sexta-feira, 19 de março de 2010

Dois filmes

Dois filmes

Assisti outro dia dessa semana, final de tarde, vantagens de estar sem trabalho formal, uma reprise no Telecine Cult, do filme Hotel Ruanda. Aliás, reassisti após muitos anos.
Terrível, assustador e estranhamente presente hoje, quando aqui se vive momento de discussões sobre " cotas" para negros, sorry, afro descendentes, em universidades.
Esse assunto já rendeu conversas tensas entre uns e outros, defensores e detratores.
Como sou parecida com Caetano Veloso ( pelo menos nisso...rs..), não consigo manter minha boca fechada, acabo dando opinião e me vejo fazendo parte do grupo que não concorda com isso.
Graças a Deus estou em boa companhia, ao lado de pessoas como o Demétrio Magnolli e Newton Nazaro Júnior, mil vezes mais bem preparados para sustentar e justificar os motivos da não concordância.
O que sei, melhor, sinto, é que começa a surgir aqui, no Brasil, um rancor até então desconhecido. Estamos nos percebendo "diferentes" uns de outros de maneira muito complicada. Agora somos " hutus" e "tutsis" e temo que, a longo prazo, vivamos algo parecido com os acontecimentos em Ruanda.
Brancos viram opressores, escravagistas, usurpadores e maus. Negros são heróis, vítimas oprimidas e bons. Será que o mundo é tão simples e maniqueísta assim?
O pessoal da consciência negra mergulha num viés bastante perigoso, uma vez que, sistematicamente coloca apenas os brancos e europeus como únicos responsáveis pela tragédia da escravidão. Ninguém se lembra, ou melhor quer saber, dos fatos, incontestáveis sob o ponto de vista histórico, de que outros negros, de tribos e regiões rivais, é quem forneciam seus inimigos capturados para serem vendidos ao tráfico negreiro. Isso não conta. Pois é.
O que me assusta são os desdobramentos dessa conversa toda. E ficaria muito chateada se minha filha, mestiça, mas não de afro descendente e sim de oriental ( que tb, teoricamente, poderia reinvindicar uma cota, afinal descende de imigrantes explorados pelo capitalismo), perdesse sua vaga na universidade pelo sistema de cotas.Complicado esse acirrar de ódios, de velhas histórias que não podem mais ser mudadas e onerar futuras gerações com dívidas que não fizeram.

O outro filme, esse delicioso, tema mais leve, mas nem tanto é o que assisti essa semana com a Luiza, minha filha: Coração Louco, que rendeu um Oscar da academia, para o incrível Jeff Bridges!
Aqui o assunto é a decadência, graças ao alcoolismo, de um famoso cantor e compositor country. O tema poderia ter sido tratado com mais profundidade, mas valeu.
O ator, impecável, num papel feito para ele e construído com genialidade, aliado à uma trilha sonora incrível para os que gostam de música, torna o filme bem legal.
O drama do alcoolismo, que tem destruído tantos talentos, vidas e pessoas, é algo igualmente presente em nossas vidas. A dependência emocional do personagem, as perdas que vive, até a de um delicado amor, é coisa para se pensar. O alcool me parece mil vezes mais perigoso que outras drogas, uma vez que é aceito socialmente, tem seu charme, faz parte da rotina de quase todos, até que se torna o começo do fim na vida profissional, emocional e pessoal de muita gente boa.

Bom, é isso por hoje.
Dois temas: racismo (de todos os lados) e alcoolismo. Duas pragas.
Poderíamos muito bem passar sem isso!
Bom final de semana!

Um comentário:

  1. Bom final de semana para vc tbem Nil! Muito bom comentario. O alcoolismo redirecionou minha vida, drasticamente, duas vezes. Sem comentarios.

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