domingo, 4 de julho de 2010

Triunfo da Vaidade













Ouço muitas vezes , sempre citada pelo Gil, a frase de Nelson Rodrigues: Só os profetas enxergam o óbvio.
Pois é, relendo minha postagem anterior, onde cito o filósofo alemão Niezstche tratando do perigo das " convicções", me senti meio profeta...
Essa Copa, esse final tão melancólico e patético mostrou, de maneira clara, como certas " certezas" são o caminho mais rápido e certeiro para fracassos e problemas.
Não sou especialista em futebol, bem ao contrário, nunca entendi o que é 4,4,2, pouco percebo a diferença entre um volante e um cabeça de área, tudo isso representa um enigma para minha pobre pessoa, torcedora, isso sim, sempre envolvida com os jogos do meu time e da seleção brasileira. Mas enxergo certas " obviedades".
Dunga e Maradona, técnicos das duas mais polêmicas e famosas seleções de futebol do mundo, cairam no mesmo engano.
Acreditaram que sabiam tudo, que estavam certos.
Deu no que deu, ambos despachados, sem pompa nem circunstância, da Africa do Sul, para chorarem as pitangas em casa, na cama, que é lugar quente.
Dunga, com seu modo de xerife grosso, sua falta de tato e delicadeza com a imprensa e os torcedores, optou por fazer o que bem entendia, convocando " famosos quem" como diria o inesquecível personagem criado pelo genial Chico Anísio, Alberto Roberto, supondo-se acima do bem e do mal.
Não convocou jogadores revelados na raça e com belissímos resultados, como Ganso e Neymar, não quis, nem na reserva, um Ronaldinho Gaúcho, mostrando que ali " mando eu" e vocês, 200 milhões de brasileiros, que se acomodem. Fechou os treinos, bateu de frente com todo mundo, incluindo a CBF e apresentou um time jogando feio, sem criatividade e, pior, que me deixava bem insegura todo o tempo. Como confiar num Felipe Melo, num Daniel Alves, num Kaká?
Maradona, com aquela personalidade bem conhecida, falando merda, apostando ficar pelado no Obelisco caso vencesse o torneio convocou gente boa, craques de verdade. Faltou o que então? Faltou técnico, já que ele parecia mais preocupado em fazer " tipo", em dar declarações no mínimo bombásticas do que comandar a seleção argentina. Todos viram o que resultou na última e devastadora partida contra a Alemanha. Não comandou, não substituiu nem na hora certa, nem os jogadores certos, o time bateu cabeça, ficou aparvalhado e levou 4 gols.
Esses são dois bons exemplos de pessoas com " muitas convicções". Gente que não escuta, não enxerga nem tem humildade para rever suas posições e fazer ajustes necessários.
Foi o triunfo da vaidade, ou seja, fracasso total.
A festa acabou, tanto aqui como na Argentina. Nós, brasileiros, temos pelo menos uma qualidade que falta aos " hermanos": não ficamos procurando justificativas nem incensando o panteão das nulidades.
Dunga não volta como herói cansado de batalhas, mesmo que perdidas, mas ainda herói. Voltou para a insignificância de onde nunca deveria ter saído. Que vá dirigir times do sul, para ele está ótimo. Já Maradona, com aquele teatro todo, com jeito abatido e deprimido, deve chegar com banda de música. Tango, logicamente. A cara dos "hermanos" esse drama, essa dor. Que pena.


ps- Ouvi dizer, por pessoa que se diz muito entendida de futebol, que Maradona seria o " homem da Copa". Deus me livre! A saída da seleção argentina ainda teve outro lado bom: não temos o deprimente espetáculo de ver " Dieguito" pelado. Aí seria mais um crime, dessa vez contra a estética e bom gosto!

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