terça-feira, 26 de outubro de 2010

Sweet memories...



Deu na Folha de domingo, acho ( sorry, ando com lapsos de memória..rs).
Uma matéria sobre Mostra No MuBA, Museu de Belas Artes, de 23 croquis de Dener Pamplona de Abreu, primeiro dos chamados hoje " estilistas" brasileiros, costureiro naqueles tempos...
Os desenhos doados pelas filha de Dener, recebeu os comentários uma de suas funcionárias que acompanhou, de muito perto, a trajetória profissional e pessoal de Dener.
Com carinho e orgulho ela fala da personalidade, talento e trabalho sério e bem feito daquele rapaz, culto e refinado, primeiro a perceber nossa " brasilidade " e colocá-la como dado importante e belo num mundo tão apegado aos valores de uma Europa distante...
Ler sobre Dener me trouxe, de volta, minha mãe.
Aquela bela e interessante mulher tinha, em seu quarto imenso do casarão da Avenida Rebouças, um baú, onde dormiam, sonho de menina-criança, além de seu vestido de noiva, lindos vestidos de baile.
De vez em quando, muito de vez em quando, ela permitia que eu abrisse o baú e de lá tirasse aqueles magníficos trajes de gala e os experimentasse...
Havia um excepcional aos meus olhos de menina, lilás, cor insólita, pouco usada naqueles dias, não era moda, com um espetacular bordado em pedrarias no mesmo tom que descia do corpete, pelo seio esquerdo e ia até os pés, formando galhos e arabescos em suave movimento acompanhando as formas do corpo. E luvas acompanhando, acima dos cotovelos, em cetim, no mesmo tom.
E havia outro, preto, saia lembrando um tutu de bailarina, em point d ésprit, corpete de zibelina creme e a cintura marcada com faixa negra de cetim arrematada por lindo buquet de muguets creme.
Era um deslumbramento!
Eram de Dener. Antes dele ser Dener.
Minha mãe o conheceu no atelier de Madame Rosita, ele, muito jovem iniciando seu trabalho.
Ela o descrevia com alguém tímido mas já com o incrível olhar de criador, talentoso, capaz de adivinhar o que ficaria bem na cliente.
Esses lindos vestidos eram desenhos dele e minha mãe os guardou por muitos anos junto carinho e admiração pelo costureiro.
Não sei onde foram parar esses trajes. Nunca mais os encontrei nas coisas de mamãe.
Em minha memória está, entretanto, viva para sempre, a bela figura de minha mãe usando seus lindos vestidos de baile.
E igualmente viva a lembrança de Dener, criativo, provocador, cheio de talento e capaz de nos fazer perder a vergonha de sermos brasileiros!

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