segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Um pouco de palavra...





Words are flowing out like endless rain into a paper cup,
They slither while they pass they slip away across the universe.
Pools of sorrow, waves of joy are drifting through my opened mind,
Possessing and caressing me. ( Across the universe- The Beatles)

Em tradução livre:
Palavras flutuam como uma chuva sem fim dentro de um copo de papel
Elas se mexem selvagemente enquanto deslizam pelo universo .
Um monte de mágoas, ondas de alegrias estão passando por minha mente
Me possuindo e acariciando.

Que bom existirem tais versos, nesse caso colocados numa canção tão linda. E existirem todos os versos...
Me vejo como alguém cada dia mais " viciada" em palavras!
Palavras, que dão forma a tudo que aparentemente não tem forma: sentimentos, sensações, visões, percepções.
E que podem, e fazem isso, gerar tantos mal entendidos, más interpretações, mágoas, rancores ou ressentimentos.
Ainda assim vale a pena usá-las. Com cuidado, com justeza, mas sabendo que riscos sempre hão de ter.
Palavras criam, colorem, dão brilho, ferem, destroem e causam dano.
E não dá para ficar sem elas. Nelas encontro o código tão particular da minha alma, a chave dos meus segredos, o caminho de volta para mim mesma.
E através delas, sou, penso, existo e confesso, entrego, peço, proponho e liberto.
Meus medos, meus demonios, meus pesadelos. E trato de realizar os mais impossíveis desejos..
Palavras que me confortam e me dão certezas.
E viram contos, cartas, fábulas, relatos, confissões e desabafos.
E ao relê-las, mesmo muito tempo depois ainda me reconheço.
Com todas as lágrimas, dores e incompreensão que já me causaram, ainda fico com as palavras. todas elas, para usar e abusar, sem medo, sem medida, sem freios.
Não me é possível ser outra pessoa, não sei usar tintas, notas nem linha e agulhas, apenas palavras.
E com elas brinco, invento, busco e acho um sentido para o aparente sem sentido de tudo.


"A palavra pertence metade a quem a profere, metade a quem a ouve ( Montaigne)"

Boa semana.





sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Photographs and Memories





Tenho um lado, forte, canceriano.
Para os não versados em astrologia, Cancer é o signo que rege o passado, o que trazemos, a ancestralidade, as memórias. Dono da quarta casa, a das nossas raízes, Cancer fala do passado.
Por destino tenho 2 ascendentes, Gêmeos e Cancer e dever isso que me torna essa pessoa tão contraditória, mutante e de vais e vens..rs, pois, se por um lado, avanço, polemizo, quero ser livre, por outro adoro minha casa, meu canto, cuidar de pessoas, meu espaço e, principalmente, conservar coisas.
Sei que com essa outro dia, a pedido de meu advogado, sai em busca de documentos, alguns bem antigos e comecei a revirar minhas pastas. Encontrei os tal documento e muitos outros papéis que me colocaram, instantaneamente, na máquina do tempo!
Cartões de Natais, desenhos de filhos, laços de presentes, bilhetes, fotos e mais fotos e...e...cartas de amor!
Sim, lindas e emocionadas cartas de amor recebidas faz tanto tempo...
Claro que hoje quem as está lendo não é mais a mesma pessoa e certamente quem as escreveu também não, mas foi possível, num milionésimo de segundo, voltar a sentir a mesma emoção sentida naqueles dias.
Tantas palavras, onde não há crítica, censura, apenas um coração falando, nem sempre com beleza gramatical, mas com tamanha verdade e tantas certezas...
Claro que isso traz, também, uma certa melancolia, uma tristeza por algo vivido, imensamente e que morreu...
Enxergo como um belo pássaro, de rara plumagem, que num dia lindo do passado pousou e me tornou mais feliz e melhor.
Tenho saudades dessas pessoas, sinto mesmo, falta delas e do imenso sentimento que nos uniu. Uma parte de todos esses amores ainda vive em mim e me tornou ainda mais capaz de amar de novo.

