções sociais não poderia nunca deixar de ser apenas um olhar...
Penso em tantos perfumes e sensações da vida que tenho vivido.
E se algo, por pura mágica, desperta minha memória olfativa, volto àquele exato momento e o vivo de novo.
Hoje acordei com saudades de Buenos Aires, cidade em que vivi muitos momentos ricos em dores, risos, esperanças e desilusões.
Está aqui, viva e intensa a excitação do aeroporto de Ezeiza, muito colorido, cheio de sons e a lingua dos portenhos soando ao fundo, como eco de outras vidas, de outros tempos. Sinto nos pés o ruido abafado do carpete do quarto de hotel e o gosto das " medialunas" crocantes e quentinhas desfazendo na boca sob o sol ameno do outono argentino.
Vejo, como se não fosse míope tal a clareza, as árvores da Plaza San Martin e ouço meus passos, solitários, ressoando pelas " calles" desertas. Sinto o travesseiro, macio e branco onde afundei meu rosto banhado de lágrimas depois de uma perda afetiva. E ouço o tango, na rua e nos salões, como eco de uma momento ao mesmo tempo próximo e distante...
Sinto falta de algo em mim, dos muitos paradoxos que engendrei, da inquietação por algo que nem sei bem o quê é, mas que tinha que mudar.
Me quero de volta, como fui aos 28, 35, 45 anos. Como há bem pouco, na verdade.
Num tempo que ainda acreditava em sonhos, em situações ideais, em amores e encontros.
Me quero como era, como fui um dia, meio estabanada, irresponsável, aventureira, capaz de sonoras gargalhadas ou de prantos escancarados.
Acordei hoje com saudades. De tudo um pouco. Mas principalmente de mim.

2 comentários:

  1. Nao te conheco mas atravez do teu poema fiquei conhecendo seu coracao profundamente.
    Muito prazer. Meu nome e Ignez.

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  2. Ignez, obrigada pelas palavras e paciente leitura.
    meu pobre e, às vezes, insano coração está aqui, nesse blog, para vc e os amigos..
    beijos
    Nil

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