segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O que foi e o que virá...




Tomei emprestada uma frase do queridíssimo Homero (http://homeroeu.blogspot.com) artista e pessoa da melhor qualidade para iniciar esse blog:

"Se você puder, brevemente, dar um recado ao ano que vem, peça a ele que mostre pra gente, o valor que gente tem."

Isso aí, sem isso não dá.
E valor, penso eu, é muito além do que a palavra diz.
Anda na moda o tal " agregar valor" como instrumento para se vender melhor alguém, algo ou idéia. Nada disso.
Falo do básico, do simples e, portanto, vital.
Esses meses que o calendário determinou que representaram o ano de 2010, foi duro, foi de confrontos, de medir implacavelmente a diferença entre " ser e ter".
Perdemos algumas ilusões sobre muitas pessoas, que na hora H trataram de colocar um pé enquanto corríamos e tentaram nos derrubar, mas saltamos no ar e mesmo com o susto, permanecemos em pé.
Perdemos certa inocência que fazia com que usássemos, vez ou outra, aquele lindo par de óculos de lentes cor-de-rosa, mas é certo que corrigida essa miopia, pudemos enxergar tantas outras belezas que não supúnhamos existir.
Percebemos que esse ano não deu para comprar quase nada, nem roupas, nem os filmes, livros e músicas que amamos, mas ainda assim com o nosso pouco, conseguimos dividir com outros que não tem quase nada. Descobrimos, então, que ser feliz passa longe de shoppings, viagens, bens de consumo e aquisições.
Muitas imagens, que criamos com nossa destemperada fantasia, se trincaram durante o trajeto. Não existiam, não eram para ser levadas a sério. Saímos mais fortes, portanto, pois já não é mais possível colocarmos nossas estacas em terrenos movediços.
Muitos de nós perdemos nossas casas, literalmente, nosso chão, mas acreditem, não nos perdemos de nós mesmos.
Sou uma dessas, termino esse espaço contido no calendário, 2010, sem saber para onde vou, nem se vou ou se fico. Zerada, em todos os sentidos.
A casa, num sentido simples, não tem mais endereço certo, nem CEP, nem localização conhecida. Não sei onde será. Mas tenho a " casa" vivida e experimentada, dentro de mim. Os cheiros bons dos temperos, as panelas fumegando, as flores desabrochando em vasos, o colo, o abrigo, o conforto e as fotos de família e os risos, tudo dentro de mim. E assim será, sempre, onde quer que eu vá.
Perdemos pessoas, únicas e insubstituíveis, como sempre são as pessoas que amamos.
E ainda assim, depois de enterrarmos nossos mortos, seguimos lidando com a vida, com os desafios e com mais uma gota no imenso cálice das saudades...
Agora é sair de 2010, colocá-lo no acervo da memória, catalogar as lições aprendidas, registrar os erros e não comete-los mais, mesmo que seja para cometermos outros, novos.
E abrir o peito para essa convenção que se chama " Ano Novo".
Vou procurar vislumbrar 2011 como nova oportunidade, mesmo que dependendo de todos os feitos e desfeitos de 2010,2009,2008...
E me manter firme e lúcida. E feliz. E com esperanças.
Temos muito afeto para compartilhar, muitos abraços e beijos para trocar, muita gente para ajudar e muita ajuda a receber.
E que, enfim, gente sempre seja o mais importante e legal do mundo.
Gente que ri, chora, empreende, salta, ousa, inventa, parte e fica.
O que te desejo? Coragem, força, fé e muita humildade.
Lindo 2011.

Nil

Ps- Dedico esse texto para Luiza, minha filha, que me deu esperanças com seu lindo trabalho no " Teto para o meu País".

Um comentário:

  1. Obrigado sempre Nil. Este seu carinho é sempre a melhor surpresa na minha vida de artista. Um grande beijo e um grande 2011!

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