Deixo, para essas pessoas, uma música incrível e tocante de Jim Croce:

Photographs and memories
Christmas cards you sent to me
All that I have are these
To remember you

Memories that come at night
Take me to another time

Back to a happier day
When I called you mine
But we sure had a good time

When we started way back when
Morning walks and bedroom talks
Oh how I loved you then

Summer skies and lullabies
Nights we couldn’t say good-bye
And of all of the things that we knew
Not a dream survived

Photographs and memories
All the love you gave to me
Somehow it just can’t be true
That’s all I’ve left of you

But we sure had a good time
When we started way back when

Morning walks and bedroom talks

Oh how I loved you then
( Photographs and memories- Jim Croce)

http://www.youtube.com/watch?v=48o5rCFFxh8


Bom final de semana

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Promessa quebrada




Não tem jeito, juro, a mim mesma, não entrar no tema, mas não tem como.
Sou, meu e-mail, invadida por conteúdos políticos de todos os tipos.
Entrar no mérito? Não, vou tentar não.
Quem me conhece já sabe do meu silencioso posicionamento, sou Serra e assim permanecerei, mas esse não é o ponto.
Só algumas dúvidas me pegam. Vamos lá.
Não gosto da Dilma, não gosto da postura, da cara, de sua fama de durona, mal educada, etc, como nunca gostei do Collor, acho-os bem parecidos.
Por outro lado muitas das críticas que fazem a ela, sorry, não me parecem justas.
Terrorista? Olha, naqueles dias haviam dois posicionamentos, ou você era a favor da ditadura, ou contra. Sem meio termo.
Se o parâmetro, ditado por aqueles dias for esse, muita gente boa e nisso me incluo, era terrorista. Ulysses Guimarães, Gabeira, FHC, Mario Covas, meu pai, Miguel Arraes, Roberto Freire e muitas pessoas lindas que conheço: Ruy Fernando, Gil, Roberto Salomão, Dr José Quinta e tantos e tantos amigos e gente da melhor qualidade também o era.
Lamento, gente, mas ficar do lado do governo militar não dava.
O ponto não é esse e acho que estão perdendo uma ótima oportunidade de criticar, de verdade, a candidatura Dilma.
Humildemente proponho que nos perguntemos: quem é Dilma? Please, sem o viés terrorista.
Qual a sua folha de serviços prestados ao país? Fora apêndice do Lula, não se sabe. Aliás, pelo que sei nem era do PT e sim do PDT. Onde adquiriu, além dos conchavos e tramóias de salas do poder, preparo e conhecimento para governar? Que mágica foi essa que fizeram e arrumaram essa senhora tão antipática e iracunda para continuar o programa Lula?
Das duas uma, ou quem segue governando é Lula, aí teremos um fenomeno parecido com o dos " hermanos ": elege-se Isabelita e quem manda é Perón (apenas teremos que rezar para que não apareça um Lopez Rega, El Brujo, pois esse sim mandava de fato!), ou será eleita uma desconhecida.
Isso me lembra o Cacareco em antigas eleições. Para quem é jovem e não se lembra, Cacareco era um rinoceronte famoso do Zoo e obteve estrondosa votação!
Sei que isso tudo me incomoda, mas não vou, conforme prometido, entrar no " é da coisa"...

Apenas uma pergunta ainda, essa para Gil, meu marido, defensor do PT, melhor, inimigo de morte dos tucanos: por que será, Gil, que entre todos os nossos amigos, muitos deles velhos petistas, gente que você conhece, ama e admira, que fazem parte do seu restritíssimo círculo de pessoas que confia e convive, não há nenhum, nenhum ( além de seu irmão) que vá votar na Dilma? Por que será?
Sei que vai repercutir esse blog, mas a idéia era apenas de colocar alguns, e meus, pensamentos.

Ps- Imagem : Lopez Rega, Peron e Isabelita

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Pra sempre...





Se lembra quando a gente

Chegou um dia a acreditar
Que tudo era prá sempre
Sem saber Que o pra sempre Sempre acaba... (Por enquanto- Legião Urbana)


