terça-feira, 15 de setembro de 2015

Feliz, pode ser?


Ser ou não ser...feliz?
Tenho reparado que, de uns tempos para cá, pessoas queridas tem compartilhado artigos e matérias ( de publicações/sites nacionais e estrangeiros) tratando do tema "ser feliz".
Alguns especialistas alertam sobre os erros cometidos na educação dos pequenos, justamente por não se permitir que eles se sintam " infelizes" ( tipo da coisa impossível e que logo ali na frente vai acabar gerando um tremendo conflito na cabeça das crianças), noutros textos são tratadas as "cobranças" veladas de todo um " sistema" que tentam vender esse estado quase "divino" de uma felicidade em full HD, geralmente associado aos sucessos de todos os tipos: profissional, amoroso, aparência física, de conta bancária, de status, de possuir coisas e objetos e por aí vai, Ah, parece que alguns ainda associam esse estado sublime ao CEP de onde moram, ou no número de comodos por onde podem desfilar essa tal felicidade ou, pior, acabam pensando que ela está relacionada à quantidade de sacolas "grifadas" que podem abarrotar esses mesmos comodos, sacolas muitas vezes que sequer terão utilizados os seus conteúdos.( roupas, jóias, bens, carros, cirurgias plásticas, etc,etc..).
Resumo dessa ideia: se não tiver nada disso, nada de ser feliz, viu? ( e a fila nos psicoterapeutas cresce..)

Tá bem, concordo, é sempre mais fácil criticar do que apontar alguma resposta ou solução para esse enigma tão velho quanto o homem!
Mas, de verdade? Não sei bem o que é felicidade, ou pelo menos não consigo definir com muita clareza mas, maravilha, sempre a reconheço quando ela me acontece!
Pois pra mim felicidade é sensação. Como intuição que não se explica mas nos deixa alerta, como aquele arrepio que nasce de não sei onde e a gente quer mesmo é ir embora do lugar, pois a felicidade é como uma percepção bem fugaz de que estou plena, completa, tudo está bem e ela faz meu rosto e meus olhos sorrirem sozinhos. Ou chorarem, pois tive instantes que tal era a certeza de que estava num momento iluminado e especial que não tive como não chorar.
Sim, na felicidade os risos e lágrimas tem nascente e destino alheios à nossa vontade, pois não passam nem pelo cérebro nem pelas vergonhas.

E lendo e relendo todos esses textos maravilhosos em seus enfoques, teorias e análises concordo com parte deles: não se pode simplificar um sentimento e emoções humanas, ou seja, neutralizar a raiva, o rancor, o desejo de justiça ou vingança, a tristeza ou a impaciência, caso isso fosse possível ( e não é), para só então e partir daí atingirmos esse " nirvana" e sair pela porta a sorrir pela vida como bobos alegres.
Não dá,não existe. Somos feitos de muitos lados.

Recentemente estive em Portugal numa viagem que, através da generosidade de pessoas amadas, realizou um projeto tão belo e sonhado.
Pois foi que, apesar de estar exatamente onde sonhei, sem as mazelas tão chatas e repetitivas do cotidiano, com um único propósito de mergulhar na beleza dos lugares ainda assim tive alguns momentos de " antifelicidade" e muita aflição e angústia onde, exatamente como faço aqui, corri porta afora, caminhando sem destino, buscando reorganizar minha alma e mente tão entristecidas e preocupadas naquele momento e chorei como disse o poeta Alceu Valença, como chora o arvoredo e, pior, sozinha e num lugar estranho! Portugal, portanto, não conseguiu  me preservar nem vacinar contra a tristeza, pois não há mesmo vacina para isso!
Em contrapartida hoje, numa manhã de malabarismos com lista de compras dentro de um supermercado ( talvez uma das atividades mais chatas nesses dias de crise e dinheiro curto), fui surpreendida por um abraço apertado e  inesperado  ( eu estava de costas) de Sofia, minha neta que, em seu lindo traje negro de ballet e coque enfeitado com strass, parecia uma ninfa  trazendo num afago tão verdadeiro e generoso a mais maravilhosa e total sensação de felicidade! E às gargalhadas giramos, as duas, pelo corredor de frutas!!!
Supermercado também tem potencial, portanto, para encontrar a felicidade!

E esse " ser assim" da gente, meio perplexos e confusos diante da vida e perante nós mesmos, tão multifacetados, multipolares, capazes de muitos e variados sentimentos e sensaçãos (muitas vezes ao mesmo tempo) nos torna capazes de reconhecer e acolher essa tal " felicidade" que vem e chega apesar de todo o resto.
É só abrir os olhos e o coração, tirar da lista de prioridades ou metas, parar de condicionar e enquadrar e deixar livre e solto o correr dos dias, tratando tudo com serenidade e muita gentileza.
 E é tão interessante: muitas vezes esse sonhado estado surge sem aviso, num prosaico abrir de garrafa de bom vinho junto de amigos queridos ou do amado ou, mais simples ainda, no abrir da janela pela manhã e, surpresa, dar de cara com o sabiá laranjeira que mora na árvore da rua, apenas esperando platéia para saudar o dia com sua canção.

Beijo,


canção sugerida:

https://www.youtube.com/watch?v=9ZEURntrQOg ( Turtles- Happy Together)
Para mim estar feliz é resultado de ter sido adolescente nos anos flower power!



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