sábado, 30 de janeiro de 2010

Coisas de Juquehy - Karen Blixen





Compartilho nesse blog coisas que escrevi entre 20 e 30/01, na minha amada Juquehy, litoral norte, São Paulo.


Li " Fazenda Africana, de Karen Blixen" ( ed. Cosac Naif) nesses dias de Juquehy.
Um privilégio ter podido ler, em plena praia, esse relato encantador e apaixonado sobre os 16 anos que a escritora viveu em sua fazenda na Àfrica.
As estórias contadas pela Banonesa Blixen, no mesmo tom delicioso que lembra, às vezes, uma Sherezade moderna, falam de pessoas, de situações envolvendo pessoas. Nativos e brancos, com sua aparente e impossível comunicação, através do texto atento e delicado da escritora,surgem unidos por um fio de imensa humanidade que nos torna, brancos, negros, velhos, moços, dinamarqueses ou nativos massais e quicuios, tão semelhantes.
A cada capítulo eu parava um tempo diante do mar e suas nuances, seus azuis, verdes e cinzas que se alternavam de acordo com a quantidade e força da luz recebida do sol. Tudo ficava mais e mais claro! Uma certeza, quase física, de que quase tudo do mundo, suas coisas, natureza, pessoas, relações e sentimentos só podem ser percebidos com cuidado, com enorme atenção, pois as mudanças são sutis, passam quase imperceptíveis se não usarmos da mesma delicadeza que encadeia todos esses fatos e circunstâncias...
Há que se ter olhos para ver, disse o poeta. E essa "visão" não pode ser um fim em si mesma, mas a ponte entre tudo e todos, entre nós e nossos sentimentos, entre nós e a natureza, entre nós e nossos deuses.
Os dias foram de sol e chuva, como devem ser os dias de verão. Aqui os elementos de uma natureza ainda não totalmente submetida puderam de expressar num delicado filamento feito de calor, brisa, azuis passando os ventos cortantes, a chuva torrencial e ao cheiro de enxofre no ar! Em minutos!
O texto de Karen Blixen fala disso, dos aparentes extremos mas também de uma sequência, de uma coerência, uma familiaridade, só percebida com muito cuidado, que nos une e torna pessoas, apenas pessoas. Com medos, sonhos e desilusões. Na África, ou em Juquehy.

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