Quantos " pra sempre" fizeram minha vida? Muitos, inúmeros, incontáveis...Sou alguém cheia de ex prá sempres...
Que sensação é essa, de que tudo vai ser sempre igual?
Me lembro, quando penso nisso, daquela coisa doida que acontece nas grandes cidades, Sampa é o exemplo máximo, do pessoal comprar aqueles mega-tri-x-plus apartamentos em condomínios idem e derepente, caso na semana passada, se veem invadidos por um bando de assaltantes, armado de artilharia pesadíssima, que destrói, em segundos, a tão sonhada " segurança"...
Nem câmeras, nem portões e cercas eletrificados, nem os abomináveis " gorilas", dizem que treinados no Mossad( aff) e que na verdade apenas intimidam os que não querem nem assaltar ou invadir, nada segura a violência, nem mantém pra sempre a sensação de estar protegido!
Pois é. Achamos que é pra sempre, que está tudo bem, sob controle e aí?
Como é que ficamos com isso, não só no caso dos bandidos, mas com a gente mesmo? Como é complicado lidar com o " não ficar" das coisas, pessoas, amores, sensações, sonhos, projetos, sentimentos...
Tem coisa mais triste, beirando ao patético do que ex-amores?
Esse " ex" tem o estranho poder de apagar tudo que um dia foi tão iluminado.
Igualmente chato, para não dizer terrível é perceber que o erro, de verdade, foi nosso, ao enxergar, um dia, o que não existe nem nunca existiu. Talvez tenhamos enxergado nós mesmos, uma parte, fugaz e relampejante de algo muito importante de nós. E quando isso nos é devolvido, o outro, pobre coitado, é colocado em sua simplória humanidade, seus defeitos, sem nada do divino nem transcendental que acreditávamos ter visto.
Fico melancólica com isso, tá bom, deve ser meu inferno astral, ou aquela distorção de personalidade que me faz ver fantasia e magia em tudo que, agora, cobram seu preço.
O pra sempre, sempre acaba diz o poeta. Verdade.
Nada é mesmo para sempre, dizem que a alma, mas disso não sei o que dizer, não sei. No e na real tudo muda e mudar é uma cara interessante de " acabar".
Já que falei de um poeta-músico da MPB vou encerrar com outro, que me consola e explica. Que, talvez, me traga de volta uma boa sensação.

Eu já estou com o pé nessa estrada Qualquer dia a gente se vê Sei que nada será como antes, amanhã Que notícias me dão dos amigos? Que notícias me dão de você? Alvoroço em meu coração Amanhã ou depois de amanhã Resistindo na boca da noite um gosto de sol ( Nada será como antes- Milton/Ronaldo Bastos)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Everybody lies...






Meu personagem favorito das séries de TV é House.
Dr. Gregory House, médico do Plainsboro Princeton Hospital, é um especialista em diagnósticos.
Irascível, drogrado, amoral, completamente norteado por um código pessoal no mínimo questionável, com uma ética e comportamento singulares, ele usa duas frases, quase que todo o tempo, que me fizeram pensar:
" People don´t change ", numa tradução livre, Pessoas não mudam. E, " Everybody lies", todo mundo mente.
Apesar do aparente cinismo e descrença dessas duas frases, tenho que concordar que House está certo na maioria das vezes.
É realmente muito difícil as pessoas " mudarem", em geral fica-se só na vontade, no desejo, esse sim até genuíno mas, infelizmente não dura muito. Como se fosse um " hábito", acabamos cometendo quase sempre os mesmos erros, tomando as mesmas decisões, escolhendo as mesmas coisas...Como um cacoete, imperceptível e sem controle.
É sempre forte a tendência em se fazer o conhecido, responder da mesma forma aos estímulos, mesmo quando isso nos torna miseravelmente infelizes.
Tive amigos que sempre acabavam se envolvendo com " pessoas erradas", nisso se inclui tudo, de pessoas comprometidas com outras às deformações terríveis de caráter. Parecia, me diziam as " vítimas", que tinham " dedo podre", pois acabam sempre caindo em situações de muita dor e problemas. Com o tempo comecei a ver que os amigos não eram pobres vítimas, apenas buscavam, sim buscavam, esses relacionamentos, pois de alguma maneira o papel de coitados lhes caia bem! Mudar, nem pensar...
E aí entra a segunda frase de House, todos mentem. Ou para os outros, ou para si mesmos.
Quantas e quantas vezes edulcoramos nossa imagem, falando de qualidades que não possuimos, de idéias que nunca tivemos ou até mesmo convencemos o outro que fechamos com o " sonho dele "?
Interessante isso. O mais interessante ainda é ver que todo esse dircurso no qual está estruturada a personalidade do personagem House o torna, para quem assiste, um ser imoral, desprezível, competente sim, mas totalmente pirado!
Será mesmo? Ou será que ele nos revela uma faceta que não queremos ver, que não gostamos, trazendo à tona a nossa sombra, nosso lado negro tão pouco agradável.
É isso, mais uma vez o incrível e charmoso médico acertou em seu diagnóstico.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Viver na Selva! para Gil





Viver na selva!
Não, nada de Africa, safáris no Quênia, etc. etc...
Viver entre leões, melhor dizendo.
Antes eram dois: minha mãe e Gil, agora só ele.
Muitos e muitos anos (não é Cris?), reclamei da falta de sorte e imenso exercício de paciência que era, para uma virginiana como eu, tãaaaaa mercuriana que tenho até ascendente em Gêmeos, ser obrigada a que conviver com leoninos, povo difícil...
Sua arrogância, seus egos exacerbados, sua total falta de autocrítica, seu jeito de saber tudo e todo mundo ser apenas acessório para suas vaidades, suas explosões de temperamento, isso tudo me irritava até as raias da loucura!
Isso foi antes, quando mais jovem.
Vivi e convivi, nas relações mais próximas que existem entre pessoas ( filha e mulher), com dois deles.
O blog é sobre meu leonino favorito, Gil, que completa hoje 52 anos, 12 ao meu lado!
Não é pouca coisa estar ao meu lado por tantos anos.
Tem que ser generoso, com um coração aberto, como só ele tem. Tem que vestir a camisa, melhor, a pele. E isso Gil faz com maestria.
O que chamava de arrogância é, na verdade, segurança, pulso firme, controle sobre ele mesmo e durante as minhas instabilidades. Meu norte, meu porto, meu colo, minha praia...
Meu amado companheiro de shows de blues, me arrasta quando não quero sair, invento que estou cansada e acabo me divertindo muito, de aperitivos diante da lareira, de assistir pela milionésima vez O Poderoso Chefão, Brancaleone e episódios antigos do House e Star Trek e ainda achar o máximo!
Não há ninguém nesse mundo que eu pense em dividir belezas que só nós dois poderemos enxergar com o mesmo olhar: tangos em Santelmo, conversas sobre os reis da Inglaterra, comentários nem sempre generosos sobre o mundo e as pessoas, Paris, a Sicília e Paraty.
Ativo, energético, até me cansa com tanta agitação, Gil sorve a vida em grandes goles e isso me ensina, eu tão indolente, tão serenamente na minha, que pode ser legal!
Avô de Sofia, se entrega à ela de corpo e alma, sem limites, sem mas...
Conheci muita gente interessante pela vida, muita mesmo, brilhante, inteligente, divertida, culta, atenta e de bom coração. Gil é a síntese de todas.
Sei, reconheço, o quanto deve ser dificil para ele viver comigo: sou instável, frágil, silenciosa, crítica e cheia de manias. Só um coração de Leão pode aguentar.
Viver na selva, que coisa incrível, que experiência rica e colorida!
Mesmo com o seu lado complicado, mau humorado, ranheta, resmungão e opiniático é uma enorme alegria saber que somos um, uma só pessoa, dividindo bons e maus momentos, rindo das desgraças, dos perrengues, das dificuldades. Dois tontos é o que somos, irresponsáveis, hedonistas, capazes de gastar o pouco que temos num único final de semana, apenas para poder ver o mar e me tirar da tristeza! Quem mais, além de um felino tão maravilhoso faria isso?
Gil, quero que você viva muito, para sempre.
Sei que foi um presente da vida viver com leões. Viver com você.
Feliz aniversário.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

55





Falta muito pouco para os 55 anos. Completos.
Um número interessante 55, pelo menos eu acho já que adoro números " dobrados". Quando tinha carro sempre escolhia placas com números assim: 11, 22, 77, 55, 00.
Mas não é sobre números esse blog de hoje, mas sobre 55 anos.
Sempre fiz muito auê com essa coisa de niver, planejava, inventava festas, falava e contava pra todo mundo, fazia balanços, inevitável, só sei que dessa vez estou quieta.
Quem me lembrou da data foi o Facebook. Isso mesmo, facebook é também uma ótima agenda!
Ok, estou bem, ainda uso manequim 38, vou a shows de blues, entorno ( menos) umas biritas e ainda sonho com o Tahiti, Buenos Aires, Paris ou Fernando de Noronha.
Mas quero sossego, muito sossego, ler ou escrever sem ser interrompida, não ter compromissos pela manhã, nenhum mesmo, nem atender ao telefone, só ler meu jornal e resolver palavras cruzadas, tomar café com bolo nos finais de tarde, sem agitação nem conversas demais, brincar na farmville, olhar o céu, rir com as coisas das netas.
Saiu o hard rock entrou o blues, saiu o sambão e entrou a bossa nova. Quero muito Tom, Jobim e Waits, muita Alberta Hunter e John Lee Hooker e menos Stones,Ten Years After ou Madonna.
Ando assim, não é de hoje, mas fica claro que tudo aponta para mais serenidade e maior profundidade.
Pensei muito, anos atrás, em fazer uma mega festa quando chegasse aos 55 anos. Data bacana, eu, 55 e meu time, o Corinthians, 100 anos, no mesmo dia! Um " bal" preto/branco!
Quer saber? Quero não.
Quero poucos e escolhidos amigos, aqueles que me suportam e amam apesar de mim mesma. Poucos. Raros. Num brinde silencioso, numa troca de olhares, de cumplicidade.
Sem grandes palavras nem frases de ocasião, apenas isso, sendo, estando juntos, para mais um ano ou anos, pouco importa. Intensos, ricos mas, principalmente, serenos.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Dia de Mau Humor





Não estou querendo reclamar, nem passo por uma forte crise de fé, mas a verdade é que ando preocupada.
Dia desses li, postado no facebook, a reclamação de uma amiga sobre " o quanto é chato ser pobre"...Dizia ela que ficava acabada de ir e voltar ao supermercado, a pé, carregada de sacolas, os braços moídos de dor. O único carro da família era o do marido, antes de sofrer um acidente, e agora estavam à mercê da boa vontade do seguro para o devido reparo.
Disse a ela, querendo animar, que era uma fase, que isso iria passar. Ela, de pronto, me respondeu que estava fazia 28 anos que esperava isso acontecer!! Tóimmm!!! Dizer o que?
Sei que, a partir disso, coincidência ou não, ando me sentindo meio como ela.
Durmo e acordo, quando durmo logicamente, resolvendo pepinos, driblando crises, ajeitando coisas de uns e outros, ajudando mesmo sem tempo e nada muda!
Nem me lembro quanto tempo faz que não tenho um dia de absoluta tranquilidade, que consiga ler mais que 2 páginas de um livro, um caderno inteiro do meu jornal ou mesmo possa ficar parada, pensado, escrevendo.
Comentei isso com minha grande amiga Nancy, que estava começando a achar que esse negócio de karma era meio que decidido por algum tipo de sorteio! Não tenho achado, sinceramente, essa partilha muito justa.
Corro feito doida, tento solucionar um monte de dificuldades, a maioria não foi sequer criada por obra e graça minha e vejo um bando de folgados, de gente sem escrúpulo, sem moral, sem nenhum senso de decência, se dando bem pela vida, e pior, são essas mesmas pessoas que tornam a minha vida uma montanha-russa!
Será que tem alguma coisa errada em minhas atitudes, em minha escala de valores e prioridades? Será que, ingenuamente, faço e acredito naquilo que não se deve mais acreditar?
Não sei dizer.
Ok, não está escrito em lugar algum que a vida é justa, sei disso, não sou tola a esse ponto, mas será que é tão injusta assim?
A verdade é que estou preocupada. Não há meditação, pensamento positivo, fé e coragem que aguente.
Sinto, e não é legal, que aos poucos vou perdendo muito de mim, me distancio dos projetos, meus, pessoais, que passo a enxergar os dias apenas como sucessões de chatices e fatos que não me interessam. Isso cansa, isso vai demolindo toda uma estrutura mental e emocional.
E acabo com medo de concluir que além de injusta, a vida pode ser bem, mas beemmmmm mesmo, irritante!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Queria...





O que peço hoje é uma boa semana.
Sem dor, medo ou notícia ruim, pode ser?
Apenas uma sequência normal, sem acidentes, de segunda, depois terça, quarta e assim por diante até desembocar num lindo sábado, cheio de sol e preguiça...
Quero que os dias amanheçam e anoiteçam com calma, com tempo para párar e pensar, de perceber o fim e o começo da luz e das trevas.
Sei que atormento muito o meu Deus. Rezo, peço, me comprometo, faço promessas, cumpro as que consigo, nem sempre consigo todas. Mas abro meu coração. Ele sabe.
Queria mesmo uma boa semana. Ver os amigos, rir um pouco, acertar aquela receita que tento faz tempo, escrever um bom texto e poder dormir sem sobressaltos.
Ouvir mais os Beatles, reler as Brumas de Avalon, tomar café com bolo todo final de tarde e ver filmes antigos.
Queria tempo para me achar mais bonita, para me enfeitar, cortar minha franja, me saber ainda capaz de ser olhada.
Hoje é segunda, dia de comprometimentos, de traçar planos, estratégias, de esperar ou buscar saídas, mas o que queria mesmo é uma semana tranquila.