terça-feira, 30 de março de 2010

Aprender português!






Quando tinha 10 anos fui aprender francês na Aliança Francesa da Alameda Tietê.
Acho que nem existe mais!
Desse tempo fiquei, para sempre, com a imagem da " portrait de Pierre Vincent" ( ah..o G. Mauger!)...O inglês aprendi com os Beatles, com discos, com filmes e o " porteño", foi por amor e com meu queridíssimo e paciente amigo Guillermo Ezquerra.
O que queria mesmo, hoje, é apreder português! Sim, português, nosso, humilde, lindo e complexo idioma.
Talvez algumas aulas de gramática caissem bem, mas o que busco é o entendimento perfeito da língua, a fórmula para me fazer entender sem dúvidas nem equívocos.
Poder falar de perdas, de caminhos oblíquos e ser entendida apenas assim, por isso e que nunca, nesses escritos, transpareça uma auto-piedade que não sinto, nem cobranças que não sei fazer ou me interessam.
Se falar de amor, que ele surja intenso, magnífico como pássaro multicor, capaz de abrir portas e janelas para espantar o bolor, o mofo das solidões... Que esse amor que eu retrate, delate, confesse, seja fim em si mesmo, sem condições nem partições. Apenas luz, que reavive, aquece, impulsione e ensine a incrível possibilidade de voar mesmo que sem asas...
E se eu falar de vida, que as palavras tenham cheiro, odor, gosto e temperatura, que cortem e costurem esperanças, medos, sonhos e visões num tecido infinito e sem manchas...Que se sinta o pulsar das veias, o bombar do sangue, o ar que incha e escapa, que faça com que tanta, mas tanta vida seja capaz de destruir até mesmo a morte.
E se eu falar de passado, que ele soe firme como rocha, como farol, como norte, que apontou um dia para o presente, esse tênue e impalpável estado que não existe...
E se eu falar do futuro, que minhas palavras carreguem as mesmas certezas dos heróis de Argos, dos conquistadores do mundo todo, que por ai caminharam um dia, sem medo nem dúvidas.
E se um dia, eu, afinal, aprender português, assim, desse jeito,como quero, que eu possa chorar em cada sílaba, rir em cada frase, viver num pequeno texto cada segundo dessa minha vida, rica, insana, melancólica, obliqua e cheia de sentido.
O poeta Pessoa um dia escreveu " Minha pátria é minha língua", pois minha língua é minha pátria e meu código secreto, caminho do coração, áspero, nem sempre claro, nem sempre compreensível, nem sempre feliz.

Um comentário:

  1. Muito interessante e chacoalhou minha curiosidade em saber se eu nao tivesse saido do Brasil aa tantos anos, como meu portugues estaria hoje, como eu teria me dado aas mudancas feitas, como eu estaria vivendo aih no Brasil neste momento, trabalhando onde, amando quem...